A saúde dos espermatozoides ainda é incrivelmente negligenciada em casos de infertilidade, e o médico Neel Shah está ansioso para mudar essa narrativa.
“Estamos observando o esperma há tanto tempo quanto qualquer outra coisa ao microscópio, e ainda assim, sabemos muito pouco”, diz Shah, obstetra e diretor médico da Maven, uma clínica digital que atende mulheres e famílias, à revista Fortune.
Segundo Shah, não há homens suficientes realizando análises rotineiras de sêmen para verificar a saúde dos espermatozoides, apesar de 50% dos casos de infertilidade estarem ligados à saúde dos homens. Entre 18% e 27% das vezes, os homens não são testados durante uma avaliação de infertilidade. Nos dados que analisou, Shah afirma que cerca de um terço dos ciclos de fertilização in vitro (FIV) ocorrem sem uma testagem adequada do esperma.
Os médicos avaliam o sêmen examinando aspectos como volume, contagem de espermatozoides, forma e atividade. “É um biomarcador muito importante para a saúde masculina”, afirma Shah, acrescentando que a saúde do esperma ajuda a desenhar um retrato mais claro da saúde geral e bem-estar do homem. Frequentemente, os espermatozoides podem indicar problemas metabólicos antes de qualquer outro sinal e devem funcionar como uma “luz de verificação do motor”, explica Shah.
“Quando os ciclos menstruais das pessoas estão desregulados, por ser um sinal mensal, geralmente se associa a algo que está acontecendo”, observa Shah. “Só que o sistema reprodutivo cíclico dos homens não é tão visível.”
Mais homens se testando pode não apenas lançar luz sobre sua saúde, mas também ajudar a aliviar a pressão sobre mulheres que estão tentando engravidar, além de possivelmente apontar caminhos menos caros do que a FIV.
O peso financeiro e emocional dos cuidados com a fertilidade é real e afeta desproporcionalmente as mulheres. Uma pesquisa recente, conduzida pela Maven, investigou os custos ocultos dos cuidados com a fertilidade. Na pesquisa com mais de mil mulheres nos EUA, três em cada quatro disseram ter enfrentado dificuldades financeiras ao lidar com tratamentos de fertilidade, com 83% reduzindo gastos e mais da metade utilizando suas economias. Mais da metade, 65%, sentiu que a responsabilidade pela infertilidade recaía apenas sobre seus ombros, e 52% disseram que a jornada teve um impacto negativo no relacionamento.
“As mulheres acabam se tornando substitutas para o que é, na verdade, um problema masculino”, afirma Shah. “A fertilidade, de modo geral, sempre foi atribuída à mulher, e isso não faz sentido. Quando as pessoas acabam passando por uma FIV, é a mulher quem toma os medicamentos, e é a mulher quem passa pelos procedimentos.”
Embora a saúde dos óvulos de uma mulher seja em grande parte fixa, há muito que os homens podem fazer para melhorar a saúde dos seus espermatozoides, com mudanças visíveis em menos de 60 dias, afirma Shah.
“Os espermatozoides se regeneram a cada 30 a 60 dias. Eles são extremamente sensíveis à saúde metabólica e às exposições ambientais”, ele diz. “Vimos que o esperma pode responder dentro de 60 dias a uma dieta melhor, por exemplo, ou a mais exercícios.”
Hábitos de vida, como tipo de alimentação e prática de exercícios, têm tudo a ver com a fertilidade dos homens, já que interferem na qualidade dos espermatozoides Foto: Studio Romantic/Adobe Stock
No entanto, muitos homens relutam em fazer uma análise de sêmen quando ela precisa ser realizada em uma clínica. Mas, hoje, mais testes domiciliares estão disponíveis. Embora haja protocolos necessários a serem seguidos quanto ao transporte e à temperatura no envio das amostras, é uma forma de mais homens participarem ativamente do processo de fertilidade.
“Há algo em estar numa jornada de fertilidade e ver, de fato, os parâmetros do seu sêmen. Isso é muito motivador para os homens”, diz Shah. “Se você adotar um estilo de vida mais saudável, produzirá espermatozoides melhores.”
Aqui estão os três principais hábitos de estilo de vida que podem ajudar a melhorar a contagem, qualidade e mobilidade dos espermatozoides:
1- Uma alimentação saudável
A dieta é essencial para espermatozoides saudáveis. “Os homens se motivam muito com a contagem e com a mobilidade, tipo quão ‘agitadinhos’ [os espermatozoides] estão”, diz Shah. “E acontece que essas coisas são bem sensíveis à dieta.”
Um estudo constatou que homens que consomem alimentos de origem vegetal, frutas, vegetais, leguminosas e carnes magras têm quase três vezes mais chances de ter esperma saudável. Homens que comem menos carnes processadas e vermelhas — um pilar da dieta mediterrânea — apresentaram contagens de espermatozoides mais altas, explicou Shah anteriormente em um post no blog.
2- Exercício físico
Embora não haja uma forma exata de quantificar o quanto o exercício beneficiará a saúde dos espermatozoides, movimentar-se é essencial.
Diretrizes recomendam pelo menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade intensa.
“Todos nós temos a chance de ser mais saudáveis do que somos, mas para os homens que têm parâmetros meio no limite, perder um pouco de peso, comer um pouco melhor, exercitar-se um pouco mais pode, de fato, fazer uma diferença enorme”, garante Shah.
3- Não fumar
Fumar regularmente também pode impactar negativamente a saúde dos espermatozoides.
“Fumar e usar maconha fazem muito mal para os espermatozoides, e muita gente fuma ocasionalmente”, nota Shah. “Mesmo uma pequena redução pode fazer uma enorme diferença.”
Encontrar formas de otimizar a saúde e tomar medidas preventivas para aliviar o fardo que a infertilidade causa nas pessoas é algo que todos os homens podem começar a considerar com mais seriedade.
“Cada dólar gasto com fertilidade masculina provavelmente economizaria dois em custos com FIV”, calcula Shah.
Esta reportagem foi originalmente publicada em Fortune.com. Ela foi traduzida com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisada por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
