O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou, nesta sexta-feira (19), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deveriam se encontrar. Disse ainda que é preciso fazer alguns “consertos” na relação do governo com Lira.
Apesar dos desentendimentos, Guimarães garantiu que não há “nada que atrapalhe” a vontade do Executivo e de Lira em “votar os projetos de interesse do país”.
A fala aconteceu no Palácio do Planalto após reunião entre Guimarães, os demais líderes do governo – Jaques Wagner, do Senado, e Randolfe Rodrigues, do Congresso – o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e Lula.
Na semana passada, Lira chamou Padilha de “desafeto” e voltou a tecer críticas em relação a articulação do governo com a Câmara.
Na quarta-feira (10), Lira avisou a deputados petistas que “romperia” com o governo e avisou que não havia mais condições de Padilha continuar responsável pela articulação entre Executivo e o Parlamento. Entretanto, o conflito entre os dois não vem de agora.
Padilha e Lira já não dialogam desde o segundo semestre de 2023. A tarefa de conversar com o presidente da Câmara está com Rui Costa, ministro da Casa Civil.
O presidente da Câmara fez chegar críticas a Lula sobre o trabalho de Padilha, como promessas não cumpridas de nomeações em estatais e liberações de emendas. Na ocasião, Lira levou sua insatisfação sobre a articulação política do governo a Costa.
Em fevereiro, Padilha negou que exista qualquer clima que “gere tensão” entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
Segundo Padilha, Lula tem “muita certeza” de que o governo terá um “ambiente positivo tanto com o Senado quanto com a Câmara”. “Essa dupla [Congresso e governo] vai continuar marcando muitos gols em 2024”, afirmou na ocasião.
Dias antes, durante a abertura do ano Legislativo, o presidente da Câmara subiu o tom e, em recado ao Planalto, disse que o orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por “burocracia técnica” e por quem não foi eleito.
Lira também declarou que os parlamentares “não foram eleitos para serem carimbadores” das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.