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Tarifas afetarão o mercado de ações dos EUA e enfraquecerão as perspectivas globais

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Tarifas afetarão o mercado de ações dos EUA e enfraquecerão as perspectivas globais

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Esta análise é de Gina Martin Adams, estrategista-chefe de ações da Bloomberg Intelligence, e Gillian Wolff, estrategista de ações. Inicialmente publicado no Bloomberg Terminal.

As tarifas, sejam elas recíprocas ou regulares, aplicadas ao comércio dos EUA com alguns países serão provavelmente custeadas por empresas multinacionais. Esse aspecto enfraquecerá ainda mais as perspectivas para o desempenho das ações dos EUA, em comparação aos mercados globais. Décadas de especialização vertical dessas ações as tornaram mais vulneráveis a uma nova era de protecionismo. O dólar já está sinalizando um risco fundamental, à medida que as margens mostram sinais de pico, como aconteceu durante a guerra comercial de 2018. Embora ainda tenham conseguido superar suas dificuldades de desempenho de 2018, as empresas estrangeiras que dependem do mercado dos EUA podem vir a sentir o impacto do protecionismo.

Desta vez, a China está mais bem posicionada para resistir às tarifas, devido ao aumento de suas exportações para mercados emergentes e à exposição limitada de sua receita frente aos EUA. O Stoxx 600 pode sofrer uma queda de 3 a 7% nos lucros, caso as tarifas sejam aplicadas. Já os mercados do Canadá e do México são voltados para o mercado interno, o que tende a limitar o impacto tarifário nas suas relações econômicas

Efeito bumerangue das tarifas sugere que as ações dos EUA podem estar mais expostas ao risco

A guerra comercial, que trouxe desafios para as ações em 2018, apresenta-se mais uma vez como um risco no panorama de 2025. As ações dos EUA podem sofrer os maiores impactos, considerando-se sua integração às cadeias de suprimentos globais e o predomínio das importações nos EUA. É importante notar que as ações de empresas com maior exposição de receitas aos EUA superaram suas concorrentes no período. Não se pode afirmar, portanto, que as tarifas afetarão as economias e as ações da forma pretendida. Um dólar forte já indica o surgimento de riscos significativos.

Expectativas sobre as margens das ações globais podem começar a desmoronar

As empresas serão obrigadas a arcar com o custo das tarifas direcionadas aos parceiros comerciais dos EUA. As estimativas de margem operacional global provavelmente sofrerão o impacto, e isso pode levar à queda nos preços das ações, como aconteceu em 2018. Naquele cenário, as tarifas levaram a uma fragilidade nas estimativas de margens e a uma queda de dois dígitos nas ações globais. Desta vez, as tarifas podem ter um impacto ainda maior nos fundamentos, já que provavelmente serão mais extremas e direcionadas a um conjunto mais amplo de produtos.

As empresas norte-americanas não escaparão da alta nos custos. Desde que Trump impôs seu primeiro conjunto de tarifas sobre as importações de lavadoras de roupas e painéis solares, em janeiro de 2018, até o momento em que o primeiro conjunto de tarifas sobre o alumínio e o aço do Canadá e do México foi retirado, as estimativas de margem operacional nos 12 meses seguintes caíram 70 pontos-base no total, tanto dentro quanto fora dos EUA.

Empresas dependentes dos EUA tiveram retornos robustos na primeira era das tarifas

Os retornos de ações internacionais dependentes do mercado norte-americano sofreram pouco o impacto das tarifas pré-pandemia, provavelmente graças aos ajustes cambiais e aos efeitos mínimos dessas tarifações na economia dos EUA. Durante o pico das tarifas (janeiro de 2018 a junho de 2019), as ações não americanas com maior exposição a receita superaram suas concorrentes numa média de 760 pontos-base. As ações com maior exposição aos EUA, incluindo Taiwan Semiconductors, Novo Nordisk e SAP, subiram 12,8%, enquanto as de empresas com menor exposição, como BHP, Shell e Unilever, aumentaram apenas 5,1%.

“Nossos grupos de alta e baixa receita dos EUA são as 100 maiores ações não americanas, financeiras ou de serviços públicos que divulgam receita geográfica, e a exposição é determinada pela parcela obtida dos EUA em 2017. O grupo de alta exposição à receita inclina-se para a Europa e para o setor de saúde, enquanto o grupo de baixa exposição tende para o Japão e o setor de materiais.

O dólar pode ser um problema para as multinacionais em 2025

Manter o dólar forte poderia compensar parte do risco de que as tarifas propostas pelo presidente Donald Trump prejudiquem os lucros dos importadores em 2025. Mas uma escolha dessa natureza pode também prejudicar as ações multinacionais e paralisar as tendências de lucros do índice geral, considerando que a categoria das ações multinacionais tem liderado a recuperação de lucros do índice nos últimos dois anos. Normalmente, os ganhos do dólar precisam ser consideravelmente significativos, até que os lucros sejam impactados. A moeda norte-americana subiu mais de 25% a partir de meados de 2014 e aproximadamente o mesmo em 2021-22, sendo que ambos os períodos levaram a recessões nos lucros do S&P 500.

O ganho de 10% do dólar com os choques tarifários do início de 2018, durante a primeira administração Trump, pode ter contribuído para outra oscilação nos lucros e a subsequente queda de quase 20% nas ações naquele ano. Até o momento, em sua recente alta, o dólar subiu cerca de 8% em relação à sua mínima de setembro.

Mercados de baixo beta historicamente resistem melhor quando os EUA enfrentam dificuldades

Dados históricos recentes sugerem que mercados de menor beta sofreriam menos, em caso de queda no mercado dos EUA. A baixa de mercado de 2022 foi uma das poucas circunstâncias recentes em que as ações do resto do mundo se saíram melhor diante de uma queda significativa (mais de 25%) nas ações norte-americanas. Durante esse período, os 10 mercados de menor beta caíram apenas 8,2% na mediana (12,6% em média), enquanto os 10 de maior beta caíram 21,5% (19,6% em média).

No entanto, o cenário do beta mudou nos últimos três anos. O Reino Unido e o Japão tiveram alguns dos melhores desempenhos de 2022 e estavam entre os mercados de menor beta antes do colapso, mas desde então desenvolveram alguns dos betas mais altos. Do mesmo modo, a Espanha e a Alemanha, que estavam entre os piores desempenhos e os mercados de maior beta em 2022, agora apresentam alguns dos betas mais baixos.

Fonte: Externa

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