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Brasil ganha novas diretrizes para medir pressão em casa e no consultório

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Brasil ganha novas diretrizes para medir pressão em casa e no consultório

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A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou nesta sexta-feira, 12, as novas recomendações para medição da pressão arterial em casa e no consultório. De acordo com o documento, a verificação feita pelo médico durante as consultas não deve ser a única referência para fechar o diagnóstico de hipertensão, pois ela pode sofrer alterações que escondem quadros de pressão alta. Logo, os níveis alcançados em casa com exames específicos também devem ser considerados. As medidas adequadas foram compiladas para atualizar os parâmetros que serão usados pelos cardiologistas (veja mais abaixo).

As Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório foram elaboradas por 67 especialistas e serão compartilhadas com os médicos entre hoje e amanhã, durante o 1° Encontro de Departamentos da Cardiologia, realizado em São Paulo.

“A gente fez essa atualização porque, muitas vezes, não é possível dar o diagnóstico apenas no consultório. A pressão é uma variável que muda a cada batimento cardíaco e há pacientes que manifestam pressão alta durante a consulta, porque ficam tensos naquele ambiente — a hipertensão do avental branco –, ou temos casos de hipertensão mascarada, em que a pressão sobe quando os pacientes se estressam em casa ou no trabalho”, explica o cardiologista Audes Feitosa, coordenador-geral da diretriz.

Segundo Feitosa, para a medição caseira, são considerados os exames de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), que chega a fazer 60 medições em 24 horas, e a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), com 24 medições por semana. A Automedida da Pressão Arterial (Ampa) é outro exame que deve ser considerado.

A hipertensão é um problema de saúde que cresce em todo o mundo e é um dos principais fatores de risco modificáveis para morbidade e mortalidade em todo o mundo. Segundo a SBC, um levantamento de 2023 realizado pela entidade apontou que aproximadamente 24% da população brasileira têm pressão alta e a maior prevalência é entre mulheres.

A população acima de 65 anos (61%) é a mais afetada, mas a doença já atinge cerca de 10% das crianças e adolescentes brasileiros. A pressão alta é perigosa por estar intimamente relacionada a episódios de doença arterial coronária, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.

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Medir a pressão no consultório

Durante as consultas, os cardiologistas vão continuar fazendo aferições e acompanhando os níveis de pressão sistólica e diastólica. A entidade apresentou as medidas adequadas para pacientes a partir dos 18 anos e informou que dados como gênero, faixa etária e classe social devem ser considerados pelos especialistas ao avaliar a saúde de quem vai ao consultório.

Uma pessoa tem pressão alta se a pressão arterial sistólica for igual ou maior que 140 mmHg e pressão arterial diastólica > 90 mmHg. Nesses casos, deve ser classificada nos estágios 1, 2 ou 3.

Classificação da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) em mmHg

  • Ótima: < 120 (PAS) e < 80 (PAD)
  • Normal: 120-129 (PAS) e/ou 80-84 (PAD)
  • Pré-hipertensão: 130-139 (PAS) e/ou 85-89 (PAD)
  • Hipertensão estágio 1: 140-159 (PAS) e/ou 85-89 (PAD)
  • Hipertensão estágio 2: 160-179 (PAS) e/ou 100-109 (PAD)
  • Hipertensão estágio 3: ≥ 180 (PAS) e/ou ≥ 110 (PAD)

A medição da pressão em casa

Com os equipamentos usados fora do consultório e que acompanham variações ao longo de horas ou dias, os cardiologistas podem estabelecer médias e encontrar alterações em contextos específicos, como durante o sono. Com essas informações, poderão fazer o cruzamento com as medições realizadas nas consultas.

  • Consultório: ≥ 140 (PAS) e/ou ≥ 90 (PAD)
  • Mapa 24 horas: ≥ 130 (PAS) e/ou ≥ 80 (PAD)
  • Mapa Vigília: ≥ 135 (PAS) e/ou ≥ 85 (PAD)
  • Mapa Sono: ≥ 120 (PAS) e/ou ≥ 70 (PAD)
  • MRPA – MAPA: ≥ 130 (PAS) e/ou ≥ 80 (PAD)

Morte súbita

Outro ponto atualizado foi o consenso para casos de cardiomiopatia hipertrófica, condição que pode levar à morte súbita, principalmente em atletas.

A doença, de base genética, desencadeia um crescimento desproporcional do músculo do coração e pode causar fibroses (cicatrizes); assim, o paciente pode manifestar quadros de insuficiência cardíaca com acúmulo de líquido nos pulmões, arritmias, dores e falta de ar.

“O grande problema é que, em 90% dos casos, o paciente não manifesta sintomas. Então, adaptamos para o Brasil um algoritmo com marcador das sociedades americana e europeia de cardiologia e estabelecemos a definição de risco baseada em idade, porque a morte súbita costuma ocorrer em jovens de 20 a 40 anos”, diz o cardiologista Fábio Fernandes, diretor do grupo de cardiomiopatia do Instituto do Coração (InCor).

Fernandes destaca a importância da realização de avaliações médicas e exames como o eletrocardiograma antes da prática de atividades físicas e afirma que, caso o paciente seja diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica, adaptações dos treinos devem ser realizadas de acordo com o quadro.

“Como é uma condição heterogênea e imprevisível, os exercícios físicos devem ser individualizados e indicados por médico”, conclui Fernandes.

Fonte: Externa

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