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Alexandre Herchcovitch: 30 anos de carreira com exposição de moda e além

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Alexandre Herchcovitch: 30 anos de carreira com exposição de moda e além

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Para celebrar seus 30 anos de carreira, Alexandre Herchcovitch escolheu quase 200 obras criadas durante toda sua trajetória como estilista para a exposição “Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda”, que abre para o público no sábado, 20, no Museu Judaico de São Paulo.

Fala-se em obras porque, como o próprio nome da mostra diz, não se tratam apenas de roupas, mas sim um vasto acervo de criações – incluindo calçados, acessórios, fotos, vídeos, esculturas e trilhas sonoras – que além de marcar sua bem-sucedida carreira no universo fashion, também o consagrou como um dos criadores mais importantes do Brasil, fazendo sua moda ser reconhecida internacionalmente e virando um instrumento de manifesto e questionamento dos padrões de gênero e de representatividade. “Sempre sonhei com este momento”, diz Herchcovitch.

A escolha por Maurício Ianês para a curadoria da exposição também não foi à toa. Há exatos 30 anos trabalhando com o criador, desde seu famoso desfile de formatura na Faculdade Santa Marcelina, em 1993, o stylist o conhece como ninguém. “Foram quatro meses garimpando peças que contam realmente a história dele. Porque nem tudo está no acervo, muitas delas consegui com amigas e clientes”, conta Ianês.

Entre elas, um modelo branco desse primeiro desfile e um vestido de noiva, não comercializado, que foi feito exclusivamente para uma amiga, dona de ambas as peças. Outros dois modelos raros são de um material fluorescente, desenvolvido especialmente para uma coleção do estilista. “Ficamos felizes em conseguir porque são peças que não existem mais”, pontua o curador.

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Entre os mais de 40 looks, destaque ainda para o macacão de poliamida criado para o DJ Johnny Luxo em 1993, peças feitas de látex, uma bolsa com o formato da personagem infantil Hello Kit, uma escultura de um sapato de saltos altíssimos e a reedição, feita exclusivamente para a exposição, de 5 looks da coleção de inverno 2012, inspirada nas vestes de judeus religiosos.

Já as caveiras, amplamente associadas ao trabalho de Herchcovitch, têm uma presença bastante tímida, aparecendo apenas em um quadrinho com seu desenho original de 1986 e nas etiquetas de algumas peças. Vale ressaltar ainda que a mostra retrata o senso de subversão e inclusão que sempre permeou o universo contestador do estilista contra os preconceitos e limites desse mercado.

Além da moda

Filho de imigrantes judeus de segunda geração, Alexandre Herchcovitch descobriu cedo sua paixão por moda, graças à mãe Regina Herchcovitch, que dona de uma confecção de lingeries, foi musa de suas primeiras criações. Em 1896, ainda adolescente, desenhou uma caveira, inspirada em imagens de livros de anatomia, que virou sua primeira logomarca e a estampa mais emblemática de sua criação.

“Estou bastante feliz em poder mostrar parte do meu acervo e de minhas ideias ao grande público”, afirma Herchcovitch, que durante esse tempo, participou das principais semanas de moda de São Paulo, Rio de Janeiro, Londres, Paris e Nova York; e vestiu personalidades como a estrela islandesa Björk e a atriz estadunidense Scarlett Johansson, além de grandes modelos como Gisele Bündchen, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares, ícones da moda internacional nos anos 1990 e 2000.

Em 2016, vendeu a marca que leva seu nome para o grupo InBrands. “Eu vendi a marca, mas não vendi o meu cérebro, não vendi a minha inteligência. Existem coisas que permanecem na pessoa. Continuei sendo estilista, só que sem o uso daquela marca”, disse, em entrevista a VEJA.  No ano passado, no entanto, ele retomou a grife que fundou e agora é merecidamente festejada na exposição do talentoso criador. “Acho que sou o primeiro caso de um estilista a voltar para a própria marca depois de a ter vendido no Brasil. Isso tem uma força grande.”

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Além da moda, Herchovitch fez história como uma figura importante da efervescente noite paulistana na década de 1990, muito próximo aos personagens que compunham a cena da música eletrônica daquele período. Era evidente o fascínio do estilista pelas performances das drag queens e pela subversão dos gêneros padrões. “Essas parcerias e universos foram centrais para Herchcovitch, e a exposição é uma celebração desse caleidoscópio mutante que é a cabeça do criador”, explica Ianês.

Mesmo assim, Herchcovitch nunca deixou de olhar por sua família e prezar pela origem judaica. Tanto que na mostra, aborda como a estética das mulheres judias religiosas da Europa Central e do Leste e as roupas dos Haredim (judeus ultraortodoxos) se misturaram a macacões sadomasoquistas, sapatos de saltos altíssimos, roupas de látex, vestidos de cetim de seda desconstruídos, lingeries, babados inspirados por Carmen Miranda, burkas e biquínis em suas criações. em suma, uma bela exposição, interessantíssima para quem gosta de moda.

Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda (Simone Blanes/VEJA)

 

Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda
Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda (Simone Blanes/VEJA)

 

Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda
Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda (Simone Blanes/VEJA)

 

Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda
Exposição Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda (Simone Blanes/VEJA)

 

Fonte: Externa

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