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Pré-diabetes engorda? Entenda a relação com o peso e o metabolismo

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“Eu era rato de padaria”, relembra João Sabadell, de 53 anos. Crédito: TV Estadão | 11.11.2016

De acordo com a última edição do atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), em 2024, 15,2 milhões de pessoas no Brasil receberam diagnóstico de glicose em jejum prejudicada e 17,7 milhões, de tolerância à glicose diminuída, dois marcadores laboratoriais que alertam para o pré-diabetes. A condição indica que os níveis de glicose (açúcar) no sangue de uma pessoa estão acima do normal, mas não o suficiente para serem classificados como diabetes tipo 2.

Diante do diagnóstico, muitas pessoas começam a perceber mudanças em seu corpo e no peso, e surgem dúvidas sobre como os quadros se relacionam. Afinal, o que exatamente acontece no organismo quando os níveis de açúcar no sangue começam a subir?

Como surge o pré-diabetes?

O desenvolvimento do pré-diabetes é fruto da associação entre uma tendência genética e fatores comportamentais, “como superalimentação e presença de sobrepeso e obesidade“, descreve o médico Ruy Lyra da Silva Filho, coordenador do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Características genéticas e o aumento do peso, principalmente da gordura visceral, levam a uma maior resistência do corpo à insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que tem como função principal colocar a glicose dentro das células para gerar energia. Se esse açúcar não é aproveitado, começam os prejuízos.

Qual a relação entre pré-diabetes e peso corporal?

O aumento de peso leva à resistência à insulina, mas, mais do que o total na balança, o que importa é onde a gordura está depositada, ou seja, a distribuição da gordura no corpo, explica Fernando Valente, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). “A gordura na região abdominal é a que mais contribui para a resistência à insulina, pois produz hormônios que atrapalham a ação da insulina”, exemplifica.

Por isso, mesmo pessoas com peso ou Índice de Massa Corporal (IMC) mais baixo podem ter resistência à insulina se tiverem uma má distribuição de gordura.

Segundo o médico, quando há excesso de tecido adiposo sob a pele, a gordura começa a se acumular em outros locais. Ela pode se depositar no fígado, pâncreas, coração, vasos sanguíneos e também circular no sangue, aumentando também o risco de problemas cardiovasculares.

Nesse cenário em que a gordura visceral atrapalha a ação da insulina, o pâncreas costuma se esforçar em dobro, liberando mais hormônio para tentar contornar o problema e equilibrar a glicose no sangue.

“O problema é que essa ‘sobrecarga’ constante do pâncreas leva a uma diminuição da sua capacidade de produzir insulina”, explica Valente. E é assim que o pré-diabetes se desenvolve: a partir de um mix de resistência à insulina, gordura abdominal em excesso e um pâncreas “cansado”.

Como a resistência à insulina influencia o peso

Além de normalmente surgir por causa do sobrepeso, a resistência à insulina dificulta o emagrecimento. Inclusive, estudos com medicamentos para perda de peso, como semaglutida (Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro), mostram que pessoas com obesidade e diabetes tipo 2 perdem menos peso do que aquelas com obesidade sem diabetes.

“Isso acontece porque a resistência à insulina não ocorre só no músculo e no tecido adiposo, mas também no cérebro, especialmente no hipotálamo, que controla a saciedade”, diz Valente. Além da insulina, há a leptina, um hormônio que também tem sua sinalização prejudicada em quem tem resistência.

Esses hormônios deveriam sinalizar ao cérebro que já há energia suficiente, promovendo a sensação de saciedade. Com a resistência a eles, essa comunicação falha, dificultando a perda de peso. “Portanto, a resistência à insulina influencia o peso, sim, dificultando o emagrecimento e aumentando o risco de doenças metabólicas”, afirma o especialista.

Pré-diabetes engorda?

Pessoas com pré-diabetes, embora ainda não possuam um quadro definitivo, já apresentam um grau de resistência à insulina e comprometimento do pâncreas. Portanto, já podem enfrentar as dificuldades mencionadas quanto à saciedade.

Ainda assim, não significa que a condição cause, necessariamente, aumento de medidas. De acordo com Marlice Marques, nutricionista e coordenadora Departamento de Nutrição da SBD, o pré-diabetes pode estar relacionado ao ganho de peso, mas não é uma relação direta de causa e efeito.

Por outro lado, “o ganho de peso é um fator de risco para o desenvolvimento de pré-diabetes e, uma vez diagnosticado, o excesso de peso pode dificultar o controle da glicemia e deve ser tratado”, explica.

No pré-diabetes os níveis de glicose (açúcar) no sangue estão acima do normal, mas não tanto quanto no diabetes tipo 2 Foto: ArtemisDiana/Adobe Stock

Usar injeção de insulina engorda?

“Não é exatamente que a insulina ‘engorda’, mas, por ter um efeito anabólico, quando está em excesso no organismo, pode contribuir para o ganho de peso”, diz Valente.

Quando prescrita para pessoas com diabetes tipo 1, a intenção da injeção de insulina é apenas repor a quantidade que o corpo não consegue mais produzir. “O pâncreas está zerado, então a insulina é administrada em doses que imitam a produção natural.”

Já a pessoa com diabetes tipo 2 ainda tem alguma produção, embora não seja suficiente para vencer a resistência. “Nesse cenário, quando há alguma reserva pancreática, é melhor tratar com medicamentos voltados à perda de peso do que com insulina, a não ser que a reserva esteja muito baixa.”

Nos casos de tipo 2 em que a opção é utilizar a insulina, frequentemente é necessário adotar doses mais altas devido à resistência, e é isso que pode levar ao aumento de peso.

Ademais, algumas pessoas que fazem uso do medicamento podem acabar comendo mais por medo de terem crises de hipoglicemia, o que também pode contribuir para o ganho de peso.

Como controlar o peso em quem tem pré-diabetes?

Segundo Marlice, o tratamento é feito com base em uma dieta equilibrada, com foco em alimentos ricos em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis, sempre acompanhado por profissionais de saúde com experiência.

Na dieta, as fibras, especialmente as solúveis, diminuem a velocidade de digestão e absorção dos alimentos, fazendo com que a glicose seja disparada de forma mais lenta no organismo. Com isso, além de colaborarem com o controle dos níveis de açúcar no sangue, também fazem com que a sensação de saciedade dure mais tempo, reduzindo o apetite.

Segundo as diretrizes da SBD, para as pessoas com pré-diabetes, é recomendado o consumo de 25 a 30 gramas desses nutrientes por dia. Por isso, na lista daquilo que deve ser priorizado estão os carboidratos complexos, que preservam melhor suas fibras. Eles estão mais presentes nos alimentos integrais, por exemplo.

Outras fontes de fibras incluem frutas como mamão e ameixa, cereais como aveia, cevada e os do tipo All-Bran, hortaliças como cenouras e leguminosas como feijões e lentilha.

Além do cuidado com os alimentos ingeridos, segundo Luciano Giacaglia, coordenador do Departamento de Diabetes Tipo 2 e Pré-diabetes da SBD, a hidratação adequada também é importante, por isso deve-se estimular o consumo de água ao longo do dia. O consumo de frutas, por sua vez, deve ser limitado a duas ou três porções diárias.

Também é recomendado priorizar o uso de ácidos graxos (moléculas orgânicas encontradas em gorduras e óleos) do tipo mono e poli-insaturados, pois estão associados à menor incidência de doenças cardiovasculares. Eles estão em alimentos como azeite, abacate, castanhas, nozes e amêndoas.

Por fim, segundo Marlice, uma das principais recomendações é cortar o consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados e salsichas, e bebidas açucaradas.

Exercícios podem ajudar a tratar o pré-diabetes?

Segundo as diretrizes da SBD, pessoas com pré-diabetes devem realizar pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada, o que ajuda a reduzir o risco de progressão para diabetes.

A prática combinada de exercícios aeróbicos e resistidos também se mostra eficaz para reduzir os níveis de hemoglobina glicada, sendo recomendada para pessoas que vivem com diabetes tipo 2.

Além disso, recomenda-se que especialmente os idosos incluam na rotina atividades que favoreçam o equilíbrio, como tai chi e ioga, de duas a três vezes por semana.

Fonte: Externa

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