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Mau cheiro corporal: por que algumas pessoas têm mais que as outras? Como amenizar?

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Mau cheiro corporal: por que algumas pessoas têm mais que as outras? Como amenizar?

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Tomar banho regularmente, usar desodorante e trocar de roupa com frequência são hábitos importantes para manter a higiene pessoal. Mas e quando, mesmo com esses cuidados, o cheiro desagradável insiste em aparecer — às vezes, minutos depois do banho? Esse pode ser um sinal de que há algo além da simples transpiração.

Diferentemente do que muitos pensam, o suor, por si só, não tem cheiro. O odor característico surge quando bactérias e fungos presentes na pele se alimentam de substâncias liberadas pelo suor, especialmente gorduras e proteínas secretadas pelas glândulas sudoríparas apócrinas. “Esse processo gera compostos responsáveis pelo odor forte — um fenômeno conhecido como bromidrose”, explica o endocrinologista Ricardo Barroso, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (SBEM-SP).

Bromidrose pode ocorrer mesmo em quem não tem excesso de transpiração que deixa marcas na roupa  Foto: Megaflopp/Adobe Stock

Esse tipo de problema geralmente aparece nas axilas — o famigerado “cecê” —, nos pés, na região perineal (entre o ânus e a vagina ou entre o ânus e a bolsa escrotal) e, em casos mais raros, nos mamilos.

Embora não afete todas as pessoas da mesma maneira, a bromidrose não é considerada uma doença. Isso porque ela resulta de um processo fisiológico normal do corpo — ou seja, ocorre devido à interação natural entre o suor e os microrganismos que compõem a microbiota da pele. Além disso, não há uma disfunção ou dano estrutural no organismo que leve à bromidrose, o que a diferencia de uma condição patológica.

“Todos nós temos bactérias no corpo. Não é patológico”, destaca Barroso. “O que acontece é que, em algumas pessoas, o odor só aparece diante de certos gatilhos, como o uso prolongado da mesma roupa — e, em alguns casos, nem assim ele se manifesta. Já em outras, pode surgir com mais facilidade, bastando apenas o suor”, detalha.

Segundo a dermatologista Elisangela Pegas, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), pessoas com odor corporal mais intenso geralmente apresentam características específicas nas glândulas sudoríparas, que podem ser maiores e mais numerosas.

“A composição da microbiota da pele também varia de pessoa para pessoa, tanto em tipo quanto em quantidade de bactérias. Além disso, há uma influência genética, o que é evidenciado por casos de bromidrose recorrentes em várias pessoas da mesma família”, destaca Elisangela.

Hábitos e condições de saúde que favorecem a bromidrose

Embora fatores individuais tenham um papel importante, alguns hábitos e condições de saúde podem aumentar a predisposição ao mau odor corporal, especialmente em quem já tem uma tendência ao problema.

A hiperidrose, condição caracterizada pela produção excessiva de suor, é um exemplo clássico. Mas não é a única causa: o consumo de álcool, alimentos como cebola, alho e pimenta, e certos medicamentos que estimulam a sudorese também podem contribuir. Além disso, pessoas com diabetes podem estar mais suscetíveis, pois alterações no metabolismo podem influenciar o odor corporal.

Os hormônios também exercem grande influência. Quando crianças menores de 8 anos apresentam “cecê”, pode ser um sinal de puberdade precoce. Isso vale mesmo para aqueles cheirinhos percebidos após atividades físicas ou brincadeiras.

“As glândulas responsáveis pela produção de um tipo de suor com mais gordura e proteínas — que servem de alimento para bactérias e fungos — começam a se ativar sob influência dos hormônios sexuais, tanto masculinos quanto femininos. Por isso, a maioria dos casos de bromidrose surge na puberdade”, explica Barroso.

Ele também ressalta que mudanças hormonais como menopausa (com os famosos fogachos), hipertireoidismo, obesidade e sobrepeso podem ser fatores desencadeantes da bromidrose, já que colaboram com uma maior produção de suor.

Como diferenciar bromidrose de outras causas de mau cheiro corporal?

  • Doenças hepáticas e renais

Problemas no fígado ou nos rins podem levar ao acúmulo de substâncias que normalmente seriam eliminadas pelo organismo. No caso das doenças hepáticas graves, o hálito pode adquirir um odor adocicado e forte (conhecido como fetor hepático). Já nas doenças renais avançadas, o hálito pode ter cheiro de amônia ou urina devido ao acúmulo de ureia no sangue (hálito urêmico).

Além do hálito, algumas dessas substâncias podem ser eliminadas pelo suor, causando um odor atípico na pele, embora isso seja menos comum.

  • Infecções fúngicas e bacterianas

Infecções de pele, especialmente em áreas quentes e úmidas como axilas, virilha e entre os dedos dos pés, podem causar mau cheiro. Fungos (como os que causam micose) e bactérias (como as que provocam foliculite) podem se multiplicar na superfície da pele e gerar odores desagradáveis.

A diferença para a bromidrose é que o odor causado por infecções geralmente está associado à presença de feridas, secreção, vermelhidão ou descamação da pele. Já na bromidrose, o cheiro resulta da interação do suor com a microbiota natural da pele.

  • Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Algumas ISTs, como tricomoníase e gonorreia, podem provocar odores fortes, especialmente na região genital. O cheiro costuma vir acompanhado de sintomas como secreção anormal, dor ao urinar e coceira ou irritação local.

Embora infecções como sífilis e herpes genital não sejam diretamente associadas a odores, lesões podem predispor à proliferação de bactérias, alterando o odor natural da pele ou das secreções.

  • Distúrbios metabólicos e genéticos

Algumas condições raras podem causar mau cheiro persistente e característico, independentemente da higiene pessoal:

Trimetilaminúria (síndrome do odor de peixe) – O corpo não consegue metabolizar a trimetilamina, um composto produzido a partir da digestão de alimentos ricos em colina e carnitina, como peixes e frutos do mar. Como resultado, a substância se acumula no organismo e é eliminada pelo suor, saliva, urina e fluidos corporais, causando um odor forte e característico de peixe.

Fenilcetonúria – Distúrbio genético que, se não tratado, pode causar um cheiro característico semelhante ao mofo.

O que fazer para reduzir o mau cheiro?

  • Tomar banho todos os dias, utilizando sabonete nas áreas de maior sudorese e enxaguando bem, além de secar bem com toalha limpa;
  • Aplicar desodorantes e antitranspirantes;
  • Trocar de roupas diariamente, lavá-las e secá-las adequadamente (jamais vestir roupas úmidas);
  • Não usar o mesmo sapato por dias consecutivos;
  • Limpar os sapatos por dentro e deixá-los em ambiente ventilado;
  • Evitar o excesso de alimentos que intensificam odores, como alho, pimenta e cebola;
  • Optar sempre por tecidos de algodão e linho e evitar ao máximo os sintéticos.

Segundo Elisangela, se mesmo seguindo essas recomendações o mau odor persistir, é importante uma avaliação para identificar as causas da bromidrose e, muitas vezes, da produção excessiva de suor.

Após o diagnóstico, o tratamento pode incluir a aplicação de toxina botulínica (botox) em áreas de transpiração intensa, como axilas e pés, e/ou o uso de antibióticos para reduzir a proliferação de bactérias. Em casos de sudorese excessiva generalizada, podem ser prescritos medicamentos de ação sistêmica.

Para situações mais graves, uma alternativa é a simpatectomia, cirurgia realizada por um cirurgião torácico. O procedimento consiste em pequenas incisões no tórax para cortar o nervo responsável pelo estímulo da sudorese, reduzindo a produção de suor nessas regiões.

Quando a bromidrose é desencadeada por condições de saúde, como diabetes, ou por questões hormonais, como menopausa ou hipertireoidismo, é essencial tratar a causa subjacente.

“Se você antes não tinha e passou a ter, é importante verificar se há alguma alteração hormonal. O ideal é tratar tanto a condição hormonal quanto a dermatológica, de forma paralela”, orienta Barroso.

Fonte: Externa

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