Internações por causa de fimose disparam entre 10 e 19 anos; conheça os riscos de adiar o tratamento

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Internações por causa de fimose disparam entre 10 e 19 anos; conheça os riscos de adiar o tratamento

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As internações em decorrência de prepúcio redundante, fimose e parafimose tiveram um aumento de 81,58% entre meninos de 10 a 19 anos, segundo dados do Ministério da Saúde levantados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Os números saltaram de 10.677, em 2015, para 19.387, em 2024.

De acordo com Alexandre Cavalcante, urologista e coordenador do Departamento de Urologia do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, existem dois possíveis motivos para o aumento dos registros. O primeiro seria o diagnóstico tardio, causado pela ausência de consultas regulares com especialistas. “Isso precisaria ser revisto, uma vez que essa condição precisa ser reconhecida e tratada mais precocemente, evitando problemas maiores”, pontua.

“Uma segunda possibilidade seria o oposto. Crianças e adolescentes com essa condição que antes não procuravam auxílio médico e hospitalar, hoje teriam mais acesso à saúde pública e consciência no cuidado com a própria saúde”, adiciona.

O que é prepúcio redundante?

No prepúcio redundante, há um excesso da pele que recobre o órgão genital masculino, chamada de prepúcio. O quadro não impede a retração completa para expor a cabeça do pênis, chamada de glande, mas pode dificultar a higienização adequada, favorecendo infecções.

O que é fimose?

A fimose é uma condição em que o homem não consegue retrair o prepúcio e expor a glande. Diferentemente do prepúcio redundante, o excesso de pele realmente dificulta ou impede a exposição da cabeça do pênis.

A fimose pode ser classificada em primária e secundária. A primária, também chamada de fisiológica, é uma condição presente desde o nascimento, devido à aderência natural do prepúcio à glande. Já a secundária surge após o nascimento, geralmente causada por infecções, inflamações ou traumas no prepúcio, que levam ao estreitamento da pele e dificultam a retração.

Segundo Cavalcante, o quadro pode ser solucionado de forma espontânea ao longo do desenvolvimento da criança. Mas, em situações em que a abertura espontânea do prepúcio não ocorre, seja em adultos ou crianças, é necessário tratamento cirúrgico.

O que a fimose pode causar?

De acordo com Daniel Zylbersztejn, coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a fimose pode dificultar que o indivíduo faça a higienização do pênis de forma adequada.

A dificuldade de limpeza da área, por sua vez, pode gerar mal cheiro, aumentar o risco de infecção urinária, favorecer inflamações (chamadas de balanites ou balanopostites) e elevar o risco de câncer de pênis.

Outra possível consequência da condição é a parafimose. “Ela acontece quando o prepúcio estrangula a cabeça do pênis e não consegue mais voltar à posição original. Isso causa uma isquemia peniana, além de uma dor muito forte. Nesses casos, é preciso ir para o hospital fazer uma cirurgia de urgência ou uma manobra para voltar com o prepúcio”, detalha.

Fimose reduz a fertilidade?

Não é difícil achar comentários nas redes sociais afirmando que a fimose reduz a fertilidade. Zylbersztejn, no entanto, afirma que a condição não causa problemas nesse sentido. Ela pode gerar desconforto durante a relação sexual, mas não influencia a capacidade reprodutiva dos homens.

A condição também não causa impotência. “Dependendo do grau, pode haver incômodo pois a glande fica presa no prepúcio, gerando maior atrito, mas não prejudica a ereção”, afirma o Ministério da Saúde.

A circuncisão

O procedimento indicado para casos de fimose é a postectomia, também conhecida como circuncisão. De acordo com Cavalcante, ela é realizada sob anestesia local, podendo ser acompanhada ou não de sedação em pacientes adolescentes e adultos. Em crianças, geralmente é escolhida a anestesia geral. O paciente recebe alta logo após a cirurgia e deve seguir cuidados específicos, como limpeza delicada da região e aplicação diária de pomadas que auxiliam na cicatrização.

“Os primeiros dias costumam ser mais incômodos, devido à sensibilidade da região operada, mas geralmente se trata de uma cirurgia com pós-operatório fácil. Para evitar problemas após a cirurgia, aconselhamos o paciente a não realizar atividades físicas nos primeiros 10 dias ou mais, se a atividade física for de impacto”, diz.

No caso de relações sexuais, o indicado é esperar a cicatrização completa da ferida. “O mais importante é que, em caso de dúvida sobre a evolução da cicatrização da ferida no período pós-operatório, o paciente procure o médico ou serviço de saúde onde foi submetido à cirurgia para reavaliação”, destaca Cavalcante.

Adolescentes e urologistas

Para incentivar crianças e adolescentes a buscarem ajuda para essas e outras condições, a SBU desenvolve neste mês a 8ª edição da campanha #VemProUro, focada no público mais jovem.

“A campanha reforça que a saúde masculina deve ter atenção desde cedo, prevenindo complicações futuras e promovendo diagnósticos precoces”, destaca Zylbersztejn, que também é coordenador da campanha. “O objetivo é mostrar para a sociedade que os meninos e adolescentes também precisam ir ao médico, seja urologista, pediatra ou médico de família”.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2022, a frequência de meninas de 12 a 19 anos em atendimentos médicos era quase 2,5 vezes maior do que a dos meninos da mesma faixa etária. A discrepância era ainda mais evidente em consultas específicas, com meninas de 12 a 18 anos indo ao ginecologista 18 vezes mais do que os meninos buscando o urologista.

“Os meninos não têm um marco tão evidente quanto o início da menstruação para as meninas. Por isso, não se cria o hábito de ir ao médico preventivamente”, destaca Zylbersztejn.

Nas redes sociais, por meio do @portaldaurologia, a campanha reúne posts, vídeos e lives que esclarecem mitos e abordam temas como vacinação contra o HPV, varicocele, torção testicular, ejaculação precoce e tamanho do pênis.



Fonte: Externa