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Está com dificuldade para ouvir? App da OMS avalia perda auditiva

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Está com dificuldade para ouvir? App da OMS avalia perda auditiva

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Veja como fazer o teste de audição no aplicativo hearWHO

O teste feito pelo aplicativo da OMS exige um telefone celular e fones de ouvido. Crédito: Amanda Botelho e Júlia Pereira/Estadão

Cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam algum grau de perda auditiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando se considera a população mundial, esse número salta para 360 milhões, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante desse cenário, a organização criou um aplicativo que ajuda a avaliar a qualidade da audição e que, agora, passa a ser ofertado também em português.

Disponível desde 2019 nos seis idiomas oficiais da OMS (árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol), o aplicativo hearWHO está disponível agora também para o público brasileiro graças a uma colaboração da OMS com pesquisadores do campus de Bauru da Universidade de São Paulo (USP), da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

De acordo com pesquisadores envolvidos na parceria, a ferramenta auxilia na autoavaliação da audição e, com isso, pode acelerar a busca por ajuda especializada.

“Se o teste indicar uma possível perda auditiva, o ideal é que o usuário procure profissionais especializados, como o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo. Quanto mais cedo a condição for detectada, mais cedo será feito o diagnóstico e o tratamento”, explica Deborah Viviane Ferrari, professora do departamento de Fonoaudiologia da USP e membro do conselho consultivo da OMS para o desenvolvimento do aplicativo.

Aplicativo hearWHO em português, desenvolvido pela OMS em parceria com a USP Bauru Foto: TV USP Bauru/Divulgação

O teste feito pelo aplicativo exige um telefone celular e fones de ouvido. É necessário ainda que o usuário garanta que condições externas não afetem o resultado. Por isso, é fundamental estar em um ambiente silencioso e livre de distrações durante a realização da avaliação.

Como uma ferramenta que pode auxiliar na detecção precoce da perda auditiva, o app hearWHO utiliza como método o Teste de Dígitos no Ruído (TDR). Deborah explica que a escolha reflete uma situação real do cotidiano, que são as falas em ambientes ruidosos. “Isto é algo que vivenciamos frequentemente, tornando o teste mais representativo das dificuldades auditivas que impactam a comunicação na vida diária”, aponta.

O TDR tem grande validação na literatura científica, segundo a docente, por conta da alta sensibilidade e especificidade para a detecção das perdas auditivas.

Além de ter rápida execução (levando menos de três minutos para ser feito), o teste traz estímulos simultâneos para os ouvidos direito e esquerdo e utiliza apenas números de zero a nove para facilitar a compreensão a todos os públicos.

Como o teste é feito?

Para chegar ao resultado, o hearWHO avalia a capacidade de compreensão total de metade dos 23 conjuntos numéricos comunicados no teste. Cada conjunto é composto por três dígitos, pronunciados com diferentes intensidades de ruído de fundo.

“Chamamos isso de limiar de reconhecimento de fala. Com base em diferentes estudos, definimos alguns pontos de corte deste limiar, que correspondiam ao desempenho de pessoas com audição normal e daquelas com perda auditiva”, explica Deborah.

Com um resultado que varia de 0 a 100, a pontuação pode ser interpretada conforme a estratificação abaixo, mas os especialistas ressaltam que a triagem não substitui uma avaliaçao completa feita por um profissional.

  • Pontuação maior que 70 indica que a audição é normal;
  • Pontuação entre 50 e 70 indica que já existe alguma perda auditiva e o app sugere o monitoramento da audição;
  • Pontuação menor que 50 indica perda auditiva e o app sugere busca por especialista para diagnóstico e tratamento.

O teste pode ser refeito a qualquer momento, o que permite um monitoramento regular da audição. “A Organização Mundial da Saúde recomenda que todos os adultos a partir dos 50 anos realizem triagens auditivas regulares”, enfatiza a docente. Segundo ela, entre os 50 e 64 anos, a avaliação pode ser feita a cada cinco anos; já a partir dos 65 anos, a frequência deve aumentar, com triagens a cada um a três anos.

Quem está exposto a ambientes muito barulhentos ou que já percebe dificuldades para ouvir ou compreender a fala, ou apresenta queixas como zumbido deve fazer monitoramento mais frequente, independentemente da idade.

Acessando o teste de audição

Após o download do aplicativo e aceite dos termos de serviço, o usuário é orientado sobre o local adequado para a realização do teste e verifica o status da conexão com o fone – caso você esteja utilizando um modelo conectado via Bluetooth, como foi no teste feito pela reportagem.

O hearWHO também permite ajuste do volume e, apesar de não dar um direcionamento claro nessa parte, intuitivamente optamos por manter o volume máximo do aparelho.

No entanto, Deborah explica que o ajuste deve seguir até o nível mais confortável para a audição. “O TDR é um teste supralimiar, então o estímulo é propositalmente apresentado em um nível acima do limiar de audição do indivíduo. E este nível mais confortável vai variar de pessoa para pessoa”, salienta a profissional, que defende a calibragem livre para respeitar os limites de cada pessoa que realiza o teste.

Após o ajuste de volume, é possível acessar um breve informativo sobre o funcionamento do teste para, então, criar um perfil e passar por uma simulação.

Nessa etapa, vale ter atenção porque o app adota automaticamente o inglês. Por isso, antes de começar, é preciso acessar o ícone de idiomas (que fica na tela principal, à esquerda) e ajustar a linguagem, clicando em “feito” para salvar a alteração. Por fim, ao clicar no botão “Verifique sua audição”, é possível iniciar o teste.

Quem é mais suscetível à perda auditiva?

Um artigo que traça o perfil epidemiológico das pessoas com perda da audição destaca duas potenciais causas: questões relacionadas ao ambiente de trabalho e o processo natural do envelhecimento. Por isso, não é de se estranhar que a condição seja comum em idosos, que representam 41% do público estudado.

O comprometimento da audição também pode estar associado a casos de otite, diabetes, hipertensão arterial, reumatismo, dentre outras doenças. Isso traz à tona a necessidade de se pensar em meios que criem condições para um envelhecimento mais saudável. Para isso, os cuidados precisam ser adotados muito antes da idade adulta.

A docente alerta para outros grupos que demandam atenção: “Embora a perda auditiva seja mais prevalente em indivíduos acima de 60 anos, as pesquisas mostram que jovens estão sendo acometidos em função da exposição a sons intensos”. Corroborando essa informação, o mesmo artigo que destaca a terceira idade como principal grupo exposto à perda auditiva, também aponta jovens de 12 a 18 na segunda posição (representando 35% do público).

“Entre as principais recomendações está a redução da exposição a ruídos intensos ou prolongados”, orienta Deborah, que destaca shows e espaços industriais como exemplos de ambientes muito ruidosos.

Além disso, a pesquisadora reforça a necessidade de utilização consciente de fones de ouvido. “Recomendamos limitar o uso diário e manter o volume em, no máximo, 60% da capacidade do dispositivo”, orienta.

Manter a vacinação em dia é outra precaução, já que previne infecções que podem comprometer a qualidade auditiva, assim como o controle de doenças crônicas que afetam a circulação do sangue no ouvido, como hipertensão e diabetes.

Evitar a automedicação também é recomendado, pois alguns medicamentos são ototóxicos (o que significa que podem causar danos diretos à audição e ao equilíbrio). E, somado a tudo isso, evitar a limpeza interna do ouvido. “O uso de hastes flexíveis ou objetos pontiagudos pode causar ferimentos e até perfurar a membrana timpânica (tímpano)”, alerta.

Fonte: Externa

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