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Nem sempre você precisa processar suas emoções; entenda quando evitá-las pode ser uma boa

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Nem sempre você precisa processar suas emoções; entenda quando evitá-las pode ser uma boa

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As emoções são parte fundamental daquilo que nos faz humanos. Elas podem ser avassaladoras, complicadas ou silenciosas – mas nós vivenciamos pelo menos uma emoção 90% do tempo, de acordo com um estudo de 2015 que examinou a vida emocional de mais de 11 mil pessoas.

Essa descoberta não choca Ethan Kross, diretor do Laboratório de Emoção e Autocontrole da Universidade de Michigan, que estuda a ciência da emoção há mais de duas décadas.

O que o surpreendeu foram os resultados de outro estudo, que descobriu que cerca de 40% dos participantes acreditavam que não é possível controlar as emoções.

“Fiquei realmente chocado”, diz Kross. “Se você não acha que é possível controlar suas emoções, por que tentaria fazer isso?”

Evitar certos sentimentos nem sempre é algo “tóxico”, defende psicólogo. Foto: Oyow/The New York Times

Ele argumenta que as emoções, mesmo as negativas, são informações, e que muitas vezes podemos encontrar maneiras de fazê-las trabalhar para nós. Não é possível controlar todas as partes de nossa vida emocional, relata Kross (que admite que às vezes ainda sente medo antes de falar em público). Mas as pessoas que são boas em administrar seus sentimentos, observa ele, são menos solitárias, vivem mais, mantêm relacionamentos românticos mais gratificantes e estão mais satisfeitas com a vida.

Seu novo livro, Shift: Managing Your Emotions – So They Don’t Manage You [algo como “Mudança: Gerencie suas emoções – para que elas não gerenciem você”, em tradução livre], fornece um modelo para enfrentarmos os desafios emocionais que a vida nos impõe todos os dias.

Não é sempre que você precisa “processar” suas emoções

A sabedoria predominante na terapia e nas redes sociais é que devemos encarar as emoções negativas de frente – e que, se não o fizermos, elas vão apodrecer dentro de nós, escreve Kross.

Sem dúvida, evitar cronicamente situações estressantes é prejudicial e pode levar a mais sofrimento psicológico, diz ele. Mas o problema com o argumento de que “a evitação é tóxica” é que ele pressupõe que toda evitação é ruim, explica.

Às vezes, é melhor não escolher entre abordar ou evitar, mas oscilar entre as duas coisas intencionalmente, ensina. A evitação pode permitir que a intensidade de uma experiência negativa diminua, abrindo uma distância que nos ajuda a ver a experiência de uma perspectiva mais ampla, afirma o psicólogo.

Como saber se você deve evitar ou confrontar seus sentimentos? Kross sugere se perguntar: “O que estou fazendo está me fazendo sentir melhor em relação ao problema? Esse problema ainda é uma preocupação depois que eu me afasto dele por um tempo?”

Se você perceber que mudar seu foco lhe traz alívio e que suas preocupações não ressurgem no futuro, isso quer dizer que a estratégia está funcionando. Talvez você tenha dito algo lamentável em uma festa, por exemplo, mas, em vez de ficar se preocupando com isso, você se distrai assistindo a vídeos engraçados.

Se, no entanto, você perceber que não consegue parar de ruminar esses pensamentos, que recorre regularmente a coisas como drogas ou álcool ou que está sempre buscando aprovação sobre seu comportamento evasivo, exemplifica ele, a evitação não está funcionando.

Fale consigo mesmo na segunda pessoa

Quando usamos a palavra “você”, é quase exclusivamente para nos referirmos a outras pessoas, diz Kross. Mas, quando você a usa consigo mesmo, é uma tática conhecida como conversa interna distanciada, que pode ser uma maneira poderosa de regular emoções negativas.

Em um estudo de 2017, Kross e seus colegas descobriram que pessoas que usaram a conversa interna distanciada para regular seus sentimentos mostraram sinais de se sentirem melhor em segundos.

Então, em vez de dizer “estou estressado”, o que pode fazer seu coração disparar, diga a si mesmo “você está estressado”, disse ele. Isso coloca você no papel de “outra pessoa” e pode ajudar a sentir mais compaixão e empatia.

“Esse deslocamento linguístico meio estranho e aparentemente mínimo faz muita diferença”, escreve ele.

Seus sentidos são um superpoder emocional

A pesquisa de Kross descobriu que algumas das ferramentas “mais fáceis” que você pode usar para gerenciar suas emoções são visão, olfato, tato, audição e paladar.

Nosso cérebro responde quase instantaneamente a experiências sensoriais – e podemos usar nossos sentidos como “alavancas emocionais” para mudar nosso humor, comenta Kross. Ele chama nosso tato, por exemplo, de “trem-bala neural”. Quando é “afetuoso, mas não esquisito”, diz ele, o toque rapidamente ativa uma resposta positiva que melhora o humor.

Se, por exemplo, você está triste depois de um dia ruim, receber um abraço ou fazer carinho em um cachorro pode reduzir os níveis do hormônio do estresse, o cortisol. E pesquisas sugerem que cheirar um aroma agradável, como café, pode reduzir o estresse. Assim como ver uma foto de uma paisagem natural.

Você também pode usar música intencionalmente para regular suas emoções. Kross comenta que agora vê o rádio do carro como uma “máquina de regulação emocional” que fornece infinitas opções para mudar seu humor. E admite que a playlist que ele montou para deixá-lo animado tem a música ‘Don’t Stop Believin’, do Journey.

Quando se trata de usar essas estratégias, Kross alerta que não há uma solução única para todo mundo. “Ferramentas diferentes para pessoas diferentes em situações diferentes”, resume. No caso dele, “uma música cafona dos anos 80 é uma das ferramentas mais eficientes”, comenta. “Não julgue”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Fonte: Externa

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