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De timidez a lacrimejamento: como reconhecer e tratar problemas oculares comuns na infância?

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De timidez a lacrimejamento: como reconhecer e tratar problemas oculares comuns na infância?

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Aproveitando a volta às aulas, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) publicou nesta segunda-feira, 4, uma cartilha sobre saúde ocular na infância, com informações sobre sinais de alerta e recomendações para cuidar da visão de crianças e adolescentes. O material, feito em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), destaca que prevenir e reconhecer problemas nessa fase é essencial para evitar quadros graves, que podem evoluir para baixa visão e até mesmo cegueira.

Coçar os olhos com muita frequência é um dos sinais que merecem atenção Foto: Anchalee/Adobe Stock

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 500 mil crianças de todo o planeta ficam cegas a cada ano. No entanto, aproximadamente 80% dos casos poderiam ser evitados ou tratados de forma precoce.

Segundo a oftalmologista Wilma Lelis Barboza, presidente do CBO, as crianças podem apresentar desde condições relacionadas à prematuridade, como a retinopatia da prematuridade (ROP), até doenças congênitas, a exemplo de catarata ou glaucoma congênito, e tumores, como o retinoblastoma. “Algumas dessas doenças são raras, mas podem afetar não apenas a visão, como também a qualidade de vida da criança”, pontua.

Muitos quadros oculares não apresentam sintomas claros no início e podem passar despercebidos. Por isso, algumas pistas devem acender o sinal de alerta. “Crianças que fecham os olhos ao sair na claridade, que apresentam algum desvio nos olhos ou que reclamam de dor de cabeça podem estar manifestando sinais de problemas oculares. Quando se aproximam demais da televisão ou (do quadro) na sala de aula para enxergar, também é um sinal de que algo pode não estar bem”, descreve Wilma.

O recado é não menosprezar nenhuma alteração. Um lacrimejamento constante pode indicar uma obstrução no canal lacrimal, por exemplo. Muitas vezes, vermelhidão e coceira frequente exigem tratamento. E, se após os 4 ou 6 meses de vida os olhos da criança se mostram desalinhados de forma recorrente ou esporádica, há chance de ser estrabismo.

Vale destacar que o estrabismo não é um problema apenas estético. “Quando um dos olhos está desviado, ele perde a conexão com o cérebro e, por isso, acaba se tornando um olho de baixa visão. Antes de tratar a questão estética, é fundamental desenvolver a visão desse olho. Por isso é tão importante que essas crianças sejam avaliadas antes dos 7 anos de idade”, ressalta Wilma.

Atenção à timidez

“Algumas crianças apresentam graus tão altos de dificuldade para enxergar que acabam se tornando mais reclusas e desenvolvem um comportamento mais tímido”, comenta a presidente do CBO. Ou seja, o dilema não é a timidez em si nem uma limitação social: trata-se de um déficit de visão que impacta a capacidade de enxergar o ambiente e interagir.

Outro ponto levantado no documento é a necessidade de conhecer os marcos visuais, isto é, marcadores do desenvolvimento ocular da criança que são fundamentais para identificar possíveis complicações. Por exemplo: no primeiro mês, o bebê deve ser capaz de fixar o olhar por alguns segundos. No segundo mês, espera-se que faça contato visual e demonstre interesse por rostos humanos. No terceiro, já deve acompanhar objetos com os olhos.

Aos seis meses, o bebê deve usar os dois olhos juntos para seguir objetos com facilidade. E, aos nove meses, é esperado que reconheça rostos familiares e reaja a expressões faciais. Se a criança não atingir esses marcos, é essencial buscar um oftalmologista.

Conjuntivite e terçol são quadros comuns

Segundo Wilma, é normal lidar com infecções nos olhos durante a infância, com destaque para a conjuntivite. “Isso acontece por questões de hábitos de higiene e de convívio com muitas crianças em creches e escolas”, afirma.

A conjuntivite é a inflamação da porção que cobre a parte branca dos olhos, causando vermelhidão, secreção e coceira. Ela pode ser viral, química, bacteriana ou alérgica.

No caso da conjuntivite viral, medidas simples são indicadas para aliviar o desconforto, como aplicar compressas frias de água filtrada para reduzir o inchaço e a irritação. Na maior parte dos casos, o quadro melhora sozinho. Se a infecção durar muito tempo, é recomendado procurar ajuda.

“Outro quadro comum são as infecções na pálpebras, como os terçóis. Essas infecções são muito frequentes nessa faixa etária e merecem cuidados que podem se iniciar em casa, como limpeza, compressas quentes e massagens no local. São coisas com que os próprios pais podem lidar internamente”, comenta a presidente do CBO.

Exames devem ser feitos de forma recorrente

Mesmo sem sinais aparentes, Wilma reforça que as crianças devem passar por exames de forma regular. Ainda na maternidade, nas primeiras 72 horas de vida, os bebês devem fazer obrigatoriamente o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), que ajuda no diagnóstico de doenças congênitas. Mas o indicado é que o exame seja realizado três vezes por ano nos primeiros três anos de vida.

Nesses três primeiros anos, também é importante que um profissional de saúde faça uma avaliação de como está a visão da criança, de acordo com a idade. Outra recomendação é a realização de um exame oftalmológico completo em dois momentos: entre 6 e 12 meses de idade e novamente entre 3 e 5 anos.

“Se a criança tiver a oportunidade de fazer os exames entre os 3 e 4 anos será ótimo, mas fundamentalmente tem que ser antes dos 6 anos. Esse é o período de formação da visão, que se encerra por volta dos 7 anos. É preciso haver um exame antes disso para que, se identificado algum problema, seja possível fazer atividades que estimulem o desenvolvimento visual”, explica Wilma.

Uso de telas preocupa

De acordo com a cartilha, o tempo de uso de telas por crianças e adolescentes deve ser monitorado. “Existem dois pontos fundamentais. O primeiro é que, quando as crianças estão focadas nas telas, ficam muito próximas (do aparelho) e os olhos precisam convergir, o que pode causar problemas relevantes, como distúrbios de movimentação ocular e levar à miopia”, cita Wilma.

“O outro é que elas acabam privadas do ambiente externo e da luz solar, que são muito importantes para o desenvolvimento visual”, adiciona.

O indicado é que crianças abaixo de 2 anos não tenham nenhuma exposição a telas. Depois dessa idade, a orientação é a seguinte:

  • Entre 2 e 5 anos: até 1 hora diária
  • Entre 6 e 10 anos: até 2 horas por dia
  • Entre 11 e 18 anos: até 3 horas diárias

Também é recomendado que as crianças e os adolescentes passem pelo menos 2 horas por dia praticando atividades ao ar livre.

Uma dica que pode ajudar é a regra do 20-20-20. Depois de passar 20 minutos olhando para alguma tela, é importante desviar o olhar para algum objeto a cerca de 6 metros de distância (20 pés) por 20 segundos.

Fonte: Externa

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