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Prevenção, tecnologia e acesso podem mudar o cenário da luta contra o câncer

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Prevenção, tecnologia e acesso podem mudar o cenário da luta contra o câncer

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O câncer é uma das doenças mais desafiadoras do último século. E as projeções seguem alarmantes para os próximos anos. No cenário global, um estudo publicado no Journal of American Medical Association (Jama) aponta que a incidência da condição deve crescer 76% até 2050, atingindo 35,3 milhões de pessoas.

No Brasil, a projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que ainda neste ano o País deve registrar 704 mil novos diagnósticos, totalizando mais de 2 milhões de casos de câncer no triênio 2023-2025 – sendo mais comuns os tumores de pele, mama, próstata e pulmão. Os números atualizados revelam um aumento de pouco mais de 10% em relação às taxas de incidência registradas entre 2020 e 2022 – que somaram cerca de 1,8 milhão de casos.

Alimentação equilibrada, atividade física, controle do peso, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool são fatores essenciais na prevenção Foto: Getty Images

Prevenção e hábitos saudáveis: um caminho fundamental

Embora os números mostrem um crescimento expressivo da doença, cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados com mudanças no estilo de vida. É o que revela um levantamento da Sociedade Americana do Câncer (ACS). Alimentação equilibrada, atividade física, controle do peso, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool são fatores essenciais na prevenção.

“A prática de atividade física regularmente ajuda a prevenir ao menos 13 tipos de câncer”, explica a oncologista Larissa Muller Gomes, da Oncoclínicas. “O exercício físico diminui o risco de desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e outras enfermidades e sabemos que a prevenção de tumores também se relaciona ao bem-estar, que aumenta o sistema imunológico.”

Segundo a especialista, manter uma dieta equilibrada e rica em verduras, frutas e legumes também reduz a inflamação no organismo, diminuindo o risco de mutações celulares. “É a rotina que faz a diferença. Aquela pessoa que se alimenta bem ao longo da semana e no final de semana vai a uma festa e come um pedaço de bolo, não tem problema. A questão é manter o corpo sem excesso de radicais livres, que favorecem mutações e o surgimento de doenças, dentre elas o câncer.”

Outro ponto crucial são o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico. “O autoconhecimento e os exames de rotina, aliados a hábitos saudáveis, poderiam reduzir significativamente os novos casos de câncer no Brasil”, ressalta.

Novas tecnologias na luta contra o câncer

Os tratamentos contra o câncer estão cada vez mais eficazes e personalizados, garantindo mais qualidade de vida durante e após o tratamento. Entre os avanços, destacam-se novas formas de imunoterapia, como anticorpos conjugados a drogas e vacinas terapêuticas de mRNA. A terapia celular CAR-T, já aprovada para cânceres do sangue, agora mostra resultados promissores para tumores sólidos.

Larissa explica que a terapia fortalece o sistema imunológico para reconhecer e atacar células cancerígenas. “Nosso sistema imune possui ‘interruptores’ que regulam a resposta imunológica, e a imunoterapia age justamente sobre esse mecanismo”, diz.

Outras inovações incluem cirurgias robóticas mais precisas, especialmente para tumores ginecológicos, e o uso crescente da inteligência artificial (IA) no diagnóstico. “A IA também pode tornar os tratamentos mais personalizados e reduzir custos, tornando a tecnologia acessível a diferentes regiões e ajudando a diminuir desigualdades no acesso à saúde”, conclui Larissa.

A disponibilidade dessas inovações no Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, ainda é um desafio. “Ainda estamos em um estágio inicial de integração da IA no SUS, especialmente para rastreamento do câncer de mama”, explica Larissa. O uso de cirurgia robótica e imunoterapia ainda não está disponível em larga escala no sistema público.

Democratização da prevenção e dos tratamentos inovadores

Para que as evoluções e inovações causem impacto positivo nos números de diagnósticos e desfechos de casos de câncer, é preciso que o acesso aos cuidados chegue a mais pessoas, em todas as regiões do País.

Em 2023, foi sancionada a Lei 14.758/23, que prioriza a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de câncer no SUS. A iniciativa visa à implementação de um sistema de dados para registrar casos de suspeita e confirmação de câncer, que permitirá a verificação da posição em fila de espera para consultas, procedimentos de diagnósticos e tratamentos. Prevê também a busca ativa e o acompanhamento dos pacientes, para identificar e superar barreiras que possam prejudicar as medidas de prevenção e controle do câncer, de forma a aumentar os índices de diagnóstico precoce e a reduzir a morbimortalidade associada a essa doença.

“A lei tem como objetivo instituir a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do SUS e o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer”, conta Andréia Melo, líder da especialidade Tumores Ginecológicos da Oncoclínicas. “O cuidado ao paciente com câncer é extremamente complexo e desafia o sistema de diversas maneiras. De forma geral, se compararmos as métricas de tempo entre o início dos sintomas e o início de tratamento personalizado entre a saúde suplementar e o SUS, ainda precisamos avançar no SUS.”

De acordo com Andréia, o gargalo passa também justamente pela necessidade de conhecer melhor os números do câncer no País. “Isso a lei menciona de forma contundente quando coloca a utilização, de forma integrada, dos dados e das informações epidemiológicas e assistenciais. Só quando conhecemos o real tamanho do problema conseguimos estabelecer mudanças efetivas”, afirma.

O acesso, segundo ela, precisa ser melhorado em todos os sentidos: desde o rastreio e diagnóstico precoce até o início do tratamento e novas tecnologias. “O engajamento do usuário do SUS também é fundamental – a participação da população nas consultas públicas, a cobrança do cidadão para melhores cuidados, a formação de grupos de pacientes e sua contribuição ativa em busca da garantia dos direitos dos usuários são salutares para o desenvolvimento e a melhoria do cuidado. Não podemos nos esquecer de trabalhar cada vez mais na educação em saúde da população, do usuário do sistema de saúde. As ações que dependem também do usuário também podem diminuir a incidência das neoplasias”, finaliza.

Fonte: Externa

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