Seja devido à correria do dia a dia ou para tentar driblar o calor em noites com altas temperaturas, você muito provavelmente já deve ter dormido com o cabelo molhado.
Umidade prolongada altera a estrutura do cabelo e cria um ambiente favorável para o crescimento de micro-organismos no couro cabeludo, explica dermatologista Foto: Antonioguillem/Adobe Stock
De vez em quando acontece — quem nunca? No entanto, dermatologistas alertam que a repetição desse comportamento pode acarretar prejuízos tanto para o couro cabeludo quanto para os fios.
“A umidade prolongada altera a estrutura do cabelo, enfraquecendo a haste capilar, além de criar um ambiente favorável para o crescimento de micro-organismos no couro cabeludo, especialmente fungos”, explica a dermartologista Natalia Cymrot, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo.
Fungos
Quando se trata da saúde do couro cabeludo, o x da questão é o tempo que o cabelo vai levar para secar. Em contato com o travesseiro, ele fica “abafado” e o processo demora mais, fomentando a proliferação fúngica, de acordo com a dermatologista Violeta Tortelly, coordenadora do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Isso pode agravar ou provocar o surgimento de dermatite seborreica, conhecida popularmente como caspa.
Natalia aponta que também podem aparecer pequenos nódulos duros ao longo dos fios. “São ‘massas de fungo’”, explica. Eles podem ter coloração branca (”piedra branca”) ou preta (”piedra preta”).
O tratamento varia conforme a gravidade, e deve sempre ser acompanhado por um dermatologista, podendo envolver remoção dos fios afetados e uso de antifúngicos.
Estética
Também há prejuízos estéticos. Dormir com o cabelo molhado pode manter a cutícula dos fios aberta por mais tempo, facilitando a perda de queratina (uma proteína estrutural essencial para a composição dos fios), segundo Natalia.
“Isso deixa os cabelos com mais frizz e menos brilho e elasticidade.”
Quando molhados, os fios também ficam mais frágeis. “As ligações químicas que mantêm a estrutura do fio, como as pontes de hidrogênio e as interações entre aminoácidos da fibra capilar, ficam temporariamente enfraquecidas”, fala Natalia.
Esses fatores, somados à fricção do cabelo com o travesseiro durante o sono, aumentam o risco de quebras dos fios, alerta Violeta.
Secar o cabelo ou dormir com ele molhado?
Por essas razões, as dermatologistas recomendam lavar o cabelo de manhã cedo em vez de fazer isso logo antes de dormir. Caso não seja possível, o ideal é utilizar um secador, como demonstrou uma pesquisa publicada na revista científica Annals of Dermatology.
“Eles pegaram uma trança de cabelo e testaram diferentes formas de secagem, comparando temperaturas mais altas e mais baixas do secador, além de deixar a trança secar naturalmente, sem nenhum procedimento”, conta.
“O que observaram foi que temperaturas muito quentes e o uso do secador muito próximo ao couro cabeludo são mais prejudiciais. Mas manter uma distância mínima de 15 centímetros e usar uma temperatura mais baixa é melhor do que deixar o cabelo secar completamente ao natural.”
Para saber se o seu cabelo está bem seco antes de ir para a cama, especialmente se ele for mais “cheio”, a orientação é passar a mão por entre os fios, “por dentro” do cabelo.
Outra opção, caso não seja possível usar o secador, é enrolar o cabelo numa toalha por um tempo antes de deitar-se, o que pode acelerar o processo de secagem. Além disso, diz Natalia, o uso de um produto do tipo leave-in (sem enxágue) pode ajudar a proteger os fios úmidos.