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Tempo de espera por transplante de córnea dobra nos últimos 10 anos no Brasil

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Tempo de espera por transplante de córnea dobra nos últimos 10 anos no Brasil

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O tempo de espera por transplante de córnea no Brasil dobrou nos últimos 10 anos, de acordo com dados apresentados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) durante o o 69º Congresso Brasileiro da especialidade, realizado entre os dias 26 e 30 de setembro, em Curitiba.

Em 2024, os pacientes aguardaram, em média, 374 dias para realizar o procedimento. Em 2015, o tempo de espera era de 174 dias. A tendência é de que esse intervalo aumente ainda mais. Nos primeiros seis meses de 2025, o indicador ficou na casa dos 369 dias.

De acordo com o oftalmologista José Álvaro Pereira Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Córnea (SBC), diversos fatores podem explicar esse cenário. Um deles é a pandemia de covid-19. “Nos primeiros seis meses da pandemia, nós tivemos praticamente a diminuição abrupta de quase 100% dos transplantes, porque as cirurgias não eram permitidas. Isso impactou o sistema do mundo inteiro e gerou o aumento das filas de espera”.

“Depois da pandemia, os transplantes e a captação de córnea retornaram, mas não na mesma velocidade de antes. Houve um aumento progressivo no pós-pandemia, mas que não conseguiu chegar na redução das filas”, acrescenta.

Outro ponto destacado pelo médico é o aumento das exigências nas etapas de produção e processamento da córnea, como a obrigatoriedade de gestão de qualidade. Segundo ele, esses fatores, juntos, geram um desequilíbrio financeiro para o banco de olhos, que continua recebendo o mesmo valor de uma década atrás, quando a legislação era menos rigorosa.

Em alguns Estados, a espera ultrapassa os 1000 dias

O Rio de Janeiro é o Estado com a pior situação. Em 2024, a fila chegou a 1.424 dias de espera. No Acre, em Alagoas e no Rio Grande do Norte a espera ultrapassa os 1000 dias. Em outros Estados, o desempenho foi bem melhor. No Ceará o tempo de espera foi de apenas 58 dias, seguido por Santa Catarina, com 164, e Mato Grosso, com 227.

“Essa diferença está mais ligada à questão de organização, já que o sistema é manejado de forma estadual. No caso do Rio de Janeiro, infelizmente, a situação não é favorável no momento. A fila de espera está muito acima do esperado, embora eles tenham recursos para resolver o problema”, cita Gomes.

Em São Paulo, a demora foi de 247 dias. “São Paulo tem uma característica muito particular: é o Estado que mais faz captação e preservação de córneas e ainda tem uma fila de espera grande. Mas há uma boa rotatividade, porque consegue ter organização e logística. Acredito que, em poucos meses, vai conseguir chegar em uma situação adequada”, pontua o presidente da SBC.

Mulheres são maioria na fila de espera

As mulheres são 55,7% dos pacientes na fila por um transplante de córnea. Quanto à idade, pessoas com 65 anos ou mais correspondem a 47% da fila. Segundo o CBO, isso é reflexo do envelhecimento da população e do aumento das doenças degenerativas da córnea.

A população mais jovem, no entanto, também representa uma parcela significativa dos pacientes: 17% têm entre 18 e 34 anos. Nesse grupo, o ceratocone, doença que compromete a estrutura da córnea, é o principal motivo de presença na fila. Além disso, 458 crianças e adolescentes aguardam o procedimento.

Expectativa de normalização

Gomes destaca que, “embora a fila tenha crescido muito durante a pandemia e ainda não tenha sido totalmente reduzida, já é possível perceber uma retomada (nos transplantes)”.

“E, com o aumento recente de repasses (do SUS para bancos de olhos) e das ações que estamos implementando, existe uma expectativa positiva de recuperar os índices e, inclusive, superá-los”, acrescenta.

Entre janeiro de 2015 e julho de 2025, foram realizados 150.376 transplantes de córnea, desempenho que é considerado positivo pelo CBO.

São Paulo surge em primeiro lugar no ranking, com 52.913 procedimentos. É uma quantidade cinco vezes maior que a do Ceará, o segundo colocado, com 10.706 transplantes. Outros destaques são: Minas Gerais (10.397), Paraná (9.726), Rio Grande do Sul (6.895) e Goiás (6.533). Por outro lado, foi observado um baixo desempenho no Acre (212), no Tocantins (451) e em Alagoas (866).

Fonte: Externa

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