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Morre Arlindo Cruz, ex-Fundo de Quintal, um dos maiores sambistas do país | Eu &

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Morre Arlindo Cruz, ex-Fundo de Quintal, um dos maiores sambistas do país | Eu &

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Respeitado pelos colegas e admirado pelo público, o sambista Arlindo Cruz vivia um dos pontos altos de sua carreira quando, em 17 de março de 2017, sofreu um acidente vascular cerebral. Sobreviveu, mas com sequelas graves. Nunca mais andou, falou, muito menos compôs e cantou. Sua jornada se encerrou nesta sexta-feira (8), aos 66 anos. A informação foi confirmada por sua mulher, Babi Cruz.

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu em 14 de setembro de 1958, em Rio de Janeiro, e cresceu cercado pela música. Aos sete anos, ganhou um cavaquinho do pai, que o ensinou a tocar. Na adolescência, aprendeu violão e teoria musical.

Estudou na Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica, mas seu caminho era o samba. Aos 17, tocou cavaquinho no disco “Roda de Samba”, de Candeia, amigo de seu pai e seu ídolo.

No final dos anos 1970, descobriu as rodas do bloco Cacique de Ramos, na zona Norte do Rio. Logo se destacou como instrumentista e compositor, tendo músicas gravadas por Beth Carvalho, Alcione e outros intérpretes renomados. Foi expoente daquela geração que revigorou o samba -e que foi encaixotada no rótulo “pagode”.

Entrou para o Fundo de Quintal em 1981. Assumiu o banjo que cabia antes a Almir Guineto, seu mestre no instrumento e nas improvisações do partido-alto.

Foram 12 anos no conjunto, período em que se tornou uma figura conhecida, um músico requisitado para tocar em CDs de outros grupos -poucos dominavam o banjo como ele- e um compositor cobiçado.

Fez dupla com Sombrinha, também ex-integrante do Fundo de Quintal, com quem gravou cinco discos de 1996 a 2002.

Mas o vício em cocaína passou a atrapalhar o desempenho de Arlindo. Em 2003, ele parecia fadado à decadência. Sua voz estava muito comprometida, e o CD “Pagode do Arlindo”, lançado naquele ano, foi considerado precário em termos técnicos.

Mas o artista nunca deixou de compor compulsivamente -segundo suas próprias contas, são mais de 550 músicas gravadas. Foi sua capacidade de trabalho e seu talento que lhe permitiram dar a volta por cima.

O marco da virada foi o disco “Sambista Perfeito”, de 2007. A faixa de abertura, “Meu Lugar”, parceria com Mauro Diniz, virou uma febre nacional. Confirmou que falar da própria aldeia -o bairro de Madureira, na zona Norte do Rio- pode ser a forma mais global de comunicação.

Depois vieram as aparições frequentes na TV Globo -no programa “Esquenta!”, de Regina Casé, e compondo músicas por encomenda-, um “MTV ao Vivo” duplo, um DVD gravado na praça da Apoteose e a consolidação como um artista de ponta.

Tudo isso sem imagem de galã e sem largar de todo a boemia e as drogas. Entre seus fãs, parceiros e intérpretes estão Caetano Veloso, Maria Rita, Marcelo D2 e Seu Jorge, além de qualquer grupo de pagode e artistas para quem deu apoios fundamentais, como Leandro Sapucahy, Rogê e outros.

Entre seus amigos, Zeca Pagodinho sempre foi considerado um irmão. A dupla era chamada de “o gordo e o magro” na juventude, pois eles estavam sempre juntos. Compuseram, às vezes junto de outros parceiros, sucessos como “Camarão que Dorme a Onda Leva”, “Bagaço da Laranja”, “SPC” e “Alto Lá”.

A assinatura de Arlindo está em mais sambas célebres -“Casal sem Vergonha”, “Só pra Contrariar”, “Seja Sambista Também”, “O Show Tem que Continuar” e “Tá Perdoado”.

Também nunca deixou as escolas de samba. Compunha quase todo ano para o seu Império Serrano -que desfilou com sambas seus e de parceiros em 12 carnavais- e participou de disputas em outras agremiações, como Acadêmicos do Grande Rio e Unidos de Vila Isabel.

Parte da obra de Arlindo já está no inconsciente coletivo. Ele sempre quis fazer música popular, sem medo de patrulhas quando criava canções mais melosas, comerciais. Apesar dos problemas de saúde que o retiraram cedo de cena, ele teve tempo para se firmar como um “sambista perfeito”.

Nos anos que se sucederam ao seu AVC, suas pequenas conquistas eram exibidas nas redes sociais, sobretudo por sua mulher, Bárbara, a Babi. Passou por diversas internações e mais de uma dezena de cirurgias, mas segundo Babi reagia ao ouvir música e chegava a balbuciar algumas palavras.

Ele deixa os filhos Arlindo Neto, cantor conhecido como Arlindinho, e Flora, do casamento com Babi, além de Kauan Felipe, de outro relacionamento.

Fonte: Externa

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