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Ejaculação precoce é a disfunção sexual mais comum entre os homens brasileiros, mas ainda é tabu

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Ejaculação precoce é a disfunção sexual mais comum entre os homens brasileiros, mas ainda é tabu

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Seis em cada dez homens brasileiros afirmam estar sempre preocupados com o desempenho sexual, segundo um levantamento divulgado nesta terça-feira, 15. A cobrança constante por performance, alimentada por padrões irreais e falta de informação, ajuda a explicar a disfunção sexual mais comum nessa população: 20% dos entrevistados contaram sofrer frequentemente com ejaculação precoce e 35% relataram episódios ocasionais.

“O homem acha que é uma máquina sexual, que tem de estar sempre pronto (para o ato), mesmo que não queira”, diz o urologista Luiz Otávio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “Muitas vezes, entra na relação sexual sem estar com a cabeça voltada para aquilo, aí falha.”

Torres destaca que falhar ocasionalmente é normal, mas os homens, em geral, e os brasileiros, em especial, não estão preparados para isso. “Vira uma bola de neve”, resume.

Ejaculação precoce pode abalar a autoestima e os relacionamentos Foto: Louis Beauchet/Adobe Stock

O levantamento foi encomendado pela SBU, com apoio da Farmoquímica (FQM), e foi realizado pelo Instituto Ideia. A pesquisa foi aplicada por meio de um questionário on-line e contou com a participação de mais de 3,2 mil homens e mulheres com 18 anos ou mais.

A divulgação dos resultados ocorre nesta terça em alusão ao Dia do Homem, no qual a SBU busca reforçar a importância da prevenção, do autocuidado e do enfrentamento de problemas de saúde que ainda são negligenciados no universo masculino.

Ejaculação precoce: o que é?

Torres define ejaculação precoce como uma condição na qual o homem ejacula rápido. Quão rápido? É preciso integrar um olhar subjetivo para essa avaliação.

Em pesquisas realizadas para medir o tempo médio até a ejaculação, cientistas pediram que casais usassem um cronômetro na hora do sexo. A parceira apertava o botão no momento da penetração e parava quando o parceiro ejaculava. A mediana, em geral, ficou entre 5 e 6 minutos.

Segundo o urologista, esses estudos ajudaram a definir o que teoricamente seria uma ejaculação precoce: algo em torno de 1 a 2 minutos após a penetração.

Mas, além dos minutos, é preciso entender se isso gera um problema para o casal. “Vamos supor: o homem ejacula em 3 minutos, mas a mulher tem o orgasmo em 1 minuto. Então não há um problema para o casal (logo, não seria um caso de ejaculação precoce)”, explica o médico.

Causas da ejaculação precoce

A principal causa da ejaculação precoce é psicológica, afirma Torres, relacionada ao temor pelo desempenho sexual e por ansiedade.

No entanto, algumas doenças, como infecções locais, também podem estar por trás do problema, o que reforça a necessidade de consultar um médico urologista.

Classificação

A ejaculação precoce pode ser classificada em dois tipos, a depender do momento da vida no qual aparece:

  • Primária: quando está presente desde as primeiras experiências sexuais;
  • Secundária: surge após um período de desempenho considerado normal.

Na pesquisa, cerca de 50% dos homens que convivem com o problema relataram que ele ocorre desde o início da vida sexual, e 30% disseram que o quadro surgiu com o passar dos anos.

Pornografia

A literatura científica aponta que é comum a ejaculação precoce ter início já nas primeiras experiências sexuais. Por um lado, há a própria excitação diante de algo muito novo, mas os especialistas também destacam o papel da ansiedade de desempenho, da falta de educação sexual e da exposição a padrões irreais — como os vistos na pornografia.

“Hoje, a juventude está muito mais próxima da pornografia e nesses filmes o ator ‘fica’ 40 minutos sem ejacular”, comenta Torres. “Mas muitas vezes esse ator tomou remédios ou a própria gravação foi feita em mais de um dia”, acrescenta. “Nenhum de nós é igual a esses caras da pornografia.”

Tratamento

A ejaculação precoce tem tratamento. A primeira orientação do urologista, especialmente para homens mais jovens, é procurar um sexólogo e iniciar o que é chamado de “terapia sexual”, que busca ensinar técnicas de controle ejaculatório e reduzir a ansiedade durante a relação.

Quando o paciente não se adapta ou prefere não fazer terapia, é possível recorrer a medicamentos. Até 2023, a única opção era um remédio de uso contínuo, mas agora há um fármaco usado sob demanda, isto é, pouco antes da relação sexual.

Apesar da praticidade, o uso deve sempre ser feito com acompanhamento médico, já que há contraindicações e possíveis efeitos colaterais.

Silêncio

O problema é que, de modo geral, os homens evitam procurar atendimento médico e, quando a queixa envolve saúde sexual, essa resistência costuma ser ainda maior. “É como se ele estivesse se expondo como não-homem”, lamenta Torres.

Muitas vezes, quem marca a consulta é a parceira. Mas, quando o assunto é ejaculação precoce, a dinâmica muda.

No levantamento, metade das parceiras disse lidar com a questão de forma compreensiva, incentivando o diálogo, porém 40% contaram incentivar o uso de medicamentos para prolongar o tempo até a ejaculação. Além disso, 30% dos homens afirmaram que suas companheiras já fingiram não perceber o problema.

O silêncio, no entanto, pode ter um custo alto — tanto para o bem-estar do homem quanto para a saúde da relação. “Isso pode gerar, inclusive, o término do relacionamento”, alerta Torres.

Fonte: Externa

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