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Canetas para diabetes e obesidade: especialistas respondem 19 perguntas sobre Ozempic e Mounjaro

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Canetas para diabetes e obesidade: especialistas respondem 19 perguntas sobre Ozempic e Mounjaro

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Nos últimos anos, o número de medicamentos desenvolvidos para o controle de diabetes tipo 2 e obesidade cresceu e, junto com ele, a dúvida sobre o que diferencia essas drogas. Liraglutida, semaglutida e tirzepatida pertencem a uma mesma classe, mas têm indicações distintas. Abaixo, elencamos as principais dúvidas envolvendo esses remédios.

1 – Qual é a diferença entre Victoza, Saxenda, Ozempic, Rybelsus, Wegovy e Mounjaro? Como esses remédios agem no corpo?

Todos esses medicamentos pertencem à classe dos chamados análogos do GLP-1, uma substância que o próprio corpo produz em resposta à alimentação. “Eles imitam esse hormônio, que ajuda na produção de insulina, reduz a fome e aumenta a saciedade”, diz o endocrinologista Marcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). “É como se a pessoa ficasse 24 horas com níveis elevados de GLP-1 no sangue.”

O primeiro remédio que chegou ao mercado foi o Victoza, que é a liraglutida, para tratamento de diabetes tipo 2. “Mais tarde, a mesma substância passou a ser utilizada no tratamento do sobrepeso e obesidade, com o nome de Saxenda, em uma dose mais alta”, afirma o endocrinologista Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

Em seguida, foi a vez da semaglutida, molécula mais potente que a liraglutida. “A semaglutida começou a ser usada com o nome Ozempic, em aplicação semanal, para tratar o diabetes tipo 2. Depois, surgiu o Rybelsus, que é a semaglutida em comprimido, também indicado para diabetes”, conta Hohl. “Mais recentemente, essa mesma substância passou a ser usada no tratamento da obesidade com o nome de Wegovy, em dose mais alta.”

Nos últimos anos, cresceu o número de opções de medicamentos agonistas de GLP-1 Foto: K KStock/Adobe Stock

O mais recente da lista é o Mounjaro, nome comercial da tirzepatida. “Além de agir no receptor do GLP-1, como os outros, a tirzepatida também imita o GIP, outro hormônio intestinal. Por isso, tem um efeito mais potente sobre o metabolismo e o apetite”, afirma Mancini. Estudos mostraram que o Wegovy promove uma perda de peso média de 16% a 17%, enquanto o Mounjaro pode chegar a 21% ou 22%.

Hohl complementa que o GLP-1 também ajuda a reduzir a gordura no fígado e tem efeitos no sistema nervoso central, ao diminuir o apetite. “A principal diferença entre os medicamentos está na substância, na duração do efeito, na forma de aplicação e na dose”, explica. As doses dos medicamentos variam conforme a indicação: para diabetes, o Victoza pode ser usado até 1,8 mg, o Ozempic até 1 mg, o Rybelsus até 14 mg e o Mounjaro até 15 mg. Para o tratamento da obesidade, o Saxenda pode ser usado até 3 mg, o Wegovy até 2,4 mg e o Mounjaro até 15 mg.

2 – Quais são os principais efeitos colaterais desses medicamentos?

Embora sejam considerados seguros e eficazes, esses remédios podem causar efeitos colaterais, principalmente no início do tratamento, quando o organismo ainda está se adaptando. Os efeitos adversos mais comuns são gastrointestinais e envolvem náuseas, vômitos, diarreia, constipação, refluxo e sensação de estufamento.

“Até 20% dos pacientes podem apresentar náuseas, e de 10% a 15% têm alguma alteração no intestino, como constipação ou diarreia”, explica Hohl. “São sintomas geralmente leves e de curta duração, que costumam ocorrer nos primeiros dias, especialmente quando a dose do medicamento é aumentada.” Por isso, o recomendado é começar com doses mais baixas e ir aumentando progressivamente, para melhorar a tolerância.

Entre os efeitos menos comuns (e bastante raros) estão pancreatite, problemas na vesícula biliar, alterações na função renal e, em situações específicas, episódios de hipoglicemia, principalmente quando combinados com outros medicamentos para diabetes, como a insulina. “Na prática clínica, quase não vemos esses casos”, afirma.

Outra preocupação comum entre os pacientes é a queda de cabelo, mas Hohl esclarece que esse efeito não está relacionado diretamente ao uso dos remédios. “Ela geralmente está ligada ao emagrecimento em si, seja por meio do uso de medicamentos, cirurgia bariátrica ou dietas muito restritivas. É uma consequência da estratégia de perda de peso, não do medicamento.”

3 – O uso é seguro no longo prazo?

Carolina Castro Porto Silva Janovsky, endocrinologista e professora da pós-graduação em Endocrinologia Clínica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que os dados clínicos disponíveis até o momento indicam um perfil de segurança sólido, especialmente quando o tratamento é bem indicado e acompanhado de forma adequada.

“Os estudos atuais indicam que os análogos de GLP-1 são seguros em longo prazo. Além dos estudos em obesidade, contamos com mais de 15 anos de experiência em diabetes tipo 2”, afirma. “Ao analisarmos os dados já consolidados para diabetes tipo 2, que antecedem e sustentam o uso atual dos análogos de GLP-1 na obesidade, vemos um panorama de segurança consistente ao longo dos anos”, acrescenta. Além disso, o estudo SELECT, um dos maiores já conduzidos em pessoas com obesidade sem diabetes, revelou que a semaglutida reduziu em 20% a incidência de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e morte cardiovascular ao longo de cinco anos.

4 – É preciso fazer uso contínuo desses medicamentos?

Esses medicamentos têm mostrado eficácia na perda de peso e no controle do diabetes. No entanto, assim como outras condições crônicas, como hipertensão ou hipotireoidismo, seu tratamento exige continuidade para a manutenção dos resultados. “Obesidade e diabetes são doenças crônicas. Quando o fármaco é suspenso, parte do peso e do descontrole glicêmico costuma voltar”, diz Carolina.

A médica ressalta que há estudos que confirmam esse efeito. “No STEP-1-extension, participantes que interromperam a semaglutida recuperaram, em média, dois terços do peso perdido em apenas um ano. Resultados semelhantes foram observados com a tirzepatida”, comenta. Por isso, o uso contínuo do medicamento, aliado a uma alimentação equilibrada e à prática regular de exercícios, é considerado essencial para manter os benefícios no longo prazo.

5 – Como é a aplicação? Dói?

Esses medicamentos são administrados por meio de canetas pré-preenchidas que usam agulhas ultrafinas, com tamanho entre 4 e 8 milímetros. A aplicação é subcutânea, ou seja, na camada de gordura sob a pele, geralmente no abdômen, coxa ou braço. “A aplicação leva segundos e causa apenas uma leve picada, praticamente indolor”, afirma Carolina.

A frequência varia: a liraglutida é aplicada diariamente, enquanto a semaglutida e a tirzepatida são usadas semanalmente. O profissional de saúde que estiver acompanhando o caso é o responsável por orientar o paciente sobre a rotação dos locais de aplicação e o descarte seguro das agulhas.

6 – Como conservar esses medicamentos?

Todas as canetas de semaglutida, liraglutida e tirzepatida precisam ser mantidas refrigeradas entre 2 °C e 8 °C, inclusive durante o transporte em viagens. Em deslocamentos, uma opção tradicional e segura é acondicionar o medicamento em uma caixa térmica com gelo reutilizável. “Nunca encoste a caneta no gelo nem a deixe no freezer, pois a exposição a temperaturas de congelamento inutiliza o princípio ativo”, orienta Carolina.

Após o primeiro uso, a caneta pode ser mantida fora da geladeira por até seis semanas, desde que em ambiente com temperatura abaixo de 30 °C e protegida da luz. Ainda assim, conservar na geladeira é a recomendação mais segura para garantir a estabilidade do medicamento.

7 – Eles podem causar cáries ou mau hálito?

Embora o mau hálito (ou halitose) não esteja entre os efeitos colaterais mais frequentes listados nas bulas desses medicamentos, há mecanismos indiretos que explicam por que isso pode acontecer em alguns pacientes. Segundo a cirurgiã-dentista Débora Heller, do Grupo de Trabalho de Saliva do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP), o uso contínuo desses remédios pode afetar a produção e a qualidade da saliva, que é essencial para a saúde bucal.

“A saliva tem função protetora contra cáries e lesões. A diminuição do fluxo salivar pode causar boca seca, ardência na língua e halitose”, explica. Ela destaca ainda que pacientes com boca seca relatam dificuldades para comer, falar e manter a higiene oral, além de apresentarem mais ulcerações e sensação de queimação.

Flávia Coimbra, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), reforça que os efeitos sobre a saúde bucal são indiretos, mas relevantes. Além da boca seca, ela destaca sintomas gastrointestinais como náuseas, constipação e refluxo. “Esses medicamentos retardam o esvaziamento do estômago, favorecendo o refluxo e até vômitos. Esse ácido pode danificar o esmalte dos dentes”, afirma.

8 – Quanto custa, em média, o tratamento com esses medicamentos?

O custo do tratamento com esses remédios varia bastante. Uma caneta de Wegovy na dose de 2,4 mg custa, em média, cerca de R$ 1.800 e é suficiente para quatro aplicações semanais. Uma caneta de Ozempic na dose de 1 mg custa em torno de R$ 1.000. Já o Mounjaro, na dosagem de 5 mg, sai por R$ 1.700. O Saxenda, que é aplicado diariamente, tem preço médio em torno de R$ 750 por caneta, com variações conforme a farmácia e região.

Para muitos pacientes esses valores podem ser um desafio, já que o tratamento costuma ser contínuo. Por isso, há interesse crescente em versões nacionais dessas drogas, que devem chegar ao mercado com preços mais acessíveis. A EMS, por exemplo, lançará em breve o Olyra, que é o equivalente nacional do Saxenda, e o Lirux, versão nacional do Victoza.

9 – É possível trocar de uma caneta para outra? Quando isso é indicado?

Sim, é possível trocar de medicamento e, em alguns casos, isso pode até ser indicado. “Não há estudos que tenham comparado iniciar o tratamento com um medicamento e depois trocar por outro. Mas, na prática, vemos pacientes que usam Wegovy na dose máxima e não perdem mais peso. Nesses casos, pode fazer sentido mudar a medicação para tentar ampliar a resposta”, exemplifica Mancini.

Além da perda de peso, canetas são associadas a outros benefícios à saúde Foto: Kassandra/Adobe Stock

Ele também destaca que a troca pode ser necessária em situações de desabastecimento nas farmácias, algo que já aconteceu e exigiu ajustes nas prescrições. Ainda assim, a mudança de medicamento deve ser sempre feita com acompanhamento médico, com aumento gradual da nova dose para garantir segurança e bons resultados.

10 – Esses medicamentos trazem outros benefícios para a saúde, além do controle da obesidade e do diabetes?

Sim. Embora tenham sido desenvolvidos principalmente para tratar diabetes tipo 2 e obesidade, esses medicamentos vêm demonstrando efeitos positivos em outras condições de saúde e estão sendo estudados em diferentes cenários clínicos.

“O uso desses remédios traz benefícios que vão além do controle do peso e da glicemia”, afirma Mancini. Segundo ele, novos estudos têm investigado o impacto dessas medicações em pacientes com obesidade associada a quadros como insuficiência cardíaca, doença renal crônica e até distúrbios cognitivos leves, relacionados ao início da demência.

Os resultados preliminares são promissores. Indicam, por exemplo, uma evolução mais lenta da doença renal e melhora no quadro de insuficiência cardíaca. Além disso, ao promoverem a perda de peso, os medicamentos também ajudam a reduzir a gravidade da apneia do sono, condição que afeta a qualidade do sono e aumenta o risco cardiovascular. “Quando o paciente perde peso, as doenças associadas melhoram muito. Há um impacto significativo, inclusive na redução do risco de infarto e morte cardiovascular”, destaca Mancini.

11 – É perigoso usar esses remédios apenas para perder alguns quilos? Quais os riscos desse comportamento?

Sim. Essa prática é inadequada e pode representar sérios riscos à saúde. “Esses remédios são indicados para pessoas com diabetes tipo 2, obesidade ou sobrepeso com comorbidades associadas, quando o IMC (índice de massa corporal) está acima de 27. O correto é não usar fora desses limites definidos em bula”, frisa Mancini.

Embora médicos possam, em situações específicas, avaliar o uso em pessoas que não atingiram esse IMC, a automedicação, especialmente com fins estéticos, é contraindicada. “Quando uma pessoa com 70 kg usa a mesma dose inicial testada em pacientes com 100 kg ou mais, o risco de efeitos colaterais aumenta muito. Já houve casos de desidratação grave por vômitos intensos”, alerta Mancini.

Hohl reforça: “Por que uma pessoa que não tem diabetes vai usar um remédio que controla glicose? Por que alguém com peso normal vai usar um medicamento que induz perda de peso? Isso pode levar à perda de massa magra, o que, em vez de ajudar, prejudica a saúde”.

12 – Esses medicamentos interferem na eficácia da pílula anticoncepcional?

Segundo Hohl, não há evidência definitiva de que esses remédios prejudiquem diretamente o efeito da pílula. No entanto, algumas orientações são importantes. “Precisamos lembrar que a obesidade costuma reduzir a fertilidade e, quando a mulher emagrece, essa função reprodutiva tende a se normalizar.”

Isso significa que uma paciente que antes tinha dificuldade para engravidar pode passar a ovular com mais frequência após a perda de peso e isso, por si só, já aumenta o risco de gravidez se o método contraceptivo não estiver sendo seguido corretamente. Hohl reforça que muitas vezes o problema não está na interação entre os medicamentos, mas no uso irregular da pílula.

“A principal orientação é garantir que a paciente esteja tomando a pílula de forma rigorosa, sem esquecimentos. Se houver dúvidas sobre a eficácia ou dificuldades para manter o uso correto, o ideal é considerar outro método contraceptivo”, diz.

Entre as alternativas recomendadas estão métodos de barreira, como o preservativo, ou métodos de longa duração, como o dispositivo intrauterino (DIU), que podem oferecer maior segurança, especialmente durante o período de adaptação ao tratamento com os medicamentos para emagrecer.

13 – Esses medicamentos podem aumentar a fertilidade?

Eles podem contribuir indiretamente para o aumento da fertilidade – especialmente em mulheres com sobrepeso ou obesidade. Isso acontece porque o excesso de peso está diretamente ligado a desequilíbrios hormonais que dificultam a ovulação e, consequentemente, reduzem as chances de gravidez.

“Mulheres com obesidade frequentemente enfrentam ciclos menstruais irregulares e anovulação (ausência de ovulação), o que compromete a fertilidade. Quando há perda de peso, seja por mudanças no estilo de vida ou com o auxílio de medicamentos, esse equilíbrio hormonal pode ser restaurado, favorecendo a ovulação e aumentando as chances de engravidar”, explica Hohl.

Resumindo, o aumento da fertilidade não é um efeito direto do medicamento em si, mas uma consequência da perda de peso e da melhora metabólica que esses fármacos proporcionam.

14 – Eles interferem na libido?

Os medicamentos não afetam diretamente o desejo sexual. No entanto, a perda de peso proporcionada pode ter impacto positivo sobre a libido, especialmente por influenciar fatores emocionais e hormonais ligados à autoestima e ao equilíbrio metabólico.

“Essas medicações não atuam diretamente sobre a libido, mas, com o emagrecimento, muitas pessoas passam a se sentir melhor com o próprio corpo, ganham mais confiança e autoestima, o que naturalmente pode levar ao aumento do desejo sexual”, explica Flávia Coimbra, da SBEM.

Em homens com obesidade, por exemplo, é comum a ocorrência de hipogonadismo, condição em que a produção de testosterona é reduzida pelo excesso de gordura corporal. “Com a perda de peso, esse quadro pode se reverter e os níveis hormonais voltam ao normal, o que também contribui para a melhora da libido”, complementa a especialista.

No caso das mulheres, a perda de peso pode beneficiar especialmente aquelas com síndrome dos ovários policísticos (SOP), condição que provoca alterações hormonais e interfere na ovulação.

15 – Qual é o medicamento mais eficaz para emagrecimento atualmente?

Não existe uma resposta única – a escolha ideal depende do perfil clínico de cada paciente. “Não há exatamente um remédio que seja o melhor para tratar a obesidade. O que temos são classes de medicamentos que se mostram mais eficazes em termos de perda de peso, especialmente os agonistas do GLP-1 e, mais recentemente, os agonistas duplos do GLP-1 e GIP”, diz Flávia.

Atualmente, as duas medicações que mais se destacam são semaglutida e tirzepatida, associadas a reduções significativas no peso corporal. “Já existem pesquisas com doses maiores de semaglutida que mostram perda de peso semelhante à da tirzepatida, mas essa formulação ainda não está disponível por aqui”, ressalta a endocrinologista.

Flávia reforça que a eficácia não deve ser o único critério de escolha. “Mesmo que um medicamento se mostre mais potente nos estudos, ele pode não ser o mais adequado para um paciente com outras condições de saúde. Cada caso precisa ser avaliado individualmente, com prescrição médica. Não se trata de escolher na farmácia como se fosse um analgésico.”

16 – Eles podem aumentar a produção de suor?

A sudorese excessiva não está entre os efeitos colaterais comuns dessas drogas. No entanto, em casos específicos, esse sintoma pode aparecer de forma indireta.

“Em pessoas com diabetes que usam essas medicações associadas a outros remédios para controle da glicose, pode ocorrer hipoglicemia, ou seja, queda excessiva do açúcar no sangue, e isso pode provocar suor em excesso, além de tontura e fraqueza”, explica Flávia. No uso isolado de análogos de GLP-1, a hipoglicemia é considerada um efeito adverso raro.

17 – É preciso ter receita médica para comprar?

Sim. Desde 23 de junho de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige a retenção da receita na farmácia, similar ao que ocorre com antibióticos. A prescrição deve ser emitida em duas vias, com validade de até 90 dias. A venda é permitida apenas com a retenção da via original da receita, e a dispensação é fracionada, ou seja, o paciente pode adquirir o fármaco em intervalos de até 30 dias. Essa medida visa aumentar o controle sobre o uso desses medicamentos, especialmente diante do elevado número de eventos adversos relacionados ao uso fora das indicações aprovadas.

18 – É verdade que o Ozempic muda o rosto? E os outros medicamentos?

Segundo Carolina Janovsky, da Unifesp, o fenômeno conhecido como “rosto de Ozempic”, caracterizado por flacidez da pele e aspecto de face “murcha”, não é causado diretamente pelo medicamento. Ele ocorre pela perda rápida de gordura facial associada ao emagrecimento acelerado quando o tratamento não é acompanhado de ingestão adequada de proteínas, exercícios de força e acompanhamento profissional. Esse efeito também pode ocorrer com o uso de tirzepatida e liraglutida, além de ser observado após cirurgias bariátricas.

“Manter um ritmo de perda de peso gradual, reforçar proteínas, treinar musculação e hidratar‐se são medidas clássicas que já evitavam esse problema nas dietas de antigamente e continuam válidas hoje”, ensina.

19 – Versões manipuladas são igualmente eficazes?

Não. O uso de versões manipuladas desses medicamentos é desaconselhado por especialistas e entidades médicas. Segundo Carolina, esses fármacos são peptídeos biológicos complexos, cuja produção exige processos industriais rigorosos para assegurar pureza, estabilidade e eficácia. A manipulação em farmácias pode resultar em produtos com concentrações imprecisas, risco de contaminação por microrganismos e ausência de controle de qualidade, expondo os pacientes a sérios riscos à saúde.

A SBEM, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Abeso também contraindicam expressamente o uso de versões manipuladas, alertando que elas não passam por testes de bioequivalência e não têm aprovação da Anvisa.

As agências vêm alertando sobre versões falsificadas manipuladas, comércio ilegal na internet e até venda em consultórios médicos, uma prática considerada antiética e ilegal”, ressalta Mancini.

Diante disso, é fundamental que pacientes e profissionais de saúde optem por medicamentos originais, aprovados pela Anvisa e adquiridos em farmácias autorizadas, garantindo assim a segurança e a eficácia do tratamento.

Fonte: Externa

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