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Canetas para obesidade: confira as diferenças entre liraglutida, semaglutida e tirzepatida

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Canetas para obesidade: confira as diferenças entre liraglutida, semaglutida e tirzepatida

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O interesse por medicamentos para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2 cresceu após a chegada de novos produtos nos últimos anos. Em meio à repercussão, três composto se destacam: liraglutida, semaglutida e tirzepatida. Embora tenham objetivos iguais, os fármacos têm características próprias que podem influenciar a indicação, a eficácia e a rotina de uso.

As chamadas “canetas” estão mudando o tratamento da obesidade no mundo Foto: Ole/Adobe Stock

Tanto a liraglutida quanto a semaglutida imitam a ação natural do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). “Esse hormônio é produzido no intestino quando nos alimentamos. Ele vai ter duas ações: melhorar a secreção de insulina pelo pâncreas e promover saciedade. Mas ele só é produzido quando estamos nos alimentando”, explica Marcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“O hormônio age tanto no cérebro, diminuindo o apetite, quanto no estômago, retardando o esvaziamento. O GLP-1 é um dos responsáveis por aquela sensação de plenitude e satisfação no final das refeições”, continua.

Tempo de ação

Diferentemente do GLP-1 produzido pelo próprio corpo (endógeno), com a liraglutida, os efeitos no cérebro e no intestino duram várias horas. Segundo Cynthia Valério, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), o medicamento tem uma meia-vida de 13 horas.

A semaglutida age de forma parecida, mas tem uma permanência ainda maior, de até sete dias, além de ser mais potente.

Devido a essas diferenças, a liraglutida é de uso diário, enquanto a semaglutida é de uso semanal. A única exceção é o Rybelsus, semaglutida de uso oral que deve ser tomado diariamente.

E a Tirzepatida?

A tirzepatida, além de ser análoga ao GLP-1, também simula o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), outro hormônio intestinal. Por conta disso, tem um efeito mais potente sobre o metabolismo e o apetite

“Ele tem uma ação de reduzir a náusea, que é um efeito colateral frequente com esses remédios. Isso permite que a dosagem de GLP-1 seja maior. Então, o efeito da tirzepatida é maior do que o efeito dos outros medicamentos”, diz Mancini.

A tirzepatida é de uso semanal e tem uma estimativa de perda de peso que varia entre 15% e 22%. A semaglutida apresenta uma redução estimada de 10% a 15%, enquanto com a liraglutida a diminuição varia entre 5% e 8%.

‘Não há um tamanho único’

De acordo com Cynthia, que também é subcoordenadora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), vários critérios podem influenciar a escolha do medicamento. “A escolha do tratamento vai depender de fatores como faixa etária, composição corporal, status hormonal e presença de outras doenças.”

“Quando se fala de tratamento de diabetes e, especialmente, de obesidade, a máxima é que ‘um tamanho não serve para todos’. Ou seja, o tratamento é sempre individualizado. Também vai depender do histórico da pessoa, se ela já fez uso da medicação e como foi a resposta”, adiciona.

Outro ponto é o custo. O Mounjaro (tirzepatida), por exemplo, pode chegar a custar mais de R$ 1,7 mil. “É uma minoria de pacientes que consegue arcar com o custo desses remédios. Às vezes, o paciente fala ‘quero fazer o sacrifício de tomar por um mês’. Mas o tratamento é prolongado. É melhor ir para outros remédios. A sibutramina, por exemplo, custa R$ 50 no máximo”, pontua Mancini.

Efeitos colaterais

Os principais efeitos colaterais dos medicamentos estão relacionados a questões gastrointestinais. “Bem na fase de início do tratamento, e isso é de forma dose-dependente, os (efeitos) mais comuns são náuseas, estufamento no estômago, sensação de atraso na digestão e prisão de ventre”, destaca Cynthia.

“É importante ressaltar que todos esses efeitos são minimizados quando a titulação é feita. Ou seja, o aumento de dose de forma muito lenta. Por isso que é algo bem individual: a gente define a velocidade para cada paciente e, caso ele tenha uma pior adesão ao aspecto da dieta (comer grandes volumes de comida, ingerir alimentos mais gordurosos ou frituras), ele vai ter mais chance de efeitos colaterais.”

Mercado brasileiro

A liraglutida chegou ao Brasil em 2011, com o Victoza, indicado para o tratamento do diabetes tipo 2. Anos depois, em 2016, uma versão específica para o tratamento da obesidade foi lançada sob o nome de Saxenda.

“Por que dois nomes para o mesmo remédio? Porque a dose para tratar diabetes, o Victoza, vai até 1,8 mg. Já a dose para tratar a obesidade, o Saxenda, vai até 3 mg. A caneta do Saxenda permite aplicar uma dose maior, que é mais eficaz contra a obesidade”, detalha o médico do HC.

Nesta segunda-feira, 4, as primeiras canetas de produção nacional à base de liraglutida chegaram às farmácias do País. São dois produtos, o Olire (para obesidade) e o Lirux (para diabetes), com preços a partir de R$ 307,26. A produção foi possível após a queda das patentes, pertencentes à farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

A semaglutida também foi desenvolvida pela Novo Nordisk. A ideia foi sintetizar uma molécula que durasse mais tempo no corpo e fosse mais potente, assim o paciente poderia injetar o medicamento uma vez por semana, não todos os dias. O primeiro produto à base do composto foi o Ozempic, lançado no Brasil em 2019 e recomendado para tratar diabetes. Já o Wegovy, que chegou em 2024, é indicado para combater a obesidade.

Outro produto que usa a semaglutida como princípio ativo é o Rybelsus, que chegou ao mercado brasileiro em 2022 e é indicado para tratar diabetes. Até o momento, ele é a única opção de ingestão oral e deve ser tomado de forma diária.

A tirzepatida, desenvolvida pelo laboratório norte-americano Eli Lilly, só chegou ao País neste ano, com o Mounjaro, indicado tanto para o tratamento do diabetes tipo 2 quanto da obesidade.

Fonte: Externa

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