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Por que é tão difícil retomar a rotina alimentar depois de um feriado?

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A nutricionista Desire Coelho explica o que pode acontecer no organismo em poucos dias de excessos à mesa

Sabe aquela máxima de que não importa o que você faz entre o Natal e Ano Novo, mas sim entre o Ano Novo e o Natal? Pois é, a ciência vem mostrando que não é bem assim. Abandonar os hábitos saudáveis por períodos curtos já parece trazer algumas consequências. A principal delas é que fica mais complicado voltar aos eixos depois. São diversos os fatores que dificultam a retomada de uma rotina equilibrada, mas dois deles merecem destaque: a alteração da rotina de sono e os excessos alimentares.

Com relação aos abusos à mesa, sempre acreditamos que a dificuldade ocorria principalmente porque comer coisas diferentes é muito prazeroso, e voltar para uma alimentação mais simples perde um pouco a graça. Mas não é só isso.

Poucos dias de exagero alimentar já são capazes de comprometer a saúde Foto: Seventyfour/Adobe Stock

Um estudo recente com adultos saudáveis teve uma abordagem bem interessante. Os pesquisadores pediram para os participantes comerem 1500 calorias a mais por dia, por cinco dias seguidos, de alimentos ultraprocessados e hiperpalatáveis – ou seja, uma alimentação bem indulgente, com o objetivo de simular os excessos que cometemos em algumas épocas do ano. Foram avaliados diversos parâmetros metabólicos e neurais antes e depois desses dias de “gulodice”.

Um achado interessante foi que não houve alteração de peso ou da composição corporal dos voluntários nesse período. Isso significa que, mesmo com esse excesso calórico, eles não engordaram. Isso ocorre porque o ganho ou a perda de gordura corporal são processos crônicos e dependem de diversos fatores, como estado fisiológico e genética.

Contudo, um dado muito importante chamou a atenção dos cientistas: eles verificaram um aumento significativo na quantidade de gordura no fígado das pessoas. O aumento foi, em média, de 50%. É muita coisa! Isso significa que a saúde dos participantes não saiu ilesa após esses cinco dias de excessos.

Outro dado relevante foi a diferença observada na ativação em regiões do cérebro relacionadas à capacidade de decisão, como o hipocampo, além de alterações na sensibilidade à recompensa. Essas modificações foram observadas logo após os cinco dias de comilança e se mantiveram mesmo uma semana depois de a alimentação normal ter sido retomada.

Também foi observada uma diminuição da integridade da massa branca cerebral nos participantes que consumiram o excesso calórico por cinco dias. Essas transformações, segundo os autores, influenciariam de forma negativa a capacidade que o indivíduo tem de responder a estímulos visuais de alimentos. Na prática, a habilidade em responder de um determinado modo, ou fazer uma escolha mais acertada, ficaria prejudicada depois de alguns dias de excessos.

Os autores ressalvam uma limitação nesse experimento: não ser possível apontar com certeza o que ocasionou essa alteração – o exagero calórico total e/ou a qualidade da alimentação, que era rica em gorduras saturadas e açúcar.

Comer de tudo, mas não tudo

Outro estudo com universitários australianos tinha como protocolo comparar o consumo de pizza em duas situações: em uma, eles foram orientados a comer até se sentirem confortavelmente satisfeitos e na outra, a consumirem o máximo que aguentassem. Você consegue adivinhar o que aconteceu? Bem, os participantes conseguiram comer o dobro de pizza. Portanto, conclui-se que quando alguém come até ter a sensação de que exagerou e não cabe mais nada, provavelmente comeu o dobro (ou quase) do que seria necessário.

Isso mostra como nosso senso de saciação – momento que sinaliza que podemos parar de comer – é facilmente desrespeitado dependendo dos alimentos e de contextos de exagero, como os que ocorrem em feriados e comemorações.

O que fazer para retomar a rotina alimentar?

Depois de dias fora da rotina, o retorno pode ser desafiador, mas não impossível. Algumas estratégias capazes de ajudar:

  • Não deixe a viagem voltar com você

Deixe sua geladeira e seu freezer com opções para quando você chegar em casa. É um erro esperar voltar de viagem para ir ao mercado e recomeçar tudo. Você corre o risco de ficar ainda mais dias com a alimentação desorganizada.

Privação de sono aumenta a fome física e a vontade de comer alimentos hiperpalatáveis. Além disso, diminui a saciedade. Ou seja, um combo muito perigoso para a saúde. Após dias de pouco sono, organize-se para recuperar seu amado corpo.

Aproveite o feriado para se movimentar. Não precisa ser nada estruturado, apenas movimente-se e sinta como seu corpo agradece. Depois de uma refeição mais exagerada, então, melhor ainda: uma pequena caminhada ajuda na digestão e na saúde!

Não volte com culpa ou radicalismo. Seu corpo precisa de equilíbrio, não de punição.

Acabamos de voltar de um feriado e em breve teremos outro (eba!). Se você perceber que tem dificuldade em retomar a rotina, um nutricionista ou psicólogo pode ajudá-lo a identificar padrões e trabalhar estratégias personalizadas.

Fonte: Externa

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