A presença de plantas em ambientes internos ajuda a criar um espaço mais agradável, certo? Nem sempre. Algumas espécies podem causar alergia e piorar as crises daqueles que sofrem com problemas respiratórios.
É o caso das plantas que liberam pólen, como as orquídeas, conta a médica Cristiane Passos Dias Levy, otorrinolaringologista do Hospital Paulista e especialista em alergias respiratórias.
Segundo Cristiane, a alergia ao pólen não era muito comum no Brasil, porém a realidade mudou nos últimos dez anos. A elevação das temperaturas devido ao aquecimento global aumentou o período de floração de algumas plantas, levando a uma maior liberação de pólen.
Mesmo quem não tem alergia especificamente ao pólen, mas possui alguma enfermidade relacionada ao aparelho respiratório, como rinite, sinusite ou asma, pode apresentar uma piora do quadro em épocas de maior liberação dos minúsculos grãos produzidos pelas flores.
“O encanto das plantas não deve ofuscar os riscos que algumas delas representam para a saúde, especialmente em épocas de polinização intensa, como a primavera”, diz Cristiane. Além das orquídeas, ela desaconselha ter ficus, lírio-da-paz, acácia, ligustro ou eucalipto no ambiente doméstico.
Algumas espécies também podem liberar outros alérgenos. As samambaias, muito comuns nos lares brasileiros, são um exemplo: aqui, a questão não é o pólen, mas a própria planta, que costuma acumular poeira, ácaros e mofo.
Isto também acontece com as plantas artificiais. Por requererem menos cuidado, é normal que fiquem esquecidas e, sem a limpeza frequente, acumulem impurezas que atrapalham a respiração.
Além disso, alguns desses itens de decoração são revestidos com tecidos e espumas que, por seus produtos químicos e corantes, podem desencadear reações alérgicas em algumas pessoas. Por isso, Cristiane recomenda checar a composição dos materiais usados nessas peças.
Para quem já tem esse tipo de planta ou decoração, a recomendação é levá-la para um ponto da casa mais afastado, com menor circulação de pessoas, ou colocá-la no quintal. No caso das espécies que soltam pólen, essa medida pode ser revista no fim de dezembro, depois que a primavera acabar.
Liberadas
A dica de Raphael Coelho, membro do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), é optar por plantas como a jiboia e o aloe vera, popularmente conhecido como babosa.
Outras sugestões de “plantas de folhas” são a palmeira areca (também chamada de palmeira-bambu) e a espada-de-são-jorge. “São espécies que não geram proliferação de pólen, mas ajudam a purificar o ar e reduzir as partículas de poluição no ambiente”, diz Coelho.
Já para aqueles que não têm alergia ou histórico de problema respiratório, a orientação é diversificar. “O ideal é se expor à natureza e a várias espécies, pois isso ajuda nosso sistema imunológico e o bem-estar do corpo como um todo.”