A postura desafiadora da China em relação à política tarifária de Donald Trump teria convencido alguns países a adotarem uma posição mais firme em suas próprias negociações com os Estados Unidos.
A negociação na Suíça deixou claro para alguns que Trump teria começado a perceber que exagerou em sua postura.
Mantidas por ora em 10%, as tarifas mais altas entrarão em vigor a menos que acordos sejam assinados ou adiamentos sejam concedidos antes do fim da suspensão de 90 dias.
Enquanto isso, alguns países maiores estão percebendo que possuem mais cartas na manga do que imaginavam e podem se dar ao luxo de desacelerar as negociações.
O próprio Trump indicou na semana passada — próximo da metade da trégua de 90 dias — que não há tempo para fechar acordos com cerca de 150 países aguardando na fila. Assim, os EUA podem aplicar unilateralmente as tarifas mais altas nas próximas duas a três semanas.
O Japão, que estaria entre o grupo “prioritário” para negociações, e que espera fechar um acordo neste mês de junho, estaria começando a reconsiderar. Tóquio vem cogitando a ideia de levar mais tempo para negociar ao invés de fazer grandes concessões para encerrar rapidamente as tratativas.
Autoridades da União Europeia (UE) viram o anúncio da trégua tarifária EUA-China como limitado em vários aspectos, incluindo a manutenção de tarifas em um patamar elevado, segundo fontes internas.
Os ganhos modestos para os EUA nas negociações e a falta de um objetivo claro durante a suspensão de 90 dias mostram como é limitada a disposição de Trump em continuar aumentando a pressão sobre Pequim, disseram essas fontes.
Na América Latina, onde as economias em desenvolvimento querem preservar tanto os investimentos chineses quanto o acesso ao mercado dos EUA, os líderes tentam equilibrar cuidadosamente a situação à medida que os dois gigantes se enfrentam.
