Apesar de ser um problema mais comum entre adultos e idosos, o herpes-zóster, conhecido como “cobreiro”, também pode afetar as crianças. O tema foi discutido na quinta-feira, 4, durante o 78º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, em São Paulo.
De acordo com Marcelo Otsuka, infectologista pediátrico e membro da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), o herpes-zóster acontece quando o vírus varicela zoster, o mesmo causador da catapora, é reativado. “O vírus é capaz de ficar latente no organismo e, mediante algumas situações, como imunodeficiências ou câncer, há uma queda na resposta imune e o vírus volta a se manifestar”, explica. Vale destacar, no entanto, que a ocorrência na infância é rara.
Herpes-zóster leva à formação de bolhas avermelhadas na pele Foto: sashka1313/Adobe Stock
Segundo Jane Tomimori, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), assim como acontece em adultos e idosos, as crianças acometidas pelo quadro podem apresentar pequenas bolhas agrupadas sobre uma região avermelhada, geralmente no tronco ou no rosto, quase sempre restritas a apenas um lado do corpo.
“A diferença é que a criança sente menos dor, a manifestação é um pouco mais suave”, ressalta a médica, que também é professora da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O infectologista pediátrico Marco Aurélio Safadi, presidente do departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), lembra que, entre os pequenos, o risco de progressão para a neuralgia pós-herpética (NPH), dor crônica e debilitante causada pela lesão do nervo, é bem menor. “Causa uma dor intensa que, às vezes, vai acompanhar os indivíduos por anos. Quanto mais velho (o paciente), mais comum é“, descreve.
Vacina só é indicada a adultos
Desde 2022, o Brasil conta com uma nova vacina contra a doença. Chamada Shingrix, ela está indicada a pessoas com imunocomprometimento a partir de 18 anos de idade e adultos com 50 anos ou mais. O imunizante protege contra o herpes-zóster e também reduz o risco de neuralgia pós-herpética.
Embora ainda não exista uma vacina específica contra o herpes-zóster para crianças, a vacinação contra a varicela, presente no calendário infantil brasileiro, é considerada uma forma de prevenção indireta, segundo a SBD.
“Manter a vacinação em dia é fundamental. E diante de qualquer lesão de pele incomum, especialmente em faixa única e com bolhas, os pais devem buscar o dermatologista”, orientou Elisa Fontenelle, em comunicado da entidade.
Tratamento
O tratamento, segundo Safadi, é sintomático. Ou seja, o médico vai indicar os medicamentos conforme os sintomas da criança. Mas, em algumas situações, como no caso de crianças com imunossupressão, câncer ou que convivem com HIV, o uso de antivirais é necessário.
Apesar de não existir uma vacina específica contra o herpes-zóster para o público infantil, uma maneira de reduzir os riscos de o vírus ser reativado é contar com um sistema imunológico em pleno funcionamento.