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Fazer o bem é bom para a sua saúde, segundo pesquisas

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Fazer o bem é bom para a sua saúde, segundo pesquisas

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Quer aumentar sua felicidade e seu bem-estar? Gaste dinheiro, tempo ou energia com outras pessoas.

As pesquisas constatam de forma consistente que atos de altruísmo, como doar dinheiro, fazer trabalho voluntário ou doar sangue, beneficiam tanto quem recebe quanto quem doa – mesmo quando quem doa não espera nada em troca.

“Encontrar alegria em ajudar os outros é fundamental para quem somos como espécie”, diz Elizabeth Dunn, professora de psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica.

Ajudar os outros pode criar um ciclo de feedback positivo: como fazer o bem dá uma sensação boa, o altruísmo pode gerar mais altruísmo e mais bem-estar.

“Quando as coisas estão difíceis, muitas vezes você não sente vontade de sair da sua rotina para fazer algo que ajude outras pessoas ao seu redor”, comenta Abigail Marsh, professora de psicologia e do programa interdisciplinar de neurociência da Universidade de Georgetown. “Mas, na verdade, talvez seja uma das melhores coisas que você possa fazer”.

Atos de altruísmo beneficiam tanto quem recebe quanto quem doa.  Foto: Bro Vector/Adobe Stock

Ajudar os outros ajuda nosso bem-estar

Em um influente estudo de 2008, Elizabeth e seus colegas deram a 46 participantes uma pequena quantia de dinheiro (US$ 5 ou US$ 20, o equivalente a R$ 30 ou R$ 120, na cotação atual) e disseram a eles para gastarem consigo mesmos ou com outra pessoa. As pessoas que gastaram o dinheiro com os outros relataram ser mais felizes do que aquelas que gastaram consigo mesmas, independentemente da quantia.

O estudo inicial era pequeno, mas pesquisas posteriores confirmaram os benefícios de bem-estar dos gastos pró-sociais, entre elas um estudo de 2020 com quase 8 mil participantes.

Outras formas de fazer o bem, como voluntariado e doação de sangue, também podem ser benéficas e melhorar o humor e o bem-estar, segundo pesquisas. O trabalho voluntário, em particular, pode proporcionar “um pouco mais daquele brilho caloroso que você sente ao ver como suas ações beneficiaram outras pessoas”, descreve Abigail.

Doar parece literalmente eliminar nossa dor

Um estudo de 2019 relatou que as pessoas que fizeram atos altruístas, como doar dinheiro para órfãos, sentiram menos dor física quando receberam um choque elétrico ou o aperto de um torniquete, em comparação com aquelas que ganharam o dinheiro para si mesmas. Pacientes com câncer até mesmo sentiram um alívio da dor crônica.

Depois de um ato altruísta, neuroimagens por ressonância magnética mostraram que a atividade neural diminuiu no córtex cingulado anterior e na ínsula, que são áreas do cérebro relacionadas à dor. Ao mesmo tempo, a atividade aumentou no córtex pré-frontal, que é importante para dar significado ao ato altruísta.

Ser altruísta também traz dividendos de longo prazo para a saúde. As pessoas que ajudaram outras relataram que estavam mais satisfeitas com a vida e o trabalho e tiveram menos sintomas de depressão até dois meses depois, segundo um estudo de 2018.

Até pequenos atos de bondade podem ser surpreendentemente benéficos para nosso bem-estar. Abigail diz: “Eles mudam a forma como você pensa sobre si mesmo enquanto pessoa. De certa forma, promove sua crença em um mundo de pessoas que tentam ajudar umas às outras”.

A alegria de ajudar os outros pode ser fundamental

“Somos uma espécie tão social que fazer coisas que ajudam os outros é algo muito enraizado na nossa essência”, resume Abigail. “É uma coisa que a maioria das pessoas foi criada para querer fazer”.

O altruísmo provavelmente envolve regiões do cérebro ligadas ao processamento de recompensas, bem como o córtex pré-frontal medial, que parece ser “realmente importante para codificar o valor do bem-estar das outras pessoas”, afirma Shawn Rhoads, pesquisador de pós-doutorado em psiquiatria computacional na Icahn School of Medicine do Mount Sinai.

Até mesmo crianças com menos de 2 anos de idade parecem encontrar alegria em doar seus pertences, relatam Elizabeth e seus colegas em um estudo de 2012. Quando pediram a crianças pequenas que doassem seus biscoitos – “basicamente, o ouro das crianças” – elas pareciam mais felizes do que quando recebiam as guloseimas, conta Elizabeth, que também é coautora de Happy Money: The Science of Happier Spending.

Outra linha de evidência de que o altruísmo possa ter raízes evolutivas é o fato de que os benefícios do altruísmo para o bem-estar são observados em diferentes culturas do mundo todo.

Os estudos também mostram que o bem-estar e o altruísmo provavelmente têm uma relação bidirecional: as pessoas mais felizes tendem a se envolver em mais altruísmo, e as pessoas mais altruístas se sentem mais felizes.

“O que é ótimo”, comenta Abigail. “Isso significa que esses dois resultados benéficos podem se reforçar mutuamente”.

Ajudar os outros não beneficia apenas a pessoa que doa e a pessoa que recebe a ajuda, mas também outras pessoas que simplesmente observam os atos de altruísmo. “As pessoas que observam atos de altruísmo também tendem a se sentir melhor e menos cínicas em relação ao mundo em geral”, afirma Rhoads, que escreveu com Abigail um capítulo sobre a relação entre altruísmo e bem-estar no Relatório Mundial da Felicidade de 2023. É um “ciclo de feedback de comportamento pró-social muito interessante”.

Como retribuir aos outros

Os pesquisadores praticam o que estudam.

Rhoads dirige um programa de verão que ensina psiquiatria computacional a estudantes do ensino médio. Elizabeth leva seus amigos e seu filho ao Plenty of Plates, em Vancouver, para preparar refeições para pessoas carentes.

Abigail é voluntária em uma organização sem fins lucrativos que ela co-fundou para ajudar pessoas e famílias que enfrentam distúrbios de agressão. Ela também leva uma sacola extra para o parque para recolher o lixo quando passeia com seu goldendoodle, Doug, que recebeu o nome do cachorro do filme Up – Altas Aventuras, da Pixar, cuja segunda frase – “Acabei de te conhecer e te amo” – Abigail diz que a faz lembrar de alguns dos altruístas que ela estuda.

Aqui está o que os especialistas aconselham.

  • Comece agora: Faça sua pesquisa, mas não deixe de ajudar só porque está esperando a oportunidade perfeita, disse Dunn. “Mesmo pequenas doações fazem diferença, tanto para as instituições beneficentes que as recebem quanto para os benefícios emocionais que observamos entre os doadores”, disse ela.
  • Foque no local: Embora as pessoas geralmente pensem em ajudar grandes instituições de caridade internacionais, fazer doações ou fazer voluntariado em organizações da vizinhança pode ajudar a “costurar o tecido da comunidade local”, disse Marsh. Isso também ajuda você a fazer amigos, ver seu efeito de perto e mudar as normas locais, acrescentou ela.
  • Pergunte às pessoas quais instituições de caridade elas apoiam: Você pode não só conhecer outras oportunidades, mas também criar conexões entre você e elas, disse Dunn.
  • Permita-se gostar de retribuir: Talvez você sinta culpa por se sentir bem ao ajudar os outros. Mas “não tem problema se sentir bem ao doar”, disse Dunn. “É um jeito maravilhoso de se sentir feliz”.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Fonte: Externa

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