BRAIP ads_banner

Bondade tem poder curativo para a saúde e é contagiosa; saiba o que significa ser bondoso

CasaNotícias

Bondade tem poder curativo para a saúde e é contagiosa; saiba o que significa ser bondoso

Conheça alimentos que contribuem para o envelhecimento precoce da pele
Hospitais oferecem terapia à base de vapor de água que trata aumento da próstata em minutos
É possível ter uma morte bela, diz Ana Claudia Quintana Arantes

Todos os anos, Tyler VanderWeele escolhe um período de seis semanas para fazer coisas pelos outros – coisas que às vezes podem parecer um tanto inconvenientes. Suas boas ações são muitas e variadas: ele dá um presente inesperado a um amigo, convida alguém para tomar um café, reserva um tempo para ajudar um colega no trabalho ou leva o prato favorito de um parente para o almoço de domingo.

Esses exemplos são mais do que simples demonstrações aleatórias de generosidade – como a moda de pagar o café para o cliente que está atrás de você. Mas, sejam espontâneos ou premeditados, esses atos de gentileza fazem mais do que deixar todo mundo se sentindo bem: eles também podem fortalecer nossa saúde física e psicológica de maneiras surpreendentes.

“Temos evidências sólidas de que a gentileza está ligada a vários aspectos da saúde e do bem-estar”, diz VanderWeele. Ele é codiretor da Iniciativa sobre Saúde, Espiritualidade e Religião da Escola de Saúde Pública de Harvard e elaborou sua própria “estratégia de gentileza” com base nessas evidências. “Alguns estudos indicaram que ela pode melhorar a felicidade e a sensação de engajamento com a vida, reduzir os sintomas de ansiedade e aumentar a percepção de conexão social”.

“Se você é gentil com outra pessoa, gera um efeito de propagação: essa pessoa também passa a agir com mais bondade”, acrescenta VanderWeele. “A gentileza é profundamente contagiosa”.

Atos de bondade, como ajudar um idoso a subir escadas, podem representar benefícios à saúde física e mental de quem os pratica. Foto: pikselstock/Adobe Stock

Evidências crescentes

Talvez você pense que é uma pessoa muito gentil. Mas o que poderia demonstrar essa gentileza? A barra talvez seja mais alta do que você imagina.

“Uma pessoa genuinamente gentil está sempre procurando maneiras de contribuir para a vida dos outros”, diz VanderWeele. “Em todas as conversas, ela se pergunta o que pode dizer ou fazer de útil ou encorajador”.

Mas o que é gentileza, exatamente? Definida como característica de quem é amigável, generoso e atencioso, ou como um favor feito aos outros, “gentileza é tentar contribuir com algo bom ou positivo para outra pessoa, querer o bem para essa pessoa”, explica VanderWeele.

Antes considerada esotérica demais para ser estudada cientificamente, a gentileza se juntou a tópicos como perdão e gratidão como temas de pesquisa depois que o movimento da “psicologia positiva” promoveu uma mudança no final da década de 1990, deixando de se concentrar apenas nos problemas de saúde mental para examinar os efeitos de experiências, emoções e características positivas, observa VanderWeele.

É fácil ver como a gentileza nos beneficia psicologicamente, impulsionando o humor, a compaixão, a empatia e a autoestima. Um estudo internacional publicado online em agosto de 2024 pela Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology sugere que a gentileza também diminui o isolamento social e a solidão, que estão cada vez mais associados a uma série de efeitos negativos para a saúde.

Há cada vez mais pesquisas mostrando que nosso corpo também se beneficia com a gentileza, pois ela está associada à redução da pressão arterial e dos níveis do hormônio do estresse, o cortisol.

E o voluntariado, que tem a ver com a gentileza, está ligado a uma vida mais longa e mais ativa à medida que envelhecemos, ressalta VanderWeele. “De certa forma, o voluntariado é um compromisso de tentar fazer o bem para os outros”, diz ele.

Esforços concentrados

A consistência também parece ser importante. As evidências sugerem que concentrar os gestos de gentileza – como realizar cinco atos gentis em um único dia a cada semana durante seis semanas, como faz VanderWeele – aumenta o bem-estar de forma mais poderosa do que espalhar essas ações ao longo de uma semana.

Um estudo de 2019 reforçou essa ideia revelando que fazer ações gentis todos os dias durante sete dias pode aumentar a felicidade. O estudo, publicado no Journal of Social Psychology, contou com quase 700 pessoas (idade média de 37 anos, 88% mulheres).

Se você concentrar os atos de gentileza em períodos de tempo reduzidos, poderá sentir que a prática se torna mais instintiva, comenta VanderWeele. “Ela fica mais habitual e mais intencional”, diz ele. “O planejamento em si já molda o caráter da pessoa para se mover nessa direção. E há muito espaço para pensar de forma criativa”.

VanderWeele diz que deseja muito que a sociedade estruture as notícias e as redes sociais de forma a promover a gentileza, e não o contrário. “Acho que estamos piorando nesse aspecto”, diz ele. “Há evidências de que, quando testemunhamos essas dinâmicas, passamos a tratar os outros com mais hostilidade, não com bondade”.

A gentileza é inata ou é ensinada?

Se você foi escoteira, aprendeu a “fazer uma boa ação por dia” – lema cujo objetivo é cultivar o hábito da gentileza e da boa vontade para com o próximo. Mas algumas pessoas parecem não precisar de muito estímulo, enquanto outras simplesmente não tendem ao altruísmo, diz VanderWeele.

“Por natureza, somos criaturas sociais, e isso em geral nos predispõe à bondade”, analisa VanderWeele. “Também é verdade que a genética e o temperamento têm um papel importante, e algumas pessoas são mais propensas à gentileza do que outras”.

Para as pessoas que não são tão inclinadas, é possível se estimular a ter uma mentalidade diferente. Praticar atos de gentileza – mesmo que seu coração não esteja totalmente voltado para eles no começo – pode mudar você de fora para dentro, afirma VanderWeele. Se você se enquadra nessa categoria, ele sugere uma prática: escolher um dia por semana para fazer cinco coisas gentis, durante seis semanas seguidas.

“Não acho que faça sentido tentar desenvolver sentimentos gentis internamente e depois esperar para agir de acordo com esses sentimentos. É melhor começar com as ações e esperar que os sentimentos surjam”, aconselha VanderWeele.

“É mais desafiador para alguns, mas refletir sobre os momentos em que outras pessoas foram gentis com você pode gerar mais gentileza”, acrescenta ele. “Com o tempo, você pode se tornar uma pessoa mais gentil”.

Maneiras de fazer o bem

Pagar pelo pedido de café do próximo cliente é uma forma moderna de demonstrar gentileza. Mas não é difícil pensar em outros gestos modestos que também podem produzir efeitos de longo alcance. Por exemplo:

  • Elogiar as três primeiras pessoas que você vê no dia
  • Fazer pequenas tarefas domésticas para um vizinho
  • Passear com o cachorro de um amigo
  • Deixar uma gorjeta maior para um prestador de serviços
  • Mandar flores para alguém que está triste
  • Ir ao mercado para uma pessoa idosa
  • Ouvir um amigo ou colega que está tendo um dia ruim
  • Ajudar seu parceiro em uma tarefa doméstica chata
  • Doar para uma instituição de caridade
  • Deixar que alguém passe na sua frente na fila do supermercado
  • Oferecer seu assento no transporte coletivo para alguém que esteja em pé
  • Fazer voluntariado na sua comunidade

“Existem inúmeras maneiras de contribuir, algumas mais profundas do que outras”, observa VanderWeele. “O simples ato de sorrir ou segurar a porta aberta para alguém, ou talvez não reclamar quando você quer reclamar, são micro gentilezas que podem levar a uma sociedade mais saudável e próspera”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Fonte: Externa

BRAIP ads_banner