O estresse do dia a dia pode desencadear uma série de reações no corpo. Uma delas é a mioquimia palpebral, pequenos tremores involuntários nas pálpebras que, apesar de inofensivos, costumam incomodar. O quadro é considerado comum e tende a aparecer de forma repentina, geralmente como resposta a momentos de tensão física ou emocional, entre outros fatores.
Mas, de acordo com o oftalmologista Oswaldo Ferreira Moura Brasil, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), é necessário avaliar se o tremor acontece apenas nas pálpebras ou também dentro dos olhos. Se for nos olhos, é uma situação mais preocupante e que precisa ser investigada por um especialista.
Estresse e uso excessivo de telas podem levar a tremor involuntário das pálpebras Foto: toa555/Adobe Stock
“O tremor nos olhos, chamado de nistagmo, é uma condição marcada por vários movimentos involuntários, que podem ser horizontais ou verticais”, descreve o médico. “O quadro pode ocorrer de forma fisiológica, quando a gente desvia o olhar rapidamente para ver um objeto que está passando, mas também em associação com condições neurológicas ou congênitas, que impedem o desenvolvimento adequado da visão”, descreve.
Já o tremor involuntário da pálpebra, a mioquimia palpebral, é uma condição benigna que não é considerada grave. Ao eliminar os motivos por trás do quadro, ele costuma ser revertido.
“Ele ocorre quando as fibras musculares das pálpebras se contraem de forma involuntária e repetidamente. Não é dentro do olho, mas na parte externa. Ou seja, os músculos acometidos são os que controlam a abertura e o fechamento das pálpebras. Em especial, o músculo obicular dos olhos”, ensina Ione Alexim, oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista.
De acordo com ela, os tremores costumam ser passageiros: duram alguns segundos ou minutos. Eles podem ocorrer em um ou em ambos os olhos e se resolvem sozinhos em horas ou dias, sem a necessidade do uso de medicações.
“Se eles persistirem por semanas e vierem acompanhados de outros sintomas, como queda da pálpebra, visão dupla, dor, inchaço, vermelhidão ou fraqueza facial, ou se interferirem na visão, aí é preciso fazer uma investigação mais detalhada”, pontua a oftalmologista. “Também vale dar uma atenção maior, caso (o paciente) tenha um histórico de doenças neurológicas ou oculares”, adiciona.
Estresse é uma das principais causas
Ainda de acordo com Ione, os tremores costumam estar associados a fatores que irritam e sobrecarregam o sistema nervoso e os músculos. O estresse é um dos principais causadores do quadro. Isso ocorre porque o cortisol, hormônio liberado no organismo nesse contexto de tensão, afeta o sistema nervoso e interfere no funcionamento muscular.
Sono inadequado, consumo elevado de cafeína, fadiga ocular e uso excessivo de telas também podem gerar os espamos.
Para além de questões comportamentais, patologias oculares, como olho seco e alergia ocular, podem estar por trás do quadro.
O que fazer diante dos tremores?
Logo após sentir o tremor, é recomendado piscar de forma consciente por algum tempo para aumentar a lubrificação dos olhos. “Fazer compressas mornas sobre a pálpebra por alguns minutos, descansar a visão, afastar-se de telas e ficar com os olhos fechados por algum tempo são medidas que ajudam a diminuir a frequência e até levar ao desaparecimento desses tremores”, detalha Ione.
No longo prazo, a adoção de hábitos saudáveis pode ajudar a prevenir o problema, como:
- Dormir de sete a nove horas por noite
- Fazer pausas regulares ao usar telas, especialmente se você trabalha com computador e dispositivos eletrônicos
- Hidratar-se bem, controlando o consumo de café, chá preto e energéticos, isto é, bebidas com cafeína, um estimulante natural
- Praticar atividades que ajudem no manejo do estresse, como alongamentos, exercícios físicos regulares e respirações profundas
- Manter a lubrificação ocular adequada