Especialistas em câncer de próstata afirmam que o diagnóstico do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, é grave. Anunciado no domingo, 18, por seu gabinete, o câncer se espalhou para os ossos e está em estágio 4, o mais letal da doença. Não há cura.
Mas a boa notícia, dizem os especialistas, é que os avanços recentes no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, em grande parte baseados em pesquisas financiadas pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mudaram um cenário que antes era extremamente sombrio para pacientes com a doença em estágio avançado.
Joe Biden, de 82 anos, foi diagnosticado com câncer de próstata em estágio 4, considerado o mais letal Foto: Doug Mills/NYT
“Agora, a vida é medida em anos, não em meses”, afirma Daniel Lin, especialista em câncer de próstata da Universidade de Washington.
No caso daqueles cujo câncer de próstata se espalhou para os ossos, o especialista Judd Moul, da Universidade Duke, afirma que “podem viver cinco, sete, dez anos ou mais” com os tratamentos atuais. Um homem como Biden, na casa dos 80 anos, “poderia, com sorte, morrer por causas naturais e não por causa do câncer de próstata”.
Segundo o gabinete de Biden, o ex-presidente apresentou sintomas urinários, o que o levou a procurar atendimento médico. Mas, segundo Lin, é muito provável que esse tipo de sintoma não tenha sido causado pelo câncer.
O mais provável, de acordo com ele, é que um médico tenha feito um exame, notado um nódulo na próstata de Biden e solicitado um exame de sangue, conhecido como antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês). Esse teste detecta uma proteína liberada por células cancerígenas, podendo ser complementado por uma ressonância magnética.
Quais são as opções?
Atualmente, pacientes como Biden e outros que recebem o diagnóstico de câncer de próstata metastático têm mais sorte do que os pacientes do passado. Existem cerca de 10 novos tratamentos disponíveis para a doença, e eles mudaram drasticamente o panorama.
A primeira linha de ataque é interromper a produção de testosterona, que alimenta o câncer de próstata. Quando Moul começou sua carreira como urologista, nos anos 1980, isso era feito removendo os testículos do paciente. Hoje, os pacientes podem escolher entre duas injeções que bloqueiam a produção de testosterona pelos testículos ou um comprimido com o mesmo efeito.
Mas esses medicamentos, sozinhos, não são suficientes. Por isso, os médicos adicionam três ou quatro bloqueadores de andrógenos, que inibem a testosterona que ainda consegue ser produzida.
Alguns homens, dependendo da dimensão da doença nos ossos (local preferencial da metástase), também recebem quimioterapia ou radioterapia como tratamento adicional.
Avanços no diagnóstico
Até recentemente, os médicos avaliavam a dimensão do câncer nos ossos com exames que buscavam inflamações. Agora, há uma varredura mais precisa chamada tomografia por emissão de pósitrons com antígeno de membrana específico da próstata (PET-PSMA, na sigla em inglês).
O exame utiliza um marcador radioativo que se liga a uma proteína na superfície das células da próstata. Isso permite detectar o câncer muito mais cedo, o que dá aos pacientes com células cancerígenas nos ossos uma perspectiva muito melhor do que aqueles que se submetiam apenas aos exames convencionais há alguns anos.
Por fim, se os medicamentos que bloqueiam a testosterona, a quimioterapia e a radioterapia deixarem de funcionar, há outras drogas disponíveis para controlar o câncer.
Lin destaca que o investimento federal em pesquisas — impulsionado especialmente pela iniciativa “Cancer Moonshot”, liderada por Biden — foi decisivo para os avanços no tratamento da doença. Segundo ele, o ex-presidente dos Estados Unidos “foi um dos primeiros presidentes a colocar o câncer como prioridade nacional”.
Já Moul afirma que vê regularmente homens da idade de Biden com câncer de próstata em estágio 4 — e está mais otimista do que nunca.
“Temos muito mais ferramentas à disposição”, avalia. “As taxas de sobrevivência quase triplicaram na última década. Não consigo nem mensurar o quanto as coisas mudaram.”
Este texto foi originalmente publicado no The New York Times. Ele traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.