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No Brasil, tempo médio para o diagnóstico de linfomas pode chegar a 149 dias, mostra pesquisa

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No Brasil, tempo médio para o diagnóstico de linfomas pode chegar a 149 dias, mostra pesquisa

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O tempo médio para receber o diagnóstico de um linfoma no Brasil pode chegar a 149 dias, segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), que contou com a participação de 262 pacientes. A demora, segundo especialistas, é alarmante e impacta diretamente as chances de sucesso do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes com esse tipo de câncer que aparece no sangue, mais especificamente no sistema linfático.

De acordo com o médico Ricardo Bigni, chefe da Hematologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca), existem mais de 40 tipos diferentes de linfomas. Os dois mais comuns são o linfoma não-Hodgkin (LNH) e o linfoma de Hodgkin (LH). Neste ano, no Brasil, são esperados mais de 12 mil novos casos do primeiro tipo e cerca de 3 mil do segundo, segundo o Inca.

“Os linfomas são um grupo de doenças classificadas como um tipo de câncer. Eles têm origem no sistema linfático, nos linfonodos, que trabalham no sistema de defesa, contra infecções, por exemplo”, explica o hematologista. “Os linfonodos estão espalhados por todo o nosso organismo, ou seja, a doença pode acontecer em qualquer parte.”

Por isso, os sintomas podem ser variados, segundo Bigni. Mas, de forma geral, os mais comuns incluem nódulos no pescoço, na região axilar ou virilha, além de febre, suor profundo à noite e perda de peso.

Um longo processo até o encaminhamento

Segundo o levantamento, 31% dos participantes precisaram passar por mais de três médicos antes de serem encaminhados a um especialista. Em média, a espera para iniciar o tratamento na rede pública foi de 77 dias, contra 60 dias na rede privada.

De acordo com Nina Melo, coordenadora de pesquisa e do Observatório de Oncologia da Abrale, a demora tem causas multifatoriais. Vai desde a falta de informação por parte da população, no sentido de não reconhecer ou perceber os sintomas, até a falta de acesso a serviços de saúde.

“No sistema público, por exemplo, os pacientes precisam passar por toda uma trilha. Primeiro, vão a uma unidade de saúde, com o clínico geral, que então os encaminha para algum tipo de especialista. Mas esse encaminhamento, às vezes, leva meses. O acesso a exames diagnósticos, que vão dizer se é linfoma ou não, (também é complicado). É uma série de fatores que dificulta”, destaca.

Bigni destaca que o diagnóstico só pode ser confirmado por meio de uma biópsia, que consiste na retirada de um fragmento do tecido suspeito para análise em laboratório. Depois disso, ele deve ser encaminhado para um hematologista.

“No Brasil, esse caminho é bastante demorado e tortuoso. No Inca, a gente percebe que, em função de ter uma demora muito grande para o diagnóstico, o paciente chega com uma condição clínica mais avançada, dificultando o tratamento e, algumas vezes, reduzindo o tempo de cura.”

Acesso a exames e impactos à qualidade de vida

Outro ponto é a dificuldade no acesso a exames de imagem avançados, que são fundamentais para o estadiamento e acompanhamento da doença. O PET-Scan, incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014, ainda não é realidade para muitos pacientes. Na pesquisa da Abrale, 23,3% dos entrevistados relataram dificuldades para realizar o exame e outros 3,4% afirmaram não ter recebido indicação ou explicação sobre sua necessidade.

O exame deve ser realizado mais de uma vez: no momento do diagnóstico e para o monitoramento da doença ao longo do tratamento. “É muito comum que, ao longo da jornada, o paciente precise fazer os exames rotineiramente. Aí entra essa dificuldade que acontece, majoritariamente, no sistema público.”

Nina destaca ainda que, apesar dos linfomas terem uma alta taxa de cura, eles trazem impactos duradouros. O levantamento aponta que 76% dos entrevistados declararam prejuízos no bem-estar emocional, 72% enfrentaram efeitos colaterais do tratamento e 71% precisaram recorrer com frequência a médicos ou hospitais, o que interfere nas tarefas do dia a dia. Além disso, 67% afirmaram ter impactos na saúde física e 55% mencionaram dificuldades financeiras.

“É importante ressaltar que grande parte dos diagnósticos ocorre em adultos jovens, que estão em plena ascensão da vida profissional e pessoal. Então, é um impacto não só para eles, mas também para todos ao redor. Não devemos minimizar e subestimar os impactos na qualidade de vida”, frisa Nina.

Como melhorar?

Segundo Nina, a informação pode ser uma grande aliada no combate à doença, principalmente no que se refere ao conhecimento sobre os principais sinais e sintomas e a noção de quando vale buscar ajuda.

Além disso, ela comenta, “é muito importante capacitar as unidades básicas, que são a porta de entrada para os serviços de saúde, para saber identificar a doença e encaminhar melhor”.

(O sistema) pode ter fluxos de encaminhamentos mais assertivos. Então, pacientes com determinadas características e que têm sintomas que indicam linfoma, já devem ser encaminhados para um hematologista. (Estabelecer) tipos de graus de suspeita, para encurtar o encaminhamento, também pode ser uma solução para ajudar no diagnóstico precoce”, sugere.

Fonte: Externa

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