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Estresse e insatisfação no trabalho podem aumentar em 97% o risco de arritmia cardíaca

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Estresse e insatisfação no trabalho podem aumentar em 97% o risco de arritmia cardíaca

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Muitas vezes, a rotina de trabalho se torna um poço de estresse e a frustração. E um novo estudo da American Heart Association demonstrou um dos efeitos que isso tem na prática: um risco até 97% maior de desenvolver fibrilação atrial. Trata-se de um tipo de arritmia cardíaca que pode levar à formação de coágulos sanguíneos, aumentando o perigo de um acidente vascular cerebral (AVC).

Quando o trabalho é estressante e pouco recompensador, sobe o risco de fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca, indica estudo. Foto: kieferpix/Adobe Stock

Para o estudo, pesquisadores acompanharam registros de saúde de seis mil adultos durante 18 anos. No início da pesquisa, os participantes tinham, em média, 45 anos, e trabalhavam em cargos administrativos, chamados em inglês de white collar, e não apresentavam doenças cardiovasculares. Os indicadores utilizados para medir sentimentos de estresse e frustração foram o excesso de carga de trabalho e a falta de uma recompensa adequada para seu esforço (em termos de salário ou reconhecimento).

Separadamente, a alta carga de trabalho sozinha foi associada a um risco 83% maior de desenvolver fibrilação atrial. Já o desequilíbrio entre esforço e recompensa aumentou essa probabilidade em 44%. Além disso, os registros apontam que, antes de encarar a fibrilação atrial, um terço dos participantes apresentou também doenças coronárias.

Os resultados foram publicados na revista científica Journal of the American Heart Association na última quarta-feira, 14.

Segundo Ricardo Pavanello, cardiologista do Hcor, em São Paulo, esse tipo de arritmia cardíaca é comum, mas aparece conforme a população vai envelhecendo. Os mais afetados são aqueles com mais de 70 anos, mesmo se não possuem nenhum problema cardíaco. ”A população estudada tinha entre 45 e 63 anos, então é bem mais precoce o aparecimento da fibrilação atrial. É, pelo menos, três vezes maior percentualmente (o risco do problema) do que se observa nessa faixa etária”, afirma.

O cardiologista ressalta que os participantes do estudo apresentaram esses resultados mesmo seguindo comportamentos considerados saudáveis, como a prática de atividades físicas. Nenhum deles era alcoólatra ou sedentário, hábitos que reforçam os riscos de doenças cardiovasculares, de forma que a única interferência na saúde do coração observada foi o estresse no trabalho.

Trabalho e saúde

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado os danos que o estresse constante pode causar para a saúde do coração – e para o organismo, de maneira geral. De acordo com as evidências, quando prolongado, ele pode aumentar o risco de asma, úlceras, derrame, ataque cardíaco e até envelhecimento do sistema imunológico.

Para Pavanello, está evidente que cuidar da saúde cardiovascular hoje não se resume a controlar o colesterol e a pressão arterial. “Isso tudo é importante também, mas é fundamental estar em sintonia com os seus pares no trabalho e familiares, viver em um mundo onde a poluição não impacte tanto a qualidade do ar que você respira, ter menos violência (onde se vive), ou seja, os fatores psicossociais entram como uma preocupação relevante na saúde cardiovascular”, destaca.

O cardiologista afirma que já observa um movimento das empresas em relação a isso. Ele aponta, por exemplo, a preocupação em flexibilizar horários, possibilitar o trabalho remoto, promover atividades esportivas e recreativas no escritório, além de estimular ações que agreguem à vida do funcionário.

Os perigos da fibrilação atrial

A falta de contração sincrônica entre átrios e ventrículos é a principal consequência da fibrilação atrial. Isso gera um represamento do sangue principalmente no átrio esquerdo, o que favorece a formação de coágulos. Eles podem se desprender da cavidade do coração e cair na circulação sanguínea, inclusive chegando ao cérebro. Por isso, a condição aumenta o risco de AVC isquêmico, de trombos nos vasos sanguíneos e também de insuficiência cardíaca.

Segundo os autores da nova pesquisa, as evidências servem como reforço da importância de reconhecer os riscos e lidar com esses estressores no trabalho.

Fonte: Externa

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