BRASÍLIA- A marca Colgate foi alvo, na última semana, de reclamações de consumidores que relataram efeitos adversos que seriam decorrentes do uso de uma das pastas de dente comercializada pela empresa. O produto passou por uma alteração na fórmula original, que a empresa afirma ser segura e ter passado por testes rigorosos (leia mais abaixo).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram registrados pelo menos 13 casos de eventos adversos relacionados a cremes dentais da Colgate. Além disso, pelo menos 20 reclamações foram registradas na página do Reclame Aqui da Colgate-Palmolive.
Colgate Total Prevenção Ativa substituiu a Colgate Total 12 Foto: Divulgação/Colgate
Qual o produto alvo das reclamações?
Os consumidores reclamam de reações alérgicas após o uso da pasta Colgate Total Prevenção Ativa, uma nova versão da Colgate Total 12.
O novo produto traz uma alteração na fórmula original. A pasta Total Prevenção Ativa utiliza fluoreto de estanho, enquanto a versão anterior empregava fluoreto de sódio.
Quais os sintomas relatados?
As queixas indicam inchaço nas amígdalas, nos lábios e na mucosa oral; ardência; gengiva irritada; vermelhidão; dormência e secura na boca.
“No início de janeiro, observei uma afta no freio da língua e, com o passar dos dias, foram aparecendo outras em volta. A região abaixo da língua ficou muito inchada, a ponto de prejudicar minha fala”, conta Aline Dourado, de 30 anos.
Ela passou a utilizar a nova pasta de dente em dezembro e logo observou o aparecimento das reações.
O que dizem os especialistas?
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) orienta que, em caso de reação adversa decorrente do uso de cremes dentais, os consumidores devem interromper imediatamente o uso do produto.
Segundo o Crosp, tanto o fluoreto de estanho (SnF2) quanto o fluoreto de sódio (NaF) são eficazes como anticárie devido ao fluoreto — o flúor fortalece o esmalte dos dentes, tornando-os mais resistentes à cárie e auxiliando na remineralização de áreas enfraquecidas. O conselho pontua que as reações adversas não podem ser atribuídas ao íon flúor (fluoreto), já que ele está em ambas as fórmulas.
Jaime Aparecido Cury, doutor em Ciências Biológicas e Professor Emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), consultado pelo Crosp, afirma que todos os ingredientes utilizados nesses produtos são aprovados pela Anvisa.
O Conselho Federal de Odontologia (CFO) diz que não recebeu reclamações a respeito do tema.
O que diz a empresa?
Em nota, a Colgate-Palmolive diz que o fluoreto de estanho é seguro, eficaz e amplamente usado em cremes dentais ao redor do mundo.
Segundo a empresa, “a nova fórmula é o resultado de mais de uma década de pesquisa e desenvolvimento e testes extensivos com consumidores, inclusive no Brasil”.
A empresa afirma ainda que os produtos passam por testes rigorosos e são aprovados por agências regulatórias. Os clientes podem entrar em contato com a empresa pelo número 0800 703 7722.
A Colgate-Palmolive reconhece, porém, que “uma pequena minoria das pessoas pode apresentar sensibilidade a determinados ingredientes – como fluoreto de estanho, corantes ou sabores”. Nessas situações, ela recomenda que os consumidores parem de usar o produto. Com a interrupção, “qualquer reação relacionada a ele cessará”, diz a Colgate.
O que diz a Anvisa?
A Anvisa informa monitorar o caso e pede que consumidores relatem os eventos adversos na página da agência.