O Ministério da Agricultura investiga a suspeita de Influenza Aviária de alta patogenicidade (gripe aviária) em sete pontos do país. Em quatro deles, a suspeita foi identificada em aves silvestres: Espírito Santo (1), Rio de Janeiro (1), Santa Catarina (1) e Rio Grande do Norte (1). As outras três suspeitas são em galinhas do Rio Grande do Norte (1), Minas Gerais (1) e Mato Grosso do Sul (1).
Desde maio do ano passado, quando o primeiro caso de gripe aviária em aves silvestres veio à tona no Brasil, já foram detectados 161 casos. De acordo com a Secretaria de Defesa Animal (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária, apenas três foram em criação de galinhas para subsistência, o restante foi em aves silvestres e mamíferos marinhos. Nesses casos, cerca de 100 animais foram sacrificados.
O alerta de emergência para gripe aviária está prestes a vencer, mas será prorrogado. A coordenadora de Assuntos Estratégicos do Departamento de Saúde Animal, Anderlise Borsoi, explica que é necessário porque o perfil das suspeitas tem mudado e não se conhece exatamente as características da doença por aqui.
“Embora o país esteja em um platô de casos [não há aumento], o que temos visto é que as suspeitas de focos que eram localizadas no litoral estão mudando e, neste ano, têm muitas suspeitas dentro do continente. Isso pode indicar que as nossas aves, da nossa fauna, estão contaminadas”, afirma ao Agro Estadão.
Andrelise explica que o acompanhamento deve ser feito, mesmo que as suspeitas e confirmações até agora não tenham ocorrido em granjas comerciais, justamente para evitar que o vírus se espalhe. A diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sula Alves, afirma que o Brasil tem um trabalho de seguridade muito forte, que começa pela própria localização das granjas comerciais, que raramente são próximas de áreas litorâneas.
“Ninguém está livre do vírus, porque são aves migratórias que levam a doença. Ter uma introdução um pouco mais continental faz com que tenhamos de aumentar a vigilância. Não muda nosso nível de ação, mas aumenta a vigilância, porque vamos considerar áreas de risco onde antes não era”, explicou ao Agro Estadão.
De acordo com a ABPA, entre janeiro e março deste ano, o Brasil exportou 1,220 milhão de toneladas de carne de frango, volume 7,2% inferior ao saldo acumulado nos três primeiros meses de 2023. Os Emirados Árabes são o principal comprador e o Paraná, o maior estado produtor, seguido de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Brasil é um dos poucos países livres de influenza aviária
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) considera o Brasil livre de influenza aviária – um dos poucos no mundo. Esse status credencia o país a manter as vendas de frangos e ovos para o exterior.
“A prorrogação do alerta de emergência fitossanitária sinaliza para os países compradores que as medidas de precaução estão sendo tomadas, como a mobilização do serviço de sanidade o mais rápido possível em caso de suspeita de focos”, afirma Anderlise Borsoi.
A coordenadora da SDA explica que, com isso, o comitê interministerial de emergência segue realizando as reuniões quinzenais para tratar do assunto (formado por representantes dos Ministérios da Saúde, Agricultura e do Meio Ambiente). É o comitê que define a necessidade de compra de equipamentos e materiais para combater a emergência, ou a realização de campanhas de educação e comunicação, para que o cidadão saiba reconhecer os sinais clínicos da gripe aviária.
Já existe um Plano de Contingência para ser executado, caso algum foco de gripe aviária seja identificado em um plantel comercial. “Interditar a propriedade é a primeira ação – não sai carro, não sai produto, não sai nada. A partir do momento que se confirma esse foco, a gente expande essa interdição e a vigilância para um raio de até 10 km”, afirma.
Gripe aviária em gado leiteiro dos EUA não preocupa
Nas últimas semanas, os Estados Unidos confirmaram a presença de gripe aviária em vacas leiteiras em alguns estados e no Novo México. Mas isso não muda a estratégia de monitoramento aqui no país. A coordenadora da SDA explica que os EUA ainda estão estudando como o vírus foi transmitido de uma vaca para outra, e que isso não é comum, apesar do país conviver com a doença há muitos anos.
Anderlise Borsoi afirma que o Brasil está atento e monitorando o cenário internacional, com novas características do vírus. “As rotas migratórias [de aves] ficam no meio da mata, existem diferentes rotas e espécies de aves. E a quantidade de vírus que chegou ao país não foi tão grande capaz de espalhar. Além disso, os focos identificados foram eliminados com rapidez, e isso é importante”, conclui.
Para a rápida identificação, é necessário que os serviços veterinários dos estados sejam comunicados imediatamente. As principais características das aves infectadas são:
- – diarreia;
- – sinais respiratórios: a ave fica ofegante e com o bico aberto, com dificuldade para respirar;
- – problemas neurológicos: a ave não consegue andar ou voar, sofre tremores e fica com o pescoço torto;
- – quando há mortalidade de aves súbita ou elevada