Além da conjuntura atual de menos chuvas no período seco, os preços da energia estão apresentando viés de alta nos próximos anos, avalia o vice-presidente de comercialização e soluções em energia da Eletrobras, Ítalo Freitas, nesta quinta-feira (7).
Segundo ele, em teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, o Brasil passa por um momento de mudanças no setor de energia, com grande desafio para as energias renováveis “variáveis”, como são chamadas no setor elétrico as eólicas e solares fotovoltaicas.
As fontes vivenciam o efeito chamado “curtailment”, corte de geração determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), por restrições na rede de transmissão, que tem causado prejuízos para as empresas.
Porém, disse Freitas, há uma dificuldade de se implantar projetos eólicos e solares no médio e longo prazo, uma vez que não há disponível no mercado a mesma quantidade de bons projetos, como eram encontrados há dez anos. “Os custos de implantação vêm pressionando preços, trazendo viés de alta”, disse Freitas.
Presente à teleconferência, o presidente da companhia, Ivan Monteiro, reiterou que a empresa tem compromisso claro de redução da trajetória do PMSO (pessoal, materiais, serviços e outros), para reduzir do atual patamar de R$ 7 bilhões para R$ 6 bilhões em 2025 e abaixo de R$ 5,5 bilhões em 2026. Além da redução de pessoal, a empresa vem “perseguindo a melhoria da produtividade e eficiência operacional”.
Dificuldades no mercado livre de energia
Ítalo Freitas disse, ainda, que a empresa não está exposta a comercializadoras que enfrentam dificuldades financeiras por causa de inadimplência contratual no mercado livre de energia elétrica.
Disse também que renegociou com “algumas poucas” comercializadoras com as quais a Eletrobras vinha trabalhando, com um “haircut [desconto de dívida] interessante”.
Segundo Freitas, a Eletrobras trabalha com comercializadoras “saudáveis”, e que não há risco de que dificuldades enfrentadas por algumas dessas empresas causem impacto nos preços da energia.
Nas últimas semanas, circularam no mercado informações de que pelo menos três comercializadoras estariam enfrentando dificuldades diante de um cenário de preços voláteis.
Freitas reconheceu que há um risco crescente de inadimplência contratual e que “certas comercializadoras passam por situações mais críticas nos balanços”. Disse também que o cenário levará o mercado a “amadurecer” ainda mais.