O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “às vésperas do Natal” de 2022, mostra depoimento dado pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à corte no ano passado. O sigilo da delação de Cid foi quebrado nesta quarta-feira (19).
“O colaborador esclarece que essa compartimentação das etapas de uma operação faz parte do protocolo das Forças Armadas e nada mais específico foi dito quando pediram, no dia 16 de dezembro, a localização desse Ministro Relator”, diz documento que trata de depoimento do ex-ajudante de ordens ao STF.
Cid contou também que todas as Forças Armadas sabiam da importância da reunião de Bolsonaro com os comandantes, realizada em 7 de dezembro de 2022. “Foi nessa reunião do dia 7 de dezembro que o então presidente Jair Bolsonaro mostrou aos comandantes a denominada ‘minuta do golpe’, não tendo recebido apoio dos comandantes do Exército e da Força Aérea, pois somente o comandante da Marinha aderiu à proposta”, relata Moraes.
Cid contou a Moraes que havia integrantes das Forças Especiais infiltrados nos acampamentos. E que o então assessor do presidente Marcelo Câmara tinha um contato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ajudou o Ministério da Defesa na análise das urnas eletrônicas. Esse contato seria “um juiz”.
Disse ainda que Bolsonaro esteve por várias vezes, ao longo do mês de dezembro, com Aparecido Portela, integrante do PL no Mato Grosso do Sul. Este teria perguntado ao presidente “se o churrasco seria feito”, o que seria a cobrança da efetivação do golpe pelo “pessoal que colaborou com a carne” – no caso, as pessoas do agronegócio que contribuíram financeiramente para a mobilização e manutenção dos acampamentos.
Por fim, Cid disse que Bolsonaro pressionava o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, a emitir um relatório apontando irregularidades no processo eleitoral, coisa que não havia sido encontrada. O relatório do Ministério da Defesa afirmou, após modificar seu relatório, não ser possível dizer que jamais poderia ocorrer uma fraude. Com isso, atendeu “determinação e insistência” do presidente.