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Exame molecular substitui o papanicolau para detectar o câncer de colo de útero no SUS; conheça

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Exame molecular substitui o papanicolau para detectar o câncer de colo de útero no SUS; conheça

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Desde a última sexta-feira, 15, o teste de biologia molecular DNA-HPV, indicado para o rastreio do câncer de colo de útero, passou a ser oferecido de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). A tecnologia, desenvolvida nacionalmente, vai substituir gradativamente o exame de papanicolau, que passará a ser realizado apenas para confirmação de casos em que o teste molecular der positivo.

O teste é capaz de identificar 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV) e detectar a presença do vírus no organismo antes do surgimento de lesões ou do câncer em estágio inicial, mesmo em mulheres assintomáticas.

“O papanicolau detecta a presença de células doentes. Já o teste de DNA-HPV detecta o vírus, mesmo antes de causar doenças. Ele é altamente sensível”, explica Ailma Larre, ginecologista oncológica, da Aliança Nacional para Eliminação do Câncer do Colo do Útero, uma parceria do Instituto Vencer o Câncer e o Grupo Mulheres do Brasil.

Ainda de acordo com a especialista, a nova tecnologia permite um acompanhamento rigoroso das mulheres que testarem positivo. Elas serão submetidas a mais exames, com o objetivo de diagnosticar problemas causados pelo HPV.

“O impacto disso na qualidade de vida é enorme: permite diagnosticar mais lesões na fase pré-câncer e aumenta o diagnóstico de câncer nas fases iniciais, quando os tratamentos são menos agressivos e com melhores resultados”, adiciona.

Luiz Felipe Lessa, oncoginecologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destaca que o DNA-HPV apresenta uma sensibilidade entre 90-95% para a detecção de lesões de alto grau em comparação com cerca de 50-60% do papanicolau.

“Essa superioridade diagnóstica reduz de 40% a 50% o número de exames repetidos decorrentes de resultados falso-negativos. Além disso, permite intervalos mais longos entre rastreamentos negativos (até cinco anos, contra três anos no caso de papanicolau), com queda estimada de 30% a 35% nos custos operacionais e significativa diminuição da sobrecarga dos serviços laboratoriais”.

O novo teste também pode diminuir os gastos em saúde. De acordo com Lessa, simulações de custo-efetividade indicam que a triagem primária com DNA-HPV pode gerar uma economia de 25% a 30% para o SUS em comparação ao papanicolau, além de projetar uma queda de até 40% na incidência de câncer do colo do útero invasivo ao longo dos anos.

“A estratégia se mostra mais eficiente, sustentável e com maior racionalização de recursos para o sistema público de saúde”, resume o médico.

Possibilidade de autocoleta

Assim como ocorre no papanicolau, o teste de DNA-HPV exige a realização de um exame ginecológico e a coleta da secreção do colo do útero. A diferença está no destino do material: em vez de ser colocado em uma lâmina, ele é armazenado em um tubo com um líquido conservante, que é encaminhado ao laboratório para a análise do DNA do vírus.

Para mulheres com dificuldade de acesso a serviços de saúde ou que tenham resistência à realização de exames ginecológicos, a autocoleta será uma opção. Ailma entende que isso é uma inovação promissora. “Por razões pessoais ou barreiras culturais e geográficas, muitas mulheres deixam de fazer exames ginecológicos regularmente. Questões de gênero também podem reduzir a busca pela prevenção, e a autocoleta pode ser uma estratégia eficaz. A possibilidade de realizar a coleta em casa pode aumentar a adesão ao rastreamento do câncer de colo.”

De acordo com ela, estudos apontam que a autocoleta tem uma taxa de acerto comparável à coleta feita no consultório, desde que a população seja orientada corretamente. “Para regiões remotas, comunidades ribeirinhas, quilombolas ou áreas urbanas de difícil acesso, a autocoleta pode aumentar de forma significativa a prevenção e reduzir a incidência e mortalidade de doenças causadas pelo HPV”, destaca.

Câncer de colo do útero

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o HPV é a principal causa por trás do desenvolvimento do câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer mais comum em mulheres. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam 15 casos da doença a cada 100 mil mulheres no Brasil.

“No Brasil, 60% dos casos de câncer de colo de útero são diagnosticados nos estágios avançados. Nas áreas mais vulneráveis, pode chegar a 80%. As diversas regiões do Brasil têm diferenças significativas no que se refere à eficácia do rastreamento. A incidência e a mortalidade por câncer de colo é maior nas regiões Norte e Nordeste do País”, ressalta Ailma.

As principais razões para os altos números, de acordo com ela, é o acesso limitado a exames preventivos e a baixa efetividade do rastreamento atual. “De forma geral, o exame preventivo é recomendado para todas as mulheres entre 25 e 64 anos. Mas o câncer de colo é causado pelo HPV. Então, por que estamos fazendo exames, regularmente, em mulheres que não têm o HPV? É nessa questão que entra a importância do teste molecular: ele permite identificar quem tem HPV, que é a população em risco para o câncer de colo”, descreve a oncologista.

O teste de DNA-HPV é 100% nacional. Ele foi desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Lessa entende que produzir essa tecnologia no Brasil dá mais autonomia ao País, reduz a dependência de importações e ainda fortalece a produção científica nacional.

Fonte: Externa

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