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Eldorado Celulose: J&F prevê investimento de R$ 25 bi para erguer segunda fábrica em MS

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Eldorado Celulose: J&F prevê investimento de R$ 25 bi para erguer segunda fábrica em MS

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A Eldorado Brasil Celulose programa investimentos de R$ 25 bilhões e prevê iniciar em breve o projeto de sua segunda linha de produção em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, anunciou nesta segunda-feira, 22, o empresário, fundador e acionista da J&F Investimentos, Wesley Batista, durante a realização do Seminário Brasil Hoje, evento realizado pela Esfera Brasil.

A construção da segunda fábrica em Três Lagoas era um antigo projeto voltado para fortalecer a produção de celulose de fibra curta da Eldorado. O plano, no entanto, foi prejudicado e deixou de sair do papel por conta da disputa judicial pelo controle da empresa que se arrasta pelos últimos seis anos entre os dois grupos acionistas da empresa, a J&F e a Paper Excellence, da Indonésia (leia mais abaixo).

Durante o evento, Wesley Batista reconheceu a situação difícil em que chegou a disputa judicial entre os acionistas da Eldorado. “Nós felizmente temos conseguido diversos avanços no campo jurídico e no esclarecimento do que se trata essa disputa. Estamos em uma condição de dizer que o projeto vai sair. Ele vai andar e vamos pôr esses R$ 25 bilhões em investimento para a operacionalização”, afirmou o executivo durante o evento.

O aporte para a construção da segunda linha deve elevar a produção anual de celulose da Eldorado de 1,8 milhão de toneladas para cerca de 4,4 milhões de toneladas. Serão criados 10 mil empregos durante a fase de construção, com a geração de 2 mil postos de trabalho permanentes após a conclusão da nova linha de produção. Hoje, a companhia opera com 5 mil funcionários.

Fábrica da Eldorado tem capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas por ano Foto: Eldorado Brasil/Divulgação

Em 2023, a Eldorado lucrou R$ 2,34 bilhões. A empresa exporta celulose para 40 países em todos os continentes e teve o seu projeto de expansão classificado por Wesley Batista como o principal projeto de investimento do grupo J&F.

Além da segunda fábrica, a previsão é que a companhia deve construir uma ferrovia de 90 km que deve conectar a planta em Três Lagoas até o município de Aparecida do Taboado, na parte Leste de MS. Outra parte dos recursos também será direcionada para a operação florestal na região.

Disputa judicial

A disputa entre J&F e Paper Excellence pelo controle da Eldorado remonta a 2017, quando foi acertada a venda da empresa por R$ 15 bilhões, entre dívidas e compra de ações.

Na ocasião, a Paper Excellence se comprometeu a comprar 49,41% das ações da fabricante de celulose, por R$ 3,8 bilhões, e deveria assumir o restante das ações mediante outro pagamento de R$ 4,2 bilhões até setembro de 2018.

Depois de vencida a data-limite sem a transação ser concretizada, a J&F manteve as suas ações, alegando que a PE não detinha os recursos financeiros para fazer o aporte. A empresa do empresário indonésio Jackson Wijaya, por sua vez, reclamava a liberação de garantias da J&F por suas dívidas, antes de fechar o pagamento.

Com o impasse, foi instaurada uma arbitragem — finalizada em fevereiro de 2021, a favor da Paper Excellence. A J&F recorreu da decisão em duas instâncias. A principal alegação da holding era que um dos árbitros, Anderson Schreiber, deveria ter avisado sobre a possibilidade de conflito de interesses em sua função, porque o escritório do qual foi associado teria compartilhado salas, clientes, telefones, funcionários e despesas com o escritório que defendia a PE. Desde então, a briga vem se arrastando.

Investimento bilionário em mineração

Ao longo do evento, Wesley Batista comentou que o Brasil “voltou a ser a bola da vez”. Ele prevê o início de um ciclo virtuoso de crescimento e mencionou estar otimista com o caminho que o País está seguindo, destacando que há estabilidade do ponto de vista regulatório, ambiente democrático e forte mercado consumidor. “Claramente o governo está caminhando para um ajuste das contas e do déficit fiscal, com reformas em andamento”, acrescentou.

O empresário relembrou que a holding J&F tem a expectativa de investir até R$ 50 bilhões em projetos de crescimento até 2026, o que já inclui os R$ 25 bilhões anunciados para a Eldorado.

Além dos investimentos na segunda fábrica de celulose, o executivo também prevê um aporte de R$ 15 bilhões para a JBS voltada para a expansão operacional. Outro aporte destacado por Wesley é o de R$ 5 bilhões para a J&F Mineração, voltado para a construção de 400 barcaças. “Esse investimento vai movimentar a indústria naval”, acrescentou o empresário.

O principal produto comercializado pela mineradora do grupo J&F é o lump, um granulado de minério de ferro de alto teor. A ambição da empresa é sair do patamar de produção em torno de 2,7 milhões de toneladas de minério de ferro para a faixa de 50 milhões de toneladas da commodity no médio prazo.

Acordo de leniência

A holding J&F ganhou um alívio em dezembro do ano passado, quando o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos do acordo de leniência que a empresa assinou com o Ministério Público Federal (MPF) em 2017.

De modo monocrático, Toffoli atendeu a um pedido da companhia dos empresários Joesley e Wesley Batista, envolvida na Operação Lava Jato. Os empresários alegavam que procuradores da República que participavam da força-tarefa da Lava Jato coagiram os representantes da J&F, desvirtuando mecanismos legais de combate à corrupção.

Além de suspender temporariamente os efeitos do acordo, incluindo o pagamento, pela empresa, de multas que, juntas, superam R$ 10,3 bilhões, Toffoli concedeu à J&F acesso a todo o material probatório reunido no âmbito da Operação Spoofing, deflagrada em 2019 para investigar a troca de mensagens que, supostamente, indicam que o então juiz federal Sergio Moro e integrantes do MPF combinavam procedimentos investigatórios no âmbito da Lava Jato.

Os pedidos da J&F tiveram por base decisão anterior do próprio ministro Dias Toffoli, que, em setembro de 2023, invalidou todas as provas obtidas por meio dos acordos de leniência que a Novonor (antigo Grupo Odebrecht) assinou com o MPF, comprometendo-se a colaborar com as investigações decorrentes de fatos apurados no âmbito da Lava Jato. Assinado em 2016, o acordo de leniência da antiga Odebrecht foi homologado em 2017 pelo então juiz Sergio Moro. /Com Agência Brasil

Fonte: Externa

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