Frequentemente, quando alguma personalidade descobre um câncer, é informado que o tratamento envolve a realização de radioterapia. Faz sentido. Trata-se de um dos três principais métodos de combate a tumores, ao lado da cirurgia e dos medicamentos. Cerca de 60% dos casos de câncer necessitam de radioterapia em pelo menos uma fase do tratamento para assegurar a curabilidade ou o alívio de um determinado sintoma.
Mas, afinal, o que é a radioterapia?
Esse é um tratamento que utiliza radiações ionizantes (raio-x de alta energia) para destruir ou inibir o crescimento de células anormais que formam um tumor. Elas possuem energia suficiente para alterar a estrutura da matéria viva através da retirada de elétrons dos seus átomos. Tal processo pode levar à morte das células devido à capacidade de quebrar seu DNA. Essas radiações são invisíveis, indolores e, dependendo da sua energia, atingem uma determinada profundidade do corpo.
A radioterapia também afeta as células normais. Porém, essas possuem uma capacidade maior de se regenerarem do dano causado pela radiação do que as células tumorais. Portanto, na maioria das vezes, enquanto o tumor é destruído, as células normais se recuperam após o término do tratamento.
Além disso, o desenvolvimento tecnológico dos aparelhos de radioterapia ocorrido nas últimas décadas permitiu que doses elevadas de radiação sejam liberadas sobre o tumor e, ao mesmo tempo, evita doses excessivas nas células normais. Consequentemente, a radioterapia é um tratamento muito mais efetivo e seguro do que antigamente.
A radioterapia é um tratamento que usa radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento de células anormais que formam um tumor. Foto: Mark Kostich/Adobe Stock
Qual o impacto da radioterapia no tratamento do câncer?
Vários tipos de câncer são curados apenas com radioterapia. Entre eles, estão:
- Câncer de próstata, como alternativa à retirada cirúrgica do órgão;
- Câncer de laringe, como alternativa à cirurgia mutiladora – possibilitando, portanto, a preservação da voz do paciente;
- Câncer de pele não melanoma;
- Alguns tipos de linfomas;
- Tumor de pulmão em fase inicial como alternativa à cirurgia;
- Câncer de colo uterino;
- Alguns tumores cerebrais benignos, entre outros.
Alguns tipos de câncer só são curados se a radioterapia fizer parte do tratamento, junto com outras terapêuticas, como cirurgia e medicamentos (quimioterapia, hormonioterapia, drogas alvos e imunoterapia). Em algumas ocasiões, a radioterapia é utilizada após a cirurgia para evitar que o tumor volte a crescer.
Além de curar vários tipos de câncer, também pode ser utilizada para aliviar um determinado sintoma causado pelo crescimento anormal de um tumor ou de uma metástase, como dor ou sangramento.
A indicação e a finalidade do tratamento com radioterapia são feitas pelos médicos que estão envolvidos no tratamento do paciente, em sintonia com o médico especialista em radioterapia.
Há efeitos colaterais?
Tanto os efeitos benéficos como os indesejados da radioterapia dependem da dose utilizada e da área do corpo que está sendo tratada. Muitas vezes, o paciente não vivencia qualquer efeito colateral durante o tratamento – ou apresenta apenas uma reação passageira na pele por onde a radiação atravessou.
Como tudo depende de cada caso, é muito importante que o paciente seja orientado pelo médico a respeito desses possíveis efeitos e como tratá-los ou amenizá-los. A radioterapia, por exemplo, não causa queda de cabelo, a não ser que a região da cabeça seja tratada e, mesmo assim, vai depender da técnica e da dose utilizada.
Como são as sessões? A radiação fica no paciente?
Elas são rápidas, duram em torno de 10 a 15 minutos. Além disso, são indolores e imperceptíveis. O paciente se deita em uma mesa e o aparelho de radioterapia emite os feixes de radiação a certa distância, em torno de um metro. São aparelhos abertos e não claustrofóbicos. O número de aplicações pode variar de um até 40, dependendo do tipo de tumor a ser tratado.
Uma informação importante é que a radiação emitida pelos aparelhos de radioterapia atravessa o corpo do paciente e não impregna em seu interior. Portanto, o indivíduo não fica radioativo e não há problemas de contato com outras pessoas.
Quando esse procedimento é indicado, é importante que o paciente procure um médico com título de especialista em radioterapia pela Sociedade Brasileira de Radioterapia para entender como o tratamento será realizado, assim como os resultados e efeitos colaterais esperados.