BRAIP ads_banner

Dividir a cama com nossos pets é uma boa ideia? Médicos respondem

CasaNotícias

Dividir a cama com nossos pets é uma boa ideia? Médicos respondem

Saiba como evitar lesões ao cuidar e brincar com os netos
Por que cantar faz bem para o seu cérebro, mesmo que você não seja a Beyoncé
Esperar por recompensas realmente faz bem? Talvez não tanto quanto pensamos

Eles são fofos e nos ganham facilmente com estratégias altamente envolventes, como seus “lambeijos” ou fazendo “pãezinhos” em nossa barriga. Para muitos, os animais de estimação são parte da família. Como ocupam espaços cada vez mais íntimos em nossa vida, é natural surgir a dúvida: dividir a cama com eles é seguro para a saúde? Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a resposta é: depende.

Segundo Natanael Adiwardana, médico infectologista do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, a transmissão de doenças de animais domésticos, como cães e gatos, para humanos é rara — mas não impossível.

“Dormir com eles não costuma representar um risco à saúde de quem cuida dos pets”, afirma. Para bebês muito pequenos, pessoas imunocomprometidas e gestantes, a história já é outra, e precauções extra precisam ser tomadas.

De maneira geral, cabe a cada um a decisão de dividir ou não a cama com o bicho de estimação. Para ajudar em uma escolha consciente, listamos abaixo alguns pontos que merecem ser considerados.

1- Segurança

“O sono é um processo de entrega”, afirma Letícia Soster, neurofisiologista clínica e médica do sono do Einstein Hospital Israelita.

Nesse sentido, ela explica, para alguns indivíduos, ter o pet ao lado na cama pode ser benéfico, especialmente para adormecer.

“Pode melhorar a sensação de conforto e de segurança. Algumas pessoas se sentem mais seguras com uma companhia”, diz. De todo modo, ela ressalta que o “ sono independente” é importante para todos nós.

“É uma capacidade de autocontrole emocional. É importante entendermos os motivos (por trás disso): uma coisa é querer, outra coisa é precisar dormir com essa companhia.”

2- Fragmentação do sono

Pensando na qualidade do sono, Letícia alerta que compartilhar a cama com pessoas ou animais pode causar interrupções, e essa fragmentação tende a ser prejudicial no dia seguinte.

Para os especialistas, o impacto pode ser mais relevante em idosos e crianças pequenas, que já enfrentam mais dificuldades nesse aspecto

3- Sufocamento

Sobre crianças, a decisão sobre permitir que durmam com seus animais de estimação é multifacetada e complexa, diz o pediatra Elias El-Mafarjeh, do Hospital Sírio-Libanês. “Não há um consenso médico ou uma recomendação oficial única sobre o tema.”

A exceção são bebês menores de 1 ano: a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) contraindicam o compartilhamento da cama com humanos ou animais, afirma El-Mafarjeh. “O principal motivo é o risco elevado de sufocamento.”

É por isso, inclusive, que o recomendado é que os bebês durmam em um berço apenas com um lençol bem preso ao colchão, sem travesseiro, almofadas ou qualquer outro acessório.

4- Zoonoses

Embora ressalte que a transmissão de doenças de animais domésticos para humanos seja rara — inclusive, esse é um dos principais fatores que permitiu nossa convivência próxima com eles ao longo dos séculos —, Adiwardana informa que o hábito de compartilhar roupas de cama e mantê-los tão próximos pode, em certa medida, favorecer a transmissão de algumas enfermidades.

Segundo o infectologista, alguns exemplos são: infecções gastrointestinais (como giardíase e verminoses), de pele (a exemplo das micoses) ou de gânglios (como a bartonelose).

Considerando isso, ele lembra que existem grupos mais vulneráveis a essas infecções e, por conta disso, deveriam tomar precauções extras. São eles:

  • Crianças menores de 5 anos: pois o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, diz ele.
  • Idosos: no outro extremo de idade, o sistema imunológico passa a ser menos eficaz, explica o infectologista.
  • Pessoas imunocomprometidas: como o sistema imunológico está comprometido, elas têm maior dificuldade em combater infecções. Alguns exemplos são pacientes com câncer (especialmente durante quimioterapia) ou que passaram por transplantes.
  • Mulheres grávidas: algumas infecções, como a toxoplasmose, podem ter consequências graves para o feto, alerta.

Adiwardana aponta que a atenção também deve ser redobrada com os pets que saem mais ao ambiente externo. “Há um risco maior de trazerem para dentro de casa parasitas no corpo, incrustados e escondidos entre sua pelagem.”

5- Alergias

É justamente a pelagem que nos traz para esse próximo ponto: as alergias.

“Os pets possuem pelagem que pode desencadear reações alérgicas importantes em humanos, principalmente respiratórias”, afirma Adiwardana. “Para quem é alérgico, dormir muito próximo ao pet pode exacerbar essas reações alérgicas.”

Em relação a outros quadros respiratórios, como asma e rinite, dormir ou não com o pet é uma discussão um pouco polêmica, diz El-Mafarjeh.

“Embora a presença de um animal possa agravar os sintomas em alguns pacientes, o afastamento só é indicado se houver uma correlação clínica evidente”, diz. Ou seja, a pessoa precisa apresentar uma piora clara ao estar em contato com o pet.

Cuidados

Há uma série de cuidados imprescindíveis ou que podem tornar ainda mais seguro dormir junto com o seu pet.

Após ouvir os especialistas, o Estadão lista os principais:

  • Manter a vacinação em dia, tanto a sua quanto a do animal.
  • Vermifugação do pet: ela ajuda a reduzir a carga de parasitas nos animais.
  • Controle de pulgas e carrapatos sempre em dia.
  • Limpeza do pet: manter o pelo dele limpo para reduzir a presença de fezes, parasitas ou ovos de vermes.
  • Higiene do quarto: mantenha o ambiente sempre limpo, desinfetando superfícies e aspirando com frequência.
  • Cama do pet: você e o seu animal de estimação não necessariamente precisam dividir a mesma superfície. Oferecer uma cama só para ele é uma ótima dica.

“Em caso de dúvidas, é bom conversar com um médico ou veterinário para alinhar as melhores estratégias”, finaliza Adiwardana.

Fonte: Externa

BRAIP ads_banner