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Estudo identifica o tipo de treino mais vantajoso para mulheres mais velhas

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Estudo identifica o tipo de treino mais vantajoso para mulheres mais velhas

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Estudo feito com 92 mulheres idosas e em situação de vulnerabilidade socioeconômica comparou a eficácia de diferentes programas de exercício comunitário de baixo custo na melhora e/ou manutenção de diversos parâmetros cardiovasculares e funcionais, como circunferência abdominal, pressão arterial e, sobretudo, rigidez arterial – um fator de risco para a aterosclerose.

Os resultados, divulgados no European Journal of Preventive Cardiology, indicam que a combinação de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT, na sigla em inglês) com fortalecimento muscular foi a opção com mais benefícios à saúde.

Estudo brasileiro identifica que a combinação de HIIT (treino intervalado de alta intensidade) e fortalecimento muscular foi o tipo de treino de baixo custo mais benéfico para mulheres idosas. Foto: JackF/Adobe Stock

Composto por sequências rápidas de exercícios muito intensos intercaladas com períodos curtos de descanso, o HIIT proporciona estímulos que trabalham o corpo inteiro, executados no mínimo de tempo possível. Esse tipo de treino vem sendo utilizado há décadas por atletas de alto rendimento e virou febre nos últimos anos, sobretudo, pelo fato de oferecer sessões mais curtas e sem a necessidade de equipamentos.

Os outros protocolos testados na pesquisa foram fortalecimento muscular praticado de forma isolada ou associado a treinamento aeróbio moderado. O trabalho foi conduzido com apoio da FAPESP na Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (FC-Unesp), campus de Bauru.

Os diferentes programas foram praticados pelas voluntárias duas vezes na semana, ao longo de nove meses, em centros comunitários de Convivência do Idoso. Os parâmetros de saúde das participantes foram avaliados antes da primeira sessão de exercícios, logo após o término da intervenção e três meses após sua interrupção.

Na comparação, os dois programas de exercício combinados (fortalecimento com HIIT e fortalecimento com aeróbico moderado) foram igualmente efetivos na redução da circunferência abdominal (diminuição de 3,3 centímetros, em média) e esse benefício se manteve após a interrupção dos treinos.

No entanto, somente o treinamento combinado envolvendo HIIT foi efetivo na diminuição da pressão arterial sistólica (7.9 milímetros de mercúrio – mmHg) e da rigidez arterial (0,69 metro por segundo – m/s). A avaliação mostrou ainda que, nesse grupo, apenas a rigidez arterial se manteve mais baixa três meses após o fim do treinamento.

Todos os programas de exercício foram efetivos para melhorar o desempenho funcional, mas somente o grupo que praticou HIIT combinado a fortalecimento muscular manteve, ao menos parcialmente, melhoras funcionais (força de preensão manual, flexibilidade, força nos membros inferiores e mobilidade) após o fim do treinamento.

“A ausência de melhora nos parâmetros cardiovasculares nos grupos que realizaram apenas o treinamento de força ou o treinamento de força associado ao aeróbio de moderada intensidade sugere que o HIIT foi o responsável pela melhora da pressão arterial e da rigidez arterial. Essa superioridade do HIIT pode ser, ao menos em parte, atribuída à necessidade constante de ajuste dos vasos sanguíneos durante o exercício intervalado”, avalia Emmanuel Ciolac, professor da FC-Unesp e coautor do artigo.

Durante a execução de exercícios de alta intensidade, a frequência cardíaca e o volume sistólico (quantidade de sangue que sai do coração a cada batimento) aumentam, explica o pesquisador. Geralmente, esse aumento é proporcional à intensidade do exercício e, por consequência, artérias e vasos menores precisam se ajustar (vasodilatação) para receber o maior fluxo sanguíneo. Da mesma forma, no período menos intenso do treinamento intervalado, também chamado de recuperação, ocorre a redução da vasodilatação para se ajustar ao menor volume de sangue que sai do coração.

“Nossa hipótese é que o principal mecanismo por trás da melhora da rigidez arterial esteja associado com a constante necessidade de ajuste dos vasos, produzindo mais ou menos substâncias vasodilatadoras, durante os períodos de alta intensidade e recuperação do exercício intervalado”, diz o pesquisador à Agência FAPESP.

Políticas públicas

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É importante destacar que mulheres idosas e de baixa renda formam um dos grupos mais vulneráveis para doenças cardiovasculares. Portanto, os autores acreditam que os resultados do estudo, indicando benefícios de um programa de exercícios de baixo custo, podem ter reflexos importantes no bem-estar dessa população e na formulação de políticas públicas para a prevenção e redução de doenças cardiovasculares.

“Esperávamos que o treinamento combinado de HIIT e fortalecimento muscular trouxesse mais benefícios cardiovasculares, pois estamos realizando, nos últimos dez anos, estudos parecidos com outras populações de risco [obesos e diabéticos, por exemplo] e essa combinação mostrou-se sempre muito benéfica para parâmetros cardiovasculares e metabólicos. Mas o que mais nos surpreendeu foi a manutenção da melhora da rigidez arterial mesmo após três meses de interrupção dos treinamentos. Pode-se dizer que o treinamento reduziu o envelhecimento vascular dessas mulheres”, destaca o pesquisador.

Como explica Ciolac, a rigidez arterial tende a potencializar o risco para doenças cardiovasculares. “Uma redução de 7 mmHg da pressão sistólica é algo bem substancial, pois diminui bastante o risco de essas mulheres virem a apresentar um evento cardíaco ou acidente vascular cerebral. A rigidez arterial é considerada o principal marcador de envelhecimento vascular e é uma variável importantíssima para a própria elevação da pressão sistólica”, explica.

O pesquisador ressalta que estudos anteriores de seu grupo mostraram que o HIIT não apresenta riscos para hipertensos, indivíduos obesos, diabéticos ou populações clínicas em geral. “O indicado apenas é fazer uma avaliação prévia para confirmar que o indivíduo não tem contraindicação para a sua prática, como um elevado risco de enfarte, por exemplo. Mas, no geral, se trata de uma modalidade muito segura”, afirma Ciolac.

Fonte: Externa

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