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A autenticidade pode proteger a saúde mental; confira como ser mais autêntico

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A autenticidade pode proteger a saúde mental; confira como ser mais autêntico

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A autenticidade não é só uma palavra da moda. Pesquisadores descobriram que as pessoas autênticas têm mais saúde psicológica e uma maior sensação de significado na vida.

“Existe uma ligação muito forte entre se sentir autêntico e sentir que a vida tem sentido”, resume Rebecca Schlegel, professora de ciências psicológicas e cerebrais da Texas A&M University. “A pessoa tem essencialmente uma boa história sobre por que faz as coisas que faz”.

A autenticidade é um assunto muito estudado, diz Rebecca, mas psicólogos, filósofos e outros estudiosos ainda não conseguiram definir esse conceito tão fugidio.

Muitas pessoas acreditam que autenticidade significa “ser você mesmo”. Outras acham que autenticidade é sinônimo de honestidade, veracidade ou bondade, descreve Rebecca. Mas, depois de estudar muito o tema, ela define a essência da autenticidade como autodeterminação.

Ser autêntico protege a saúde mental. Foto: Eugenio Marongiu/Adobe Stock

“A chave para se sentir autêntico é, em última análise, ser dono da própria vida. ‘Sinto que estou fazendo isso porque quero? Estou fazendo porque tenho um motivo, e esse motivo é coerente com os meus valores?’”, exemplifica.

A autenticidade não é um traço estático, mas sim um processo contínuo com coisas bem importantes em jogo, acrescenta Jeffrey Hanson, professor associado de filosofia do New College of Florida.

“A autenticidade é esse processo de decidir genuinamente o que pensar, o que valorizar e quem ser”, escreveu ele em um artigo de 2022 publicado na Frontiers in Psychology. “É uma questão de se tornar alguém em vez de ser alguém”, diz.

A autenticidade pode proteger a saúde psicológica

Nessa busca, as pessoas se identificam com um “eu ideal” de sua escolha e se tornam mais autênticas à medida que se empenham para alcançar essa visão, comenta ele – seja para se tornar uma boa mãe, um bom músico ou um bom médico. Elas se importam o suficiente para enfrentar o julgamento dos outros, informa Hanson.

Um “eu ideal” deve ser alcançável em termos realistas, observa o pesquisador. E sua natureza não deve ser nefasta. Não vale ser um ladrão ou um agiota autêntico.

Por meio de vários estudos, “concluímos repetidas vezes que as pessoas acham que o comportamento moral as faz se sentir mais autênticas e parecer mais autênticas para os outros”, nota Rebecca. “Todos nós compartilhamos a intuição de que o eu mais verdadeiro para todos é um bom eu”.

A inautenticidade também tem suas marcas registradas, informa Rebecca: “Você nem sabe ao certo por que está fazendo o que faz. Ou faz puramente para agradar outra pessoa e não assume o que está fazendo”. De acordo com sua pesquisa, a inautenticidade pode prejudicar a saúde psicológica. Ela está associada a níveis mais altos de ansiedade, estresse ou depressão. E indica dificuldades para encontrar um sentido na vida.

Em contrapartida, a autenticidade protege a saúde psicológica, escreveu Rebecca em sua pesquisa. A autenticidade foi associada positivamente a autocontrole, melhor tomada de decisões, enfrentamento focado em problemas e satisfação com os relacionamentos. Ela fortalece os laços entre as pessoas, ao passo que “a inautenticidade está ligada à depreciação dos outros por meio do humor e do comportamento agressivo”.

A autenticidade não apenas ocasiona maior bem-estar, mas também traz uma sensação de significado na vida, reforça Rebecca.

O sentido da vida consiste em três qualidades, lista Hanson: “Propósito (ter objetivos pelos quais lutar); significância (sentir que somos importantes); e coerência (sentir que o mundo e as experiências fazem sentido)”.

E não basta querer que o “eu ideal” se torne realidade, avisa. “O significado da vida é o ato mesmo de me esforçar para pegar o eu que sou agora e transformá-lo no eu que eu gostaria de ser idealmente. Preciso alcançar o significado da vida por meio do processo de luta para realizar esse ideal”, informa ele.

Como buscar seu “eu ideal”

  • Fique de olho nos momentos que parecem naturais

A “introspecção sobre quem eu sou” geralmente não é proveitosa, diz Rebecca. Muitas vezes é difícil entender a si mesmo com clareza.

Em vez disso, preste atenção aos momentos “que parecem mais naturais”, sugere ela. “‘Isso é algo que valorizo e que dá uma sensação natural para mim?’. Sabemos que as pessoas se sentem mais autênticas quando as situações fluem, quando parecem se encaixar naturalmente”.

Tente encontrar esses momentos nos relacionamentos, no emprego, nos hobbies e em outros domínios de sua vida, orienta ela.

  • Faça escolhas que combinem com você e com seus valores

Na busca de seu “eu ideal”, encontre atividades que você se “disponha a assumir como suas. Faça com que elas sejam suas de um jeito que só você pode fazer”, aconselha Hanson.

Mesmo que uma busca seja uma boa meta objetivamente, isso não significa que ela seja autêntica para determinado indivíduo. Por exemplo, Hanson diz que se interessa por filosofia desde a adolescência e, portanto, “assumiu” a ideia de ser professor de filosofia. Por outro lado, tornar-se professor de química não seria autêntico nem tão significativo para ele, mesmo que seja “objetivamente muito bom”.

Às vezes, todos nós precisamos fazer coisas que não nos parecem autênticas – que fazemos só por “conveniência ou utilidade”, avalia Hanson, como fazer cursos ou trabalhar em empregos de que não gostamos.

No entanto, as grandes decisões de vida devem “fazer sentido para você, ou seja, você precisa ter um bom motivo para fazer essas coisas”, observa Rebecca.

Os valores são fundamentais para a autenticidade. “Acho que o verdadeiro eu é um pouco mais amorfo do que qualquer habilidade, qualquer inclinação. Em última análise, é uma questão de valores e de você encontrar um caminho que seja congruente com esses valores”, ela esclarece.

  • Espere dificuldades e vá abrindo seu caminho

As adversidades são inevitáveis, pondera Hanson. Todos nós passamos por rompimentos amorosos, temos dificuldade para conseguir o emprego que queríamos ou não alcançamos uma meta desejada.

Será que devemos nos “desesperar e fugir da realidade?”, questiona ele. “Ou será que devemos ter o objetivo de nos tornarmos pessoas capazes de manter uma meta ideal e, ao mesmo tempo, de fazer isso diante das oposições, dos reveses, das tragédias, dos sofrimentos e das perdas?”

Tente se manter flexível na jornada rumo ao seu eu ideal, orienta Hanson. Ele se lembrou de um aluno cuja meta absoluta – seu “eu ideal” – era entrar numa certa universidade. Quando foi rejeitado, ele disse a Hanson que “foi o pior dia da minha vida”. Ele foi para uma outra faculdade com o plano de se transferir no segundo ano. Mas, depois de um semestre, ele percebeu que não precisava daquela universidade que era sua primeira escolha para se sentir realizado. Ele decidiu ficar e disse a Hanson: “Este é o lugar certo para mim”.

“Temos de manter uma atitude de abertura para nos deixarmos surpreender por uma possibilidade que não imaginávamos”, comenta Hanson, “pela possibilidade de que algo que não sabíamos que queríamos realmente era o ideal para nós”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Fonte: Externa

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