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Picada de abelha: o que fazer? Quando buscar atendimento médico?

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Picada de abelha: o que fazer? Quando buscar atendimento médico?

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Boa parte da população tem um certo medo de abelhas – mais especificamente da picada do inseto. Faz sentido: afinal, alguns indivíduos podem ter reações severas e precisar de atendimento médico de forma imediata após uma ocorrência do tipo. Para ter ideia, de acordo com informações do Ministério da Saúde, só em 2023 o Brasil registrou cerca de 33 mil acidentes por picadas de abelhas.

Mas, afinal, quem deve ter cuidados redobrados? E o que fazer em caso de picada?

Segundo os especalistas, as crianças tendem a ser as mais vulneráveis aos efeitos das ferroadas, tanto pelo tamanho corporal quanto pela dificuldade de identificar e comunicar os sintomas.

A médica Alexandra Sayuri Watanabe, membro do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), explica que as picadas podem causar dois tipos de reações: as locais e as sistêmicas.

“As reações locais ardem e doem bastante, mas, depois, no dia seguinte, já melhoram. É o que acontece com a maioria das pessoas”, diz. “Outros têm o que chamamos de reação local extensa, que dura mais tempo. No dia seguinte, a reação inicial vai aumentando, (a pele vai) ficando mais vermelha, mais inchada. Nesse caso, a gente pode usar antialérgicos, mas é um tratamento só para melhorar os sintomas”, acrescenta.

Já as reações sistêmicas são mais graves. Nessas situações, os sintomas podem incluir coceira generalizada, inchaço nos lábios, nos olhos e na garganta, além de dificuldade para respirar, queda brusca da pressão arterial, tontura e até perda de consciência. Se não for feita uma intervenção adequada, como a aplicação de adrenalina intramuscular, o quadro pode evoluir para um choque anafilático com risco de morte.

As reações sistêmicas também podem acontecer por questões não alérgicas, como no caso de o indivíduo receber múltiplas ferroadas de várias abelhas. “É uma reação tóxica e a pessoa tem que correr para o hospital. O veneno pode agir no rim e no fígado. Mas são outras complicações (diferentes das alérgicas)”, detalha Alexandra.

O que fazer após uma picada

De acordo com Flavia Costa Prevedello, dermatologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, a primeira recomendação depois de uma picada é remover o ferrão da pele para que o veneno não continue sendo inoculado. “Na sequência, como há muita dor, é importante tentar amenizá-la, se possível, com uma compressa fria. Também é fundamental fazer a limpeza com água e sabão para evitar uma contaminação secundária.”

No caso das crianças, é importante ficar atento aos possíveis sintomas, principalmente nos primeiros 30 minutos. “Além da dor, é comum haver inchaço no local da picada. Mas, se a criança apresentar urticária em outras partes do corpo, inchaço na boca ou nos olhos, tosse ou dificuldade para falar, é preciso buscar atendimento imediato, porque existe o risco de choque anafilático e necessidade de aplicação de adrenalina intramuscular”, alerta Flavia.

Se a ferroada acontecer em áreas sensíveis, como olhos ou boca, ou em caso de múltiplas picadas, também é essencial consultar um médico. Vale destacar que, na maioria das vezes, as reações não surgem na primeira exposição, mas a partir da segunda. Por isso, pais e responsáveis devem permanecer atentos ao quadro geral da criança, ainda que a impressão seja de que ela não tem alergia.

Quais medicamentos são indicados?

Para reações leves ou moderadas, o tratamento pode incluir anti-histamínicos (antialérgicos), corticoides tópicos ou orais para reduzir o inchaço e a vermelhidão, e analgésicos comuns para aliviar a dor.

Em casos de alergia grave (anafilaxia), a abordagem é diferente: o tratamento padrão é a aplicação imediata de adrenalina intramuscular, que deve ser administrada o mais rápido possível.

Independentemente da gravidade, é importante evitar pomadas caseiras, pasta de dente ou álcool diretamente na picada, pois essas substâncias podem irritar ainda mais a pele e não neutralizam o veneno.

Como prevenir as picadas?

Os repelentes não funcionam para afastar as abelhas, como acontece com outros insetos. Por isso, a proteção depende de cuidados práticos no dia a dia. Ao frequentar parques, áreas com flores ou árvores frutíferas, por exemplo, é indicado manter distância de locais com grande concentração dos insetos e evitar roupas muito coloridas ou perfumes, já que cores vibrantes e odores fortes podem atraí-los.

Ensinar as crianças a não bater em insetos voadores nem mexer em colmeias também é essencial. Para pessoas alérgicas, é recomendado carregar um kit de primeiros socorros com adrenalina, para agir rapidamente caso ocorra uma picada.

Problema de saúde pública

De acordo com um estudo publicado no periódico científico Frontiers in Immunology, os ataques envolvendo abelhas Apis mellifera, também conhecidas como abelhas africanizadas, estão se tornando mais comuns. O artigo, feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), aponta que, entre 2021 e 2024, o número de ocorrências aumentou em 83%, passando de 18.668 para 34.252 ocorrências. Isso representa um salto de aproximadamente 80%.

Já a quantidade de óbitos subiu 123%, chegando a 125 casos em 2023, número que se repetiu em 2024. Por conta da situação, os autores defendem que a situação se configura como problema de saúde pública negligenciado.

Outro argumento utilizado pelos pesquisadores para enquadrar as intoxicações por Apis mellifera como uma questão negligenciada tem a ver com a ausência de um tratamento ou fármaco específico para atender as vítimas.

Segundo o jornal da Unesp, em janeiro de 2024, a Unesp registrou a patente do primeiro soro antiapílico do mundo. O novo produto, produzido em parceria com profissionais do Instituto Vital Brazil e do Instituto Butantan, vem sendo desenvolvido há mais de uma década. Ele já passou com sucesso pelas duas primeiras etapas de testes clínicos e, no momento, os pesquisadores aguardam financiamento para a realização da terceira etapa de testes, necessária para o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Não se sabe exatamente a razão do aumento dos ataques, mas acredita-se que a situação acontece por duas razões: o desmatamento e a redução das áreas de mata, que poderiam servir de habitat natural para as abelhas.

Fonte: Externa

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